Barclays vê dólar chegando a R$ 2,45 em 12 meses
Segundo o banco britânico, movimento de alta no Brasil tem sido mais intenso do que nos demais países emergentes
Da Redação
Publicado em 16 de agosto de 2013 às 17h33.
São Paulo - Para os analistas do banco britânico Barclays, o movimento de alta do dólar frente ao real não vai parar tão cedo. Em relatório enviado a clientes hoje, o banco afirmou que a cotação do dólar no mercado comercial brasileiro deve chegar a R$ 2,45 em 12 meses.
Segundo o Barclays, esse movimento de alta do dólar no Brasil tem sido mais intenso do que nos demais países emergentes. Desde o início do movimento de alta dos juros dos títulos do Tesouro dos EUA começou, em maio, o real já perdeu quase 15% em relação ao dólar. Enquanto isso, na maioria dos demais emergentes, a desvalorização não chegou a 10%.
Uma das razões para esse exagero, na visão do banco, tem sido a deterioração dos fundamentos da situação fiscal do Brasil, com a piora das contas, o aumento do déficit da conta corrente externa do país e “a falta de um programa consistente de longo prazo”, observam os analistas.
A demora em agir para enxugar os gastos e controlar a situação fiscal, de acordo com o Barclays, pode resultar até no rebaixamento da classificação de risco de crédito do Brasil, concedida por instituições como Standard&Poor’s, Fitch Ratings e a Moody’s, no primeiro semestre de 2014.
Toda essa situação, segundo o banco, traz ainda um agravante, que é o movimento de normalização da política monetária nos Estados Unidos. À medida que a economia americana melhora, os estímulos do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) ao crescimento econômico devem começar a diminuir.
Isso significa que o volume mensal de recompra de títulos públicos e privados por parte do Fed, que hoje é de US$ 85 bilhões, começará a ser reduzido. Ao mesmo tempo, a tendência é que o juro básico nos EUA volte a subir, à medida que a inflação for estabilizando e o mercado de trabalho der sinais consistentes de melhora.
Com a alta do juro básico no país, os títulos do Tesouro ficarão mais atrativos, favorecendo um fluxo de dólares de volta aos EUA. Os analistas do Barclays lembram que o movimento é natural – e inevitável –, e deve continuar provocando uma valorização do dólar frente a outras moedas.
Malabarismos fiscais e manifestações
Enquanto isso, o banco britânico afirma que, no Brasil, o governo não tem se preocupado com ajustes fiscais. Em vez disso, “continua relutante em reverter a atual política fiscal frouxa, e continua trabalhando em torno de mudanças na contabilidade para entregar a meta fiscal definida pela lei orçamentária”.
Além disso, a tensão social que eclodiu no Brasil com as manifestações populares contra o reajuste das tarifas de transporte público dificulta ainda mais as coisas para o governo, na visão do Barclays. “Com a proximidade das eleições, vemos que o governo continuará focado em como atender às demandas da população, e não necessariamente em dar um choque de credibilidade que poderia reverter parte das trevas que estão sobre o mercado financeiro brasileiro.”
Tendência
Para os analistas, a provável tendência é que o Brasil continue vendendo derivativos cambiais para suavizar o movimento de alta do dólar frente ao real. “Vemos um Banco Central muito consciente das consequências inflacionárias de um real mais fraco, mas sem disposição para queimar suas reservas na tentativa de conter uma tendência global”, diz o relatório.
Na opinião do banco, é provável que o BC encare a situação prolongando seu ciclo de aperto monetário, para minimizar os efeitos de um dólar mais caro sobre a inflação.
São Paulo - Para os analistas do banco britânico Barclays, o movimento de alta do dólar frente ao real não vai parar tão cedo. Em relatório enviado a clientes hoje, o banco afirmou que a cotação do dólar no mercado comercial brasileiro deve chegar a R$ 2,45 em 12 meses.
Segundo o Barclays, esse movimento de alta do dólar no Brasil tem sido mais intenso do que nos demais países emergentes. Desde o início do movimento de alta dos juros dos títulos do Tesouro dos EUA começou, em maio, o real já perdeu quase 15% em relação ao dólar. Enquanto isso, na maioria dos demais emergentes, a desvalorização não chegou a 10%.
Uma das razões para esse exagero, na visão do banco, tem sido a deterioração dos fundamentos da situação fiscal do Brasil, com a piora das contas, o aumento do déficit da conta corrente externa do país e “a falta de um programa consistente de longo prazo”, observam os analistas.
A demora em agir para enxugar os gastos e controlar a situação fiscal, de acordo com o Barclays, pode resultar até no rebaixamento da classificação de risco de crédito do Brasil, concedida por instituições como Standard&Poor’s, Fitch Ratings e a Moody’s, no primeiro semestre de 2014.
Toda essa situação, segundo o banco, traz ainda um agravante, que é o movimento de normalização da política monetária nos Estados Unidos. À medida que a economia americana melhora, os estímulos do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) ao crescimento econômico devem começar a diminuir.
Isso significa que o volume mensal de recompra de títulos públicos e privados por parte do Fed, que hoje é de US$ 85 bilhões, começará a ser reduzido. Ao mesmo tempo, a tendência é que o juro básico nos EUA volte a subir, à medida que a inflação for estabilizando e o mercado de trabalho der sinais consistentes de melhora.
Com a alta do juro básico no país, os títulos do Tesouro ficarão mais atrativos, favorecendo um fluxo de dólares de volta aos EUA. Os analistas do Barclays lembram que o movimento é natural – e inevitável –, e deve continuar provocando uma valorização do dólar frente a outras moedas.
Malabarismos fiscais e manifestações
Enquanto isso, o banco britânico afirma que, no Brasil, o governo não tem se preocupado com ajustes fiscais. Em vez disso, “continua relutante em reverter a atual política fiscal frouxa, e continua trabalhando em torno de mudanças na contabilidade para entregar a meta fiscal definida pela lei orçamentária”.
Além disso, a tensão social que eclodiu no Brasil com as manifestações populares contra o reajuste das tarifas de transporte público dificulta ainda mais as coisas para o governo, na visão do Barclays. “Com a proximidade das eleições, vemos que o governo continuará focado em como atender às demandas da população, e não necessariamente em dar um choque de credibilidade que poderia reverter parte das trevas que estão sobre o mercado financeiro brasileiro.”
Tendência
Para os analistas, a provável tendência é que o Brasil continue vendendo derivativos cambiais para suavizar o movimento de alta do dólar frente ao real. “Vemos um Banco Central muito consciente das consequências inflacionárias de um real mais fraco, mas sem disposição para queimar suas reservas na tentativa de conter uma tendência global”, diz o relatório.
Na opinião do banco, é provável que o BC encare a situação prolongando seu ciclo de aperto monetário, para minimizar os efeitos de um dólar mais caro sobre a inflação.