As ações e setores que vão se beneficiar do corte de juros
Mercado projeta que a Selic fechará 2016 em 13% ao ano e taxa deve recuar ainda mais em 2017, para 11,50%; atualmente está em 14,25%
Anderson Figo
Publicado em 21 de maio de 2016 às 07h00.
Última atualização em 12 de janeiro de 2017 às 10h47.
São Paulo - O corte de juros previsto pelo mercado para este e o próximo ano vai beneficiar a Bolsa brasileira como um todo, mas alguns setores específicos serão mais impactados, segundo analistas.
A última versão do Boletim Focus do Banco Central , divulgada na segunda-feira (16), mostrou que a expectativa é de que a Selic (juro básico) termine 2016 em 13% ao ano. Atualmente, ela está em 14,25%. Para 2017, o mercado espera que os juros caíam a 11,50%.
"A redução de juros é importante neste momento porque diminui a alavancagem [nível de endividamento] das empresas", disse Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora.
"Muitas [empresas] tiveram que tomar crédito para lidar com o cenário econômico mais desafiador e, com o corte da Selic, ganham uma folga para tocar seus negócios", completou.
Para o analista, o setor mais beneficiado pelo afrouxamento monetário é o financeiro. Isso porque, apesar de o corte de juros reduzir o spread dos bancos, ele também permite que as instituições financeiras concedam mais crédito .
A concessão de mais empréstimos pelos bancos beneficia diretamente outro setor, segundo Samuel Torres, analista da Spinelli Corretora: o imobiliário.
"O custo dos financiamentos tanto para as construtoras quanto para os compradores de imóveis cai e, com isso, as empresas do setor conseguem obter melhores resultados", disse.
Shoppings
No guarda-chuva do setor imobiliário, os shopping centers também serão beneficiados pelo corte de juros, na visão da equipe de análise do BTG Pactual, chefiada por Carlos Sequeira e Antonio Junqueira.
Em relatório, eles destacam uma companhia específica: a BR Malls ( BRML3 ). "Nós acreditamos que a empresa deve se beneficiar de uma potencial redução da taxa de juros e depreciação do dólar", disseram.
Segundo os analistas, a BR Malls é a empresa mais alavancada entre as companhias de shopping centers. "De acordo com nossa análise de sensibilidade, o lucro da BR Malls aumentaria em 10% a cada 100 pontos-base de corte na Selic."
A equipe de análise do BTG ressaltou, no entanto, que a BR Malls é a única do segmento que possui dívida em dólar (bônus perpétuos), ou seja, seu bom desempenho na Bolsa dependeria não somente de um corte da Selic , mas também da queda da moeda americana.
"O segmento de shopping centers está performando melhor do que o esperado (uma vez que a desaceleração das vendas no varejo parece não ter afetado ainda os resultados das empresas), com uma taxa de vacância ainda baixa e inadimplência perto de níveis históricos", afirmou o BTG.
A retomada do consumo, que seria estimulada por um corte nos juros, poderia ajudar tanto os shopping centers quanto o setor de varejo como um todo.
Fora do setor imobiliário, a Localiza ( RENT3 ) foi unanimidade entre os analistas. Isso porque o negócio da empresa demanda que ela seja alavancada: é preciso financiar a frota para depois ganhar com o aluguel dos automóveis.
"Os volumes do segmento são historicamente correlacionados à atividade econômica", disse o BTG. "Em um cenário mais construtivo para o crescimento do país, uma retomada dos volumes e um ajuste na alavancagem poderiam ocorrer bem rapidamente."