Bitcoin: era negociado a 5.364,92 dólares por volta de meio-dia (Foto/Reuters)
Da Redação
Publicado em 13 de março de 2020 às 12h54.
Última atualização em 13 de março de 2020 às 16h51.
São Paulo - Apesar de o bitcoin ter chegado a subir 20% nesta sexta-feira (13), a criptomoeda inverteu o movimento e, por volta de 16h30, caía 16,07% para 5.107,82 dólares. Com essa queda, acumula até o momento perda de 36% na semana, de acordo com dados da Coindesk.
Esse percentual elevado reflete principalmente a queda de ontem, quando o bitcoin sofreu a pior perda diária em quase sete anos pelo pânico em torno da disseminação da pandemia de coronavírus. "Muitas pessoas resgataram para fazer caixa", afirma Safiri Félix, diretor-executivo da Associação Brasileira de Criptoeconomia.
Mas não apenas. O executivo explica que, no momento que o bitcoin encostou em 6.000 dólares, o gatilho de venda de inúmeros investidores foi acionado. O problema é que muitos deles operam alavancados, em até 100 vezes. Isso somado à pouca demanda naquele momento por bitcoin fez com que o preço da criptomoeda desabasse em alguns minutos para 4.000 dólares. Ao que tudo indica, foi o que aconteceu com clientes alavancados ontem da corretora brasileira Atlas Quantum. Procurada, a empresa ainda não se pronunciou.
"Mas com a mesma rapidez que o bitcoin cai ele pode voltar a subir", conta Félix. "O ponto é que todos os ativos de risco estão sofrendo nesse momento com o avanço do coronavírus. Não dá para dizer que o bitcoin é um porto seguro."
Fabrício Tota, diretor de mercados do Mercado Bitcoin, lembra que a criptomoeda foi criada para ser uma solução de pagamento, depois foi vista como reserva de valor e mais recentemente como um ativo não-correlacionado. "Nenhuma dessas teses foi totalmente invalidada, e hoje funciona como um ponto de diversificação de portfólio de investimentos", diz.
De fato, ao analisar o comportamento do bitcoin em reais, o que se vê é uma queda no ano de 9,86% ante um recuo de 27% do principal índice da bolsa, Ibovespa. "É claro que muito disso é por causa do dólar", lembra Tota.
Para Tota, o momento é de rever carteira de investimentos. "No momento de euforia com a Bolsa, víamos pessoas falando que a era da renda fixa tinha chegado ao fim. Isso mostra que é importante ter uma carteira diversa."
Félix concorda. "É hora de aprofundar os conhecimentos sobre as criptomoedas e analisar como elas se comportam em diferentes cenários. O bitcoin, por exemplo, tende a se beneficiar quando há choque no câmbio."
Em meio a esse cenário de vendas generalizadas, a Binance, uma das maiores corretoras (exchange) do mundo, chegou a impedir que os clientes sacassem a criptomoeda ether (ETH) da plataforma.
Antes de liberar a operação, anunciou que ia dobrar a taxa de saque, provocando revolta nos investidores. "Para facilitar os saques de ETH nesse período de congestionamento de rede, estamos fazendo esse ajuste temporariamente", anunciou a corretora.
Procurada, a empresa não retornou ainda o contato da EXAME.