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Barclays vê perigo em avanço do governo na Petrobras e rebaixa ações da estatal

Risco político pode sufocar retornos dos minoritários, diz banco de investimentos

Barclays argumenta que papel de destaque da estatal nos planos de governo deve diminuir os retornos para minoritparios (.)
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Da Redação

Publicado em 6 de outubro de 2010 às 13h25.

São Paulo - O banco de investimentos Barclays rebaixou nesta quarta-feira (6) a classificação dos papéis representativos das ações preferenciais (PETR4) da Petrobras de alocação acima da média do mercado (overweight) para alocação dentro da média do mercado (equalweight). A mudança, anunciada em relatório divulgado hoje, é acompanhada pela redução do preço-alvo dos papéis da estatal negociados em Nova York para os próximos doze meses de 39 dólares para 34 dólares.

Os papéis representativos das ações ordinárias da petrolífera (PETR3)  também receberam novo preço alvo, rebaixado de 40 dólares para 35 dólares. Sua classificação de desempenho dentro da média do mercado foi mantida.

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Avanço do Estado

Segundo os analistas, o recuo na avaliação da estatal reflete os efeitos da diluição dos acionistas após a capitalização da companhia. O banco argumenta que a requisição cada vez maior da petrolífera como braço do Estado, e seu protagonismo nos planos governamentais nas próximas administrações, devem impactar negativamente o retorno sobre o capital investido.

"Há uma mudança clara na visão do governo sobre a companhia, que deve ser cada vez mais requisitada como a maior ferramenta de desenvolvimento econômico e social nas próximas administrações. Por sua vez, provavelmente, isso vai levar a menores retornos futuros para os minoritários nos próximos anos”, expõem os analistas Paul Cheng, Cristina Cheng e Danielle Diamond.

O risco de queda nos retornos nos próximos anos aumenta com a possibilidade de decisões guiadas por interesses políticos, e não pela  racionalidade do mercado. Além disso, o banco apontou que prefere ações de outras companhias do setor de petróleo, como a Chevron, a Exxon, a Hess e a Murphy Oil.

Decisões políticas

Outro fator que deve derrubar os retornos de capital na empresa é a perspectiva de fortes investimentos em refinarias, diante da decisão de mudança de estratégia da estatal no refino de longo prazo, com a inclusão de 1,2 bilhão de barris por dia nos próximos dez anos.  “Ao invés de investir em refinarias estrangeiras simples, a companhia decidiu elevar sua capacidade dentro do País, embora o custo de se construir novas refinarias no Brasil seja significativamente maior do que lá fora”, argumentam os analistas.

Segundo a equipe, o volume total a ser despendido pela Petrobras na construção de novas refinarias no Brasil poderia exceder os US$ 150 bilhões dentro dos próximos 10 anos. Também há preocupação com os custos envolvidos nas obras.

Pouco antes da Barclays se manifestar, a Itaú Corretora também rebaixou a recomendação das ações preferenciais da Petrobras (PETR4) de outperform (desempenho acima da média do mercado) para market perform (desempenho em linha com a média do mercado). Para Paula Kovarsky, analista da Itaú Corretora, o aumento de capital gigantesco encareceu as ações da Petrobras comparada a seus pares internacionais, sendo negociada com prêmio de 34% em relação às principais petrolíferas.

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