As projeções de 11 analistas para a bolsa em junho
Inflação é a peça fundamental que pode destravar o Ibovespa neste mês, explicam
Da Redação
Publicado em 2 de junho de 2011 às 06h12.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h33.
A inflação é a preocupação que mais atormenta os analistas que tentam projetar um rumo para o Ibovespa, principal índice de ações da bolsa brasileira, no mês de junho. Em maio, o índice terminou com desvalorização de 2,29%. No ano, a queda acumulada já chega a 8,8%, considerando o recuo do primeiro pregão de junho. “Maio foi outro mês difícil para o Ibovespa. Desta vez, contudo, simplesmente acompanhou a performance dos países desenvolvidos”, afirmam Carlos Sequeira, Bernardo Miranda e Antonio Junqueira, analistas do BTG. Eles explicam que a bolsa está atraente ao nível atual, especialmente pela manutenção da solidez dos fundamentos das empresas brasileiras listadas. Para junho, os analistas acreditam que os investidores devem ficar de olho no controle da inflação. É o principal risco que emerge na leitura das análises de mercado, segundo levantamento realizado por EXAME.com em 11 relatórios. “Acreditamos que um catalisador para o Brasil seria a apresentação de melhores números para a inflação”, explicam os analistas Carlos Firetti e Dalton Gardimam, do Bradesco. Confira a seguir trechos das principais análises:
“Para junho, é esperado volatilidade nas bolsas, com os agentes atentos aos indicadores internos norte-americanos e principalmente, do esperado início da retirada gradual do QE2 pelo Fed, o que reduzirá a liquidez nos mercados. Na Europa, será decisiva a divulgação do plano de corte dos gastos do governo grego, para que receba ajuda do FMI e União Européia. Já na China, os focos estarão no índice de inflação ao consumidor, que balizará o governo chinês em adotar ou não novas medidas de aperto monetário. No mais, o retorno do capital estrangeiro será fundamental para o desempenho favorável do Ibovespa. O índice tem resistências próximas aos 65.300 pts e 66.900 pts 70.000 pts, com suportes em 63.500 pontos e 62.900 ponts e 61.000 pts”
"Vemos um cenário negativo para as ações em junho, à luz dos problemas pendentes na Europa, preocupações sobre a recuperação americana e à falta de boas notícias sobre a inflação no Brasil. Acreditamos que um catalisador para o Brasil seria a apresentação de melhores números para a inflação, o que poderia começar a aparecer em agosto e setembro por questões estatísticas – apesar dos nossos economistas não verem essa melhora antecipada na inflação com um sinal definitivo de que ela está sob controle"
“O Ibovespa parece barato e os fundamentos sólidos. A aversão ao risco permanece, porém. Maio foi outro mês difícil para o Ibovespa. Desta vez, contudo, simplesmente acompanhou a performance dos países desenvolvidos. O Ibovespa agora está negociando a 10,1 vezes o múltiplo de preço sobre lucro (P/L) para 12 meses, o que parece atraente para nós, especialmente se considerarmos que os fundamentos das empresas brasileiras listadas continuam sólidos (boa temporada de resultados do 1º trimestre) e as nossas estimativas consolidadas são de um crescimento de 15% para 2011. Por outro lado, a aversão ao risco continua elevada. (470 milhões de dólares deixaram as ações brasileiras nas últimas duas semanas) devido a um ambiente econômico e político global conturbado. Esperamos que o Ibovespa se recupere e que a Petrobras e a Vale se beneficiem”.
"Apesar da performance relativamente fraca da bolsa brasileira em Maio, os estrangeiros voltaram: no acumulado até o dia 27/Maio, o fluxo de investimentos estrangeiros na Bovespa somou R$2,6 bilhões, após três meses de fluxo negativo. Trata-se do maior fluxo positivo desde setembro do ano passado, o que gera um sentimento positivo para a performance do mercado brasileiro em Junho. Os índices de inflação deverão ser beneficiados pela sazonalidade nos próximos meses, de modo que leituras positivas deverão ajudar a dissipar a percepção de risco de um ciclo de aperto monetário mais prolongado, o que também gera uma perspectiva favorável para o mercado de ações. Finalmente, vale salientar, que após meses de performance fraca o valuation relativo das ações brasileiras frente aos seus pares internacionais, sobretudo entre outros emergentes, ficou ainda mais atrativo, o que pode continuar atraindo o interesse dos investidores"
"O nosso modelo de portfólio para o Brasil tem tido uma tendência defensiva nos últimos dois meses.Enquanto mantemos um perfil defensivo, estamos adicionando mais equilíbrio à carteira de junho com o aumento da exposição aos setores domésticos cíclicos e diminuindo de serviços públicos e telecomunicações. Acreditamos que isso é apropriado ao considerar o alívio sazonal na inflação que pode acontecer entre junho e agosto. Isso também é garantido por um melhor cenário global com o Credit Suisse esperando um melhor momento de crescimento global durante os próximos meses".
