Notas de dólar: moeda chegou a cair hoje mais de 1% após leilões do Banco Central (Getty Images)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2012 às 13h04.
São Paulo - O dólar registrava forte queda ante o real nesta segunda-feira, com o Banco Central fazendo dois leilões de swap cambial tradicional pela manhã depois da rápida valorização da moeda norte-americana na semana passada, que chegou ao patamar de 2,13 reais.
Na avaliação do mercado, a atuação da autoridade monetária não anula as interpretações de que está havendo um deslocamento do teto informal de 2,10 reais para cima, mas evidencia a preocupação do BC com a velocidade da apreciação da divisa.
Às 12h57, o dólar caía 0,58 por cento, para 2,1183 reais na venda. Segundo dados da BM&F, o volume negociado estava em torno de 1,159 bilhão de dólares.
"Nossa moeda se depreciou muito na semana passada inteira, principalmente na sexta. Era esperado que ele (BC) entrasse hoje", afirmou um operador de um banco nacional, em condição de anonimato.
O BC anunciou o primeiro leilão de swap cambial tradicional --equivalente a uma venda de dólares no mercado futuro-- quando o dólar estava perto da estabilidade, cerca de meia hora depois do início dos negócios. A operação, que colocou no mercado 21.800 contratos da oferta total de até 40 mil contratos com vencimento em 2 de janeiro de 2013 -- puxou imediatamente a cotação para baixo.
"O nível (do dólar) já estava bem alto. Ao longo da semana passada a velocidade com que o real se depreciou foi muito grande", afirmou o operador do Banco Daycoval Luiz Fernando Gênova. "O BC não quer movimentos tão rápidos", completou.
O dólar abriu o pregão desta segunda-feira subindo, atingindo a máxima de 2,1395 reais logo na abertura, com o movimento somando-se ao ganho acumulado de 2,34 por cento da semana passada.
Pouco depois, o BC anunciou mais um leilão de swap tradicional com a mesma data, ampliando a queda do dólar ainda mais. Desta vez, a autoridade monetária vendeu a oferta total de 20 mil contratos.
Os dois leilões desta segunda-feira tiveram o objetivo de substituir os 37.500 contratos de swap cambial reverso --operação que equivale a uma compra de dólares no mercado futuro--, que também vencem no dia 2 de janeiro, apliando ainda mais a liquidez nos mercados.
O BC já havia feito uma operação similar há duas semanas, quando substituiu parcialmente contratos de reverso por tradicionais que vencem nesta segunda-feira. Com tais intervenções, o BC devolve liquidez ao mercado, o que tende a puxar a cotação do dólar para baixo.
Na ampla visão do mercado, prevalece a interpretação de que o governo quer o dólar mais valorizado numa tentativa de aumentar a competitividade dos produtos brasileiros no exterior. Mas analistas afirmam que ainda é cedo para definir um patamar específico.
"Pela atuação do BC, dá a entender que esse câmbio a 2,10 reais seria um patamar confortável, para dar mais força para as exportações, mas sem pressionar a inflação", afirmou o operador do banco nacional.
O consultor de pesquisas econômicas do Banco de Tokyo-Mitsubishi Mauricio Nakahodo acredita que a atuação do BC evidencia, principalmente, a preocupação com a volatilidade do mercado, mas vê espaço para o dólar mais perto de 2,15 reais.
"O BC atuou quando o dólar estava perto de 2,14 reais. Ele pode ter atuado para não deixar se aproximar muito daqueles 2,15 reais que o mercado tem falado ser um possível novo teto", disse.
O dólar foi negociado por vários meses dentro de uma banda informal de 2 a 2,10 reais, embora tenha ficado por volta de 2,02 e 2,03 reais por boa parte do período entre julho e outubro deste ano.