BoJ resistente, inflação na Europa, Lula se reúne com sindicatos e o que mais move o mercado
Banco do Japão mantém inalterados controle da curva e taxa de juros, apesar de pressão por aperto monetário diante de inflação em alta
Guilherme Guilherme
Publicado em 18 de janeiro de 2023 às 07h59.
Última atualização em 18 de janeiro de 2023 às 10h07.
O Banco do Japão ( BoJ, na sigla em inglês) manteve suas taxas de juros inalteradas em decisão da madrugada desta quarta-feira, 18, resistindo às pressões do mercado para que iniciasse um aperto monetário. Na decisão anterior, o BoJ havia aumentado a banda para o rendimento dos títulos de 10 anos do Japão de mais ou menos 0,25% para 0,5%. Só que a banda foi estourada no início do ano, chegando à máxima de 0,553% na sexta-feira, 13. A expansão da banda, disse o BoJ na época, não era para ser entendida como um sinal de aperto monetário.
Embora as declarações anteriores tenham suscitado dúvidas no mercado, o BoJ manteve a palavra, deixando intacta a banda do rendimento dos títulos de 10 anos, que desabou para próximo de 0,42% após a decisão. Assim como a banda, a taxa de juro de curto prazo permaneceu inalterada, negativa em 0,1%. Os efeitos da postura expansionista do BoJ chegaram à bolsa de Tóquio, que subiu 2,5%, em sua maior alta desde novembro. Por outro lado, os efeitos foram negativos sobre o iene, que é negociado em queda frente ao dólar, refletindo o menor rendimento dos títulos japoneses.
Apesar da decisão, ainda há incertezas sobre até quando o BoJ irá resistir. Isso porque o Japão, que era conhecido por sua economia deflacionária, tem vivido outros tempos. O último Índice de Preço ao Consumidor (IPC) Japão, referente a novembro, fechou positivo em 3,8% na comparação anual. Ainda que baixo em relação a outras economias, a inflação japonesa foi a mais alta em mais de 30 anos. As expectativas, agora, estarão para o IPC japonês de dezembro, que será divulgado na madrugada desta sexta-feira, 19.
Inflação mais baixa na Europa
Enquanto a inflação do Japão segue acelerando, na Europa, os sinais são de desaceleração. A inflação de dezembro, que já havia surpreendido para baixo em sua primeira medição, foi revisada para um patamar ainda menor nesta quarta. O IPC da Zona do Euro não foi de 0,3% negativo em dezembro, mas de 0,4%, corrigiram os economistas.
Cautela no Ocidente
Apesar dos números positivos na economia ocidental, o tom é de cautela nas bolsas de valores. Índices de ações da Europa e Estados Unidos iniciaram esta quarta sem uma direção definida, tendo no radar incertezas sobre a política monetária do Fed e sinais negativos de balanços de bancos americanos do quarto trimestre. No último pregão, o Dow Jones caiu mais de 1%, tendo como pano de fundo o fraco resultado apresentado pelo Goldman Sachs .
Além de ter apresentado receita e lucro abaixo da expectativa do mercado, o banco ainda triplicou em relação ao mesmo período do ano passado sua provisão contra perda de crédito -- em um sinal de que períodos desafiadores se aproximam da economia americana. As ações do banco fecharam em queda de 6,44%.
Discursos do Fed
Investidores ainda se dividem entre os cenários de uma leve recessão, com o Federal Reserve mais brando, e outro de uma contração mais dura. O consenso é de que a economia dos Estados Unidos deverá enfraquecer neste ano. O quão mais fraca vai depender do Fed, que vem dando sinais de manterá suas taxas de juros elevadas por mais tempo, podendo, inclusive, superar 5%. Pistas do que o Fed está pensando poderão ser dadas em discursos de seus membros James Bullard, Raphael Bostic e Patrick Harker desta quarta.
Desempenho dos indicadores às 8h (de Brasília):
- Dow Jones futuro (Nova York): + 0,04%
- S&P 500 futuro (Nova York): + 0,12%
- Nasdaq futuro (Nova York): + 0,14%
- FTSE 100 (Londres): + 0,14%
- DAX (Frankfurt): + 0,06%
- CAC 40 (Paris): + 0,18%
- Hang Seng (Hong Kong)*: + 0,47%
Lula e sindicalistas debatem salário mínimo
No Brasil, é para o fiscal que o investidores têm olhado para prever o quão alta será a taxa de juros do país. E qualquer sinal de pressão de custos tem feito preço. Nesta quarta, as atenções devem estar com a discussão do aumento do salário mínimo entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e líderes sindicais. Rumores de que o salário mínimo poderia ser superior a R$ 1.302 chegaram a pressionar a bolsa brasileira para baixo no início da semana. Centrais sindicais defendem um aumento para R$ 1.342.