BNDES venderá até 20% de suas ações da Petrobras para pessoas físicas
Venda de participação na Petrobras faz parte de nova política de venda de investimentos do banco
Estadão Conteúdo
Publicado em 27 de janeiro de 2020 às 14h00.
Última atualização em 27 de janeiro de 2020 às 14h14.
A Petrobras afirmou ao jornalO Estado de S. Paulo que pelo menos entre 10% e no máximo 20% das ações serão destinadas a investidores de varejo. O início das negociações, no mercado secundário, está previsto para 7 de fevereiro.
O coordenador do laboratório de finanças do Insper, Michel Viriato, diz que a decisão de compra do investidor pessoa física não deve estar ancorada simplesmente na oferta do BNDES. "Essas grandes ofertas fazem diferença para investidores institucionais. Nesse caso, eles têm a oportunidade de comprar uma grande quantidade de ações de uma só vez."
Para o investidor pessoa física, não é garantido que a oferta trará melhores condições de compra. "Não há nem como dizer se as ações ficarão mais baratas ou mais caras antes da oferta", explica.
Segundo Viriato, a destinação de 10% a 20% das ações para o varejo acontece porque raramente os investidores comuns absorvem mais do que essa porcentagem das ações.
Nos últimos 12 meses, em meio a muitas variações, a ação ordinária da Petrobras (PETR3) acumulou alta de 7,11%, fechando a última sexta-feira, 24, cotada a R$ 31,11. Em agosto de 2019, ela chegou a seu menor preço: R$ 28,24.
No dia 16 daquele mês, a estatal anunciou o primeiro corte no preço da gasolina nas refinarias no ano e recebeu duas propostas pela Liquigás, que acabou sendo vendida por R$ 3,7 bilhões para o consórcio formado entre Copagaz, Itaúsa (holding de investimentos do Itaú Unibanco) e Nacional Gás.
A cotação diária mais alta do ano (R$ 33,28) foi em 7 de novembro, com a movimentação causada pelo leilão do pré-sal.
Na visão de Michel Viriato, é justamente dessa volatilidade que o investidor deve estar ciente ao avaliar a compra desse tipo de ação. "Tem bastante variação por se tratar de uma companhia ligada a uma commodity como o petróleo", diz.
Novidade
O professor de finanças da Fundação Getulio Vargas e colunista doEstado Fábio Gallo afirma que o fato de a estatal estar cada vez menos ligada à ideia de corrupção e aos escândalos enfrentados em anos anteriores pode ter impacto positivo no mercado.
O processo de desinvestimento do BNDES, segundo o próprio presidente do banco, Gustavo Montezano, afirmou em Davos, no Fórum Econômico Mundial, deve continuar. "Isso, porém, diz mais sobre o BNDES do que sobre a Petrobras. É positivo para o banco porque ele volta ao seu papel principal: o de desenvolvimento", complementa Viriato.