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Até onde vai cair? Bolsas da Europa e Ásia apontam para dia de incertezas

No Brasil, mercado deve reagir ao pacote de incentivos do Ministério da Economia e a perspectiva de corte de juros no Copom

Bolsa em Tóquio: após quedas na segunda-feira, mercados asiáticos amanheceram relativamente estáveis (Issei Kato/Reuters)
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Da Redação

Publicado em 17 de março de 2020 às 06h49.

Última atualização em 17 de março de 2020 às 07h15.

São Paulo — O dia será de testar os limites de queda nos mercados, depois de uma segunda-feira de recorde histórico de baixa nas bolsas.

As bolsas asiáticas fecharam relativamente estáveis nesta manhã. O índice japonês Nikkei fechou em alta de 0,06%, e o de Hong Kong subiu 0,87% — o governo da ilha, que é território chinês, anunciou que vai deixar em quarentena obrigatória os visitantes estrangeiros.

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Na China, os índices de Xangai e Shenzhen caíram 0,34% e 0,49%. A semana começou com más notícias depois de a China divulgar na segunda-feira resultados negativos de crescimento no primeiro bimestre, o que pode fazer o país fechar o primeiro trimestre de 2020 sem crescimento pela primeira vez desde 1989.

Já na bolsa europeia, o índice Stoxx 600, que reúne as principais empresas do continente, começou o pregão em alta mas operava em queda de 1,9% às 7 horas. O índice de Londres caía acima de 1,6%.

O continente tornou-se o epicentro do coronavírus e analistas já estimam que alguns países possam entrar em recessão ainda neste ano, devido às atividades paralisadas e boa parte dos países em quarentena. Na segunda-feira, os índices europeus fecharam no pior patamar desde 2012, quando o país ainda enfrentava duras perdas da crise econômica de 2008 e alto desemprego.

Para o Brasil, a terça-feira também marca o começo de uma nova reunião do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) acerca de uma potencial nova redução na taxa de juros brasileira. O consenso do mercado é de 0,5 ponto percentual.

Cortar os juros vem sendo um artifício usado por uma série de bancos centrais mundo afora — o caso mais emblemático foi o americano Fed, que zerou sua taxa de juros ao reduzi-la em 1,5 ponto percentual em menos de um mês. Não está claro, contudo, o impacto dos cortes em uma economia com baixa circulação de pessoas e produção parada. Deste modo, os juros baixos não foram suficientes para impedir as quedas recentes nas bolsas.

O índice brasileiro Ibovespa voltou a cair dois dígitos na segunda-feira, com queda de 13,92%. O Brasil acompanhou as baixas de mercados mundo afora. Os americanos Dow Jones e S&P 500 tiveram ontem seu pior dia desde 1987, caindo 12,9% e 12%, respectivamente. Foi também um dos três piores dias da história do Dow Jones.

O mercado brasileiro também deve reagir ao pacote de estímulo do Ministério da Economia, anunciado na noite de segunda-feira — após o fechamento do pregão — pelo ministro Paulo Guedes. O governo brasileiro prometeu injetar 147 bilhões de reais na economia nos próximos três meses, boa parte em antecipação de benefícios, como o 13º salário de aposentados e abono salarial, ou adiamento do pagamento de impostos para empresas.

A leitura de parte do mercado, contudo, é de que o governo está apenas antecipando o consumo, e que o pacote pode não ser suficiente para evitar uma ampla desaceleração da economia brasileira, caso o país venha a ficar paralisado pelo coronavírus por mais de um mês. O Brasil fechou a segunda-feira com 234 casos de coronavírus confirmados pelo Ministério da Saúde e mais de 2.000 suspeitos. Dos casos, 152 estão no estado de São Paulo.

Na semana passada, a queda acumulada do Ibovespa já havia sido de 16%. No ano, o índice caiu quase 40%. A ver se o novo pacote de Guedes e a decisão do Copom na quarta-feira, 18, são capazes de levar os índices para cima.

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