Ambev (ABEV3): Vendas na Copa podem superar 2014, mas terão efeito ‘limitado’ no lucro, diz BofA
Copa do Mundo será a primeira a ser realizada no verão; estação, preços mais baixos e horário das partidas devem alavancar volume de vendas, segundo analistas
Guilherme Guilherme
Publicado em 13 de outubro de 2022 às 12h52.
Última atualização em 13 de outubro de 2022 às 13h14.
Calor e futebol são fatores que historicamente aumentam o consumo da bebida no Brasil. Mas analistas do Bank of America acreditam que a primeira Copa do Mundo realizada durante o verão brasileiro terá efeito apenas "limitado" sobre a lucratividade da Ambev ( ABEV3 ).
"Não será uma vitória de 7 a 1", afirmaram em referência à goleada sofrida pela Seleção Brasileira em 2014. Naquele ano, a Copa realizada no Brasil adicionou 1,4 milhão de hectolitros às vendas da Ambev. O banco americano considera "viável" a Ambev repetir feito neste ano, o que seria o dobro das vendas adicionais da Copa de 2018, quando ficaram entre 0,5 e 0,8 milhão de hectolitros.
A estimativa dos analistas do BofA é de que o evento adicione entre 1,3 e 1,8 milhão de hectolitros nas vendas da Ambev. Alguns fatores devem jogar a favor. O horário das partida é um deles. Em relatório, os analistas pontuaram que os jogos da última Copa eram realizados pela manhã e durante o inverno, nesta, além do verão, a maioria dos jogos começarão às 16h (de Brasília) -- o que incentivaria o consumo de cerveja.
Outro fator, que segundo o BofA, pode contribuir para o aumento de vendas é o aumento do poder de compra de cervejas dos brasileiros. "Vemos uma melhora em termos de acessibilidade, embora a base de renda mensal esteja em um patamar inferior."Pelas contas do BofA, a renda média caiu 3% em termos reais no Brasil entre 2018 e julho de 2022. No mesmo período os preços da cerveja caíram 7%.
O preço mais baixo, porém, tem um efeito duplo sobre o resultado da Ambev, já que contribui com o volume de vendas, mas reduz margem da Ambev. O BofA também pontua a tendência de maior consumo de cerveja em latas durante a Copa do que em garafas retornáveis, o que seria menos rentável para a empresa. Isso sem contar aumento de custos com publicidade, que também corroi as magens.
A margem da Ambev, pressionada nos últimos trimestres pela inflação de custos, se tornou uma das maiores preocupações de analistas. No segundo trimestre, a margem Ebitda da divisão Cerveja Brasil da companhia foi a que mais sofre, com queda de 5,5 ponto percentual para 32,5% frente ao mesmo período do ano passado.
Os analistas do Bank of America tem recomendação neutra para os papéis, com preço-alvo de R$ 16. Praticamente estáveis no ano, as ações da Ambev encerraram o último pregão a R$ 14,99.