"Acreditamos que junho poderá marcar certa inversão de atratividade entre a Bovespa e as bolsas americanas. Tivemos nos primeiros quatro meses do ano uma saída líquida de R$ 3,7 bilhões de capital externo na bolsa brasileira. Sem o investidor estrangeiro, o Ibovespa recuou e as blue chips, como Vale e Petrobras, destacaram-se dentre os papéis mais penalizados. A lógica do movimento decorreu das preocupações com a aceleração inflacionária do País, ao mesmo tempo em que indicadores macroeconômicos indicavam a retomada do nível de atividade nos Estados Unidos. Conseqüentemente, houve repatriamento de recursos e as bolsas se descolaram com o P/L’11 do SP500 em torno de 14x contra 9x do Ibovespa. O quadro agora se inverte: no Brasil, o relatório Focus do BC tem apresentado redução nas projeções da inflação oficial de 2011, medida pelo IPCA, e a política fiscal do governo parece estar atingindo seus objetivos, com um superávit primário de mais de 4,5% do PIB no ano até abril. Por outro lado, nos Estados Unidos, vários indicadores têm frustrado o mercado e levantado dúvidas em relação ao ritmo de recuperação daquela economia. O importante índice de confiança do consumidor em maio veio bem abaixo do esperado e os números do mercado imobiliário sinalizam queda nos preços das residências. Salvo uma sensível piora do front externo, com agravamento da situação fiscal na Europa, aceleração inflacionária na China e/ou interrupção da recuperação econômica nos EUA, projetamos retorno do Ibovespa acima da renda fixa no segundo semestre. Nosso Ibovespa-Alvo para dezembro está em 76 mil pontos"
"Para este mês, nossa expectativa é de melhor desempenho para o Ibovespa, considerando que, a despeito da fragilidade das economias na zona do euro e Estados Unidos, indicadores locais mostram um misto de melhoria com outros no sentido inverso. O foco principal está em cima das medidas de controle da inflação que parecem já estar surtindo efeito, o que poderá motivar investidores a buscar oportunidades no mercado para montar posições para prazo mais longo. O imediatismo que tomou conta do mercado tem impedido a recuperação de papéis com bons fundamentos, mas, uma melhoria no cenário poderá dar maior força para a sustentação e recuperação do índice"
"O problema das dívidas soberanas na Zona do Euro voltou a ter destaque em maio devido à nova rodada de incertezas com relação à capacidade grega em cumprir às condições impostas pelo FMI para ajuda financeira. Paralelamente, indicadores moderados de crescimento econômico e do mercado de trabalho nos EUA minaram as expectativas de recuperação mais robusta da economia. Tal cenário derrubou as bolsas internacionais, contaminando o mercado doméstico também. O Ibovespa recuou 2,29% no mês, acumulando queda de 6,76% no ano. A situação esteve mais crítica em meados de maio, quando a bolsa chegou a recuar 10% nos primeiro cinco meses de 2011. Para junho, o ambiente de negócios deve permanecer influenciado pelo andamento da crise das dívidas européias e sinais da economia americana. No âmbito doméstico, o foco deve continuar na inflação, que pode começar a se desacelerar"
“O cenário para as bolsas de valores permanece incerto, sendo que os riscos são os mesmos do início do ano. No mercado externo, vemos como destaques os desdobramentos da crise na Zona do Euro, sendo o foco das atenções de curto prazo a Grécia, que precisa de recursos adicionais para conter o seu déficit orçamentário, o ritmo de crescimento nos EUA, que continua dando sinais de fraqueza, e o nível de desaceleração da economia na China”
"Os investidores têm buscado refúgio em ações de empresas que operam em setores menos cíclicos, apresentam uma maior previsibilidade de operações e que ainda pagam bons dividendos. Em nosso entendimento isso explica o bom desempenho de setores como os: elétrico, saneamento básico, concessões rodoviárias e telefonia".