Aumento no aluguel de ações sugere fim do rali da Suzano
A Suzano teve uma valorização de mais de 113% este ano, a maior do Ibovespa, impulsionada pela aquisição da rival Fibria
Rita Azevedo
Publicado em 8 de maio de 2018 às 10h25.
Com as ações da Suzano mais perto do preço justo estimado pelos analistas de mercado, mais investidores estão alugando o papel com o objetivo de vendê-lo e recomprá-lo por um valor mais baixo -- operação conhecida como venda a descoberto.
O número de ações vendidas a descoberto aumentou para 2,8% do volume disponível para negociação. Embora ainda esteja abaixo da média de 5% para as companhias do Ibovespa, a taxa é a maior em um ano, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.
A Suzano teve uma valorização de mais de 113% este ano, a maior do Ibovespa, impulsionada pela aquisição da rival Fibria, em uma transação estimada em torno de US$ 11 bilhões. A transação, que deve criar uma gigante responsável por um terço da capacidade global de produção de celulose, levou analistas do Santander ao Credit Suisse a aumentar significativamente suas estimativas para o preço das ações, ajudando a alimentar a rali.
A Suzano também se beneficiou de um aumento de 25% nos preços de celulose nos últimos 12 meses, em meio à forte demanda da China, e do enfraquecimento da moeda brasileira em relação ao dólar, o que significa mais reais para cada tonelada vendida.
Ainda assim, o mercado provavelmente já precificou a maior parte dos ganhos operacionais a serem gerados pela fusão, abrindo caminho para uma correção, de acordo com Vitor Mizumoto, analista da Eleven Financial Research.
"O mercado tende a ficar muito eufórico com essas fusões", disse Mizumoto em uma entrevista por telefone. Enquanto a Suzano ainda tem um longo caminho a percorrer até que a Fibria seja incorporada e as sinergias da operação, totalmente capturadas, os preços de celulose provavelmente estão mais próximos do topo do que do piso, assim como o dólar. "A ação não parece ter muito espaço para continuar a subir."
O valor total da Suzano, incluindo suas dívidas, está atualmente em nove vezes o lucro estimado antes de juros, impostos, depreciação e amortização. Isso se compara a uma média de 7,8 vezes de seus pares. Seu preço-alvo médio subiu 80 por cento nos últimos três meses, para R$ 42,56, e está 7 por cento acima do preço atual.