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BC faz leilões de swap reverso, mas dólar fecha em queda

No mercado doméstico, o dólar à vista fechou a R$ 2,013 no balcão, com queda de 0,40%


	Notas de dólar: as intervenções do BC não conseguiram levar a moeda para o terreno positivo, mas retiraram a divisa da mínima testada no fim da manhã.
 (Hugh Pinney/Getty Images)

Notas de dólar: as intervenções do BC não conseguiram levar a moeda para o terreno positivo, mas retiraram a divisa da mínima testada no fim da manhã. (Hugh Pinney/Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 14 de setembro de 2012 às 17h29.

São Paulo - O dólar manteve-se em queda nesta sexta-feira, acompanhando a tendência predominante no exterior, influenciado pelo otimismo que se seguiu do anúncio da terceira rodada de relaxamento quantitativo pelo Federal Reserve na quinta-feira. Com pouco menos de uma hora da abertura no mercado de balcão, o BC anunciou o primeiro leilão de swap reverso do dia. O segundo anúncio viria pouco antes das 12h30, depois de o dólar renovar a mínima do dia, de R$ 2,007, com queda de 0,69%. As intervenções do BC não conseguiram levar a moeda para o terreno positivo, mas retiraram a divisa da mínima testada no fim da manhã.

A percepção de operadores é de que sem as intervenções do BC, buscando não deixar o dólar rumar abaixo de R$ 2,00, a moeda teria "derretido". De fato, as moedas de economias emergentes mostram apreciação acentuada desde a confirmação do QE3. Nesta sexta-feira, por exemplo, o peso mexicano teve valorização em torno de 1%, enquanto a rupia subiu quase 2% ante o dólar. O dólar australiano bateu o maior nível em quatro semanas ante o dólar norte-americano, enquanto outras moedas de elevada correlação com os preços das commodities apresentaram movimento divergente, em face da forte reação de apreciação registrada na quinta-feira.

No mercado doméstico, o dólar à vista fechou a R$ 2,013 no balcão, com queda de 0,40%, marcando o menor valor da moeda desde 02/07/2012. Na semana e no mês, o recuo do dólar no balcão é de 0,84%, enquanto a moeda apresenta alta de 7,70% em 2012. Na máxima, a moeda chegou a R$ 2,020 (-0,05%) e bateu R$ 2,007 na mínima. Na BM&F, a moeda spot fechou em R$ 2,0125, com recuo de 0,35% e quatro negócios (dado preliminar). O giro financeiro somava US$ 1,859 bilhão (US$ 1,764 bilhão em D+2) perto das 16h30. No mesmo horário, o dólar para outubro de 2012 estava cotado R$ 2,0175 (-0,49%).


Depois da divulgação do resultado do segundo leilão do dia, o declínio do dólar voltou a ter aprofundamento. Pouco antes da divulgação do resultado, o dólar marcava queda de 0,15%, cotado a R$ 2,0180. Cerca de 20 minutos depois, o declínio do dólar era de 0,35%, a R$ 2,0140 e se ampliava para uma queda de 0,45%, a R$ 2,012, cerca de uma hora depois daquele resultado. "Todo mundo só estava esperando o resultado do leilão para bater no dólar. A tendência mundial é de declínio do dólar, e, se não houvesse as intervenções, o dólar teria derretido", disse um experiente operador.

Diante da confirmação do QE3 nos EUA, e antes disso o programa de compra de bônus soberanos pelo Banco Central Europeu (BCE), há instituições internacionais reduzindo o posicionamento de cautela em relação aos ativos de emergentes, uma vez que as decisões dos BCs reduzem as chances de colapsos nas economias envolvidas. Tais decisões aumentam o otimismo dos investidores, enfraquecendo o dólar em escala mundial, e levam estrategistas no mercado brasileiro a esperar continuidade dos swaps reversos, eventual atuação no mercado à vista, quando o fluxo diário exigir, e, se o declínio do dólar persistir, há a expectativa de adoção de medidas mais heterodoxas, como alteração no IOF.

Nesta sexta-feira o ministro da Fazenda, Guido Mantega, também reafirmou que a política cambial com o dólar a R$ 2,00 aumenta a competitividade brasileira, principalmente do setor industrial. Os sinais de recuperação da economia brasileira também contribuem para apreciação do real ante o dólar, por indicarem ampliação do diferencial de crescimento entre o País e as economias avançadas. O diferencial de juros também trabalha em favor da valorização do real, uma vez que a taxa Selic, observa um estrategista, continua elevada quando comparada com os juros das economias centrais.

O BC realizou dois leilões de swap cambial reverso, operação equivalente à compra de dólares no mercado futuro. No primeiro leilão, os contratos vendidos pelo BC para 01/10/2012 somaram US$ 1,229 bilhão e os contratos para 01/11/2012 totalizaram US$ 554,4 milhões. No segundo leilão de swap reverso, os contratos vendidos para 01/11/2012 totalizaram US$ 110,2 milhões, enquanto a operação para 03/12/2012 somou US$ 260,4 milhões.

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