ATUALIZA-Comitê recomenda que bolsa de NY receba café do Brasil
Brasil aguarda há anos possibilidade de entregar à bolsa Guatemala e Colômbia se opõem a abertura Decisão final será tomada pelos diretores da bolsa (Texto atualizado com mais informações e declarações) Por Marcy Nicholson e Roberto Samora NOVA YORK/SÃO PAULO, 14 de outubro (Reuters) - O Brasil, maior produtor mundial de café, ficou mais próximo […]
Da Redação
Publicado em 14 de outubro de 2010 às 10h09.
- Brasil aguarda há anos possibilidade de entregar à bolsa
Guatemala e Colômbia se opõem a abertura
Decisão final será tomada pelos diretores da bolsa
(Texto atualizado com mais informações e declarações)
Por Marcy Nicholson e Roberto Samora
NOVA YORK/SÃO PAULO, 14 de outubro (Reuters) - O Brasil,
maior produtor mundial de café, ficou mais próximo nesta semana
de se tornar uma das origens que podem entregar o produto
contra o vencimento de contratos futuros na bolsa de Nova York
(ICE Futures US).
O Comitê de Café da ICE recomendou que cafés lavados e
semi-lavados cultivados no Brasil possam ser entregues contra o
contrato referencial "C" de café arábica na bolsa, disseram
fontes do mercado nesta quinta-feira.
A recomendação foi definida após análise de um pedido para
a inclusão feito em maio.
O Brasil busca há anos a possibilidade de poder entregar
fisicamente café à bolsa de Nova York no vencimento de
contratos futuros do produto, já que essa seria mais uma
alternativa de comercialização para o país.
Produtores brasileiros eventualmente operam com os futuros
em Nova York, mas necessitam liquidar financeiramente as
operações antes dos vencimentos, já que não dispõem, como
outros produtores da América Central, por exemplo, da opção de
entregar o café fisicamente como pagamento pela operação.
Alguns países, como a Guatemala e a Colômbia, são contra a
abertura para o recebimento do café brasileiro, argumentando
que o produto teria menor qualidade e a grande quantidade
produzida no Brasil poderia provocar a queda das cotações em
Nova York.
Um porta-voz da ICE afirmou que o comitê, que inclui
torrefadores e operadores, concluiu sua recomendação aos
diretores da bolsa, mas não confirmou o conteúdo da orientação
ou quando a direção da ICE irá tomar uma decisão final.
REAÇÃO NO BRASIL
O presidente do Conselho Nacional do Café (CNC), Gilson
Ximenes, avaliou que a recomendação do comitê é algo positivo e
acredita na aprovação da orientação pela direção da bolsa.
Ele lembrou que em 2004 o comitê chegou a aconselhar
favoravelmente sobre o café brasileiro, mas a direção da bolsa
acabou não aceitando.
"Naquela oportunidade (2004) foi um trabalho feito pelo
Brasil. E agora não, eles estão chegando a conclusão que
precisam do café brasileiro, que o café brasileiro melhorou
muito de qualidade e é importante para o mercado de café a
introdução do Brasil no contrato C", afirmou Ximenes.
"Dessa vez não tem intervenção de ninguém, não tem ninguém
pedindo, pra não acontecer o que aconteceu em 2004... Agora a
gente espera a aprovação", acrescentou.
A aprovação será benéfica para as negociações de café,
opinou Ximenes.
"Vai fortalecer o mercado e trazer uma tranquilidade a
todos os consumidores. Porque hoje a Colômbia está sempre em
dúvida com a produção dela, ninguém tem condição de fixar uma
quantidade, ela fracassou nos plantios novos, houve muito
problema climático", ressaltou.
Um representante do governo brasileiro acredita que a
inclusão do café brasileiro poderá melhorar os instrumentos de
hedge no mercado.
"Daria mais liquidez para esses tipos de café e mais
transparência ao mercado. Traria mais estabilidade porque Nova
York refletiria o que está acontecendo no mercado", declarou o
diretor de Café do Ministério da Agricultura, Robério Silva.
Mais produtores brasileiros estão apostando na ideia de
produzir cafés semi-lavados, depois de compradores terem
buscado mais o produto no Brasil após uma queda na produção da
Colômbia na safra passada.
As vendas de equipamentos para produzir o café semi-lavado
estão crescentes no Brasil.
"Nós temos melhorado não apenas em termos de qualidade, mas
estamos aumentando a quantidade de café semi-lavado, e isso
coloca o Brasil em primeiro plano no mercado de Nova York".
Já o diretor-executivo do Cecafé (Conselho dos Exportadores
de Café do Brasil), Guilherme Braga, preferiu não comentar a
notícia, aguardando a aprovação final pela diretoria da bolsa.
"Ouvi essa notícia, mas não tenho confirmação. Precisaria
ter uma confirmação...", disse.
(Reportagem adicional de Sarah McFarlane, em Londres, e
Peter Murphy, em Brasília; edição de Marcelo Teixeira)