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Agro representa apenas 0,04% das operações do mercado de capitais de 2004 para cá, diz BTG

Na visão de empresas, gap entre mercado de capitais e Faria Lima está ficando menor, algo que deve se acelerar daqui para a frente

Agro: próxima janela de IPOs deve ser ainda mais proveitosa, na visão de executivos (Divulgação/Exame)
KS

Karina Souza

Publicado em 29 de setembro de 2022 às 15h45.

Última atualização em 29 de setembro de 2022 às 16h04.

O agro representa 26% do PIB, mas apenas 0,04% das operações ocorridas no mercado de capitais desde 2004. O setor responde por apenas 26 operações das 660 que acontceram nos últimos 18 anos — isso sem considerar o mercado de proteína animal, já que, com ele, o volume de deals vai para 46. A contradição entre a representatividade do setor para a economia brasileira e para o mercado financeiro esteve presente no painel mediado por Fábio Nazari, sócio líder do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) com Rodrigo Penna, CFO da Jalles Machado, Maurício Puliti, CFO da Agrogalaxy, e Marino Colpo, CEO da Boa Safra, no Agro Forum, evento promovido pelo banco. Em pouco mais de 40 minutos, os quatro discutiram por que o mercado é assim e o que falta para avançar daqui para a frente.

Do lado positivo, o papel do ano de 2021 — em que duas das três empresas convidadas se tornaram companhias públicas — foi amplamente ressaltado. Voltando às 26 operações nos últimos 18 anos, sete aconteceram no último ano. Ao mesmo tempo, o desafio que fica com o legado, especialmente em um mercado completamente diferente em termos de aversão ao risco, é a aproximação entre a Faria Lima e o campo.

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Para resolver esse impasse, os executivos deram algumas dicas a respeito do que empresários podem fazer. Manter 'a casa em ordem' seria um dos itens da lista, com algum nível de governança (auditorias, por exemplo), conselho bem-estruturado e esclarecer aos investidores quais são os diferenciais competitivos básicos da empresa foram fatores em comum mencionados pelos três executivos do setor.

Penna, da Jalles Machado, exemplificou o que esses critérios podem trazer de benefícios. "Nós não somos líderes de setor e não estávamos nem entre as dez maiores empresas quando decidimos abrir o capital. Mas ao mostrar que grande parte do nosso modelo estava centrada em produtos de maior valor agregado e que tínhamos resultados maiores do que a média do setor, conseguimos nos destacar mesmo em uma janela conturbada de IPOs", afirmou.

Do lado dos desafios externos, todos citaram os impasses da pandemia — que chegou a impedir, por exemplo, visitas presenciais de investidores — além do próprio desconhecimento a respeito de como o agro funciona e das métricas para o setor.

"A maior parte da nossa receita vem em setembro, outubro e novembro, porque são os meses em que eu vendo semente para ser plantada. Não vendo semente o ano inteiro. E acredito que os investidores não estão tão acostumados com esse ritmo, procuram por setores com mais previsibilidade de receita e com picos já conhecidos", disse Colpo, da Boa Safra. "É curioso que para um setor tão representativo, a cobertura do mercado financeiro ainda fosse tão escassa para as empresas do setor. Mas é um cenário que já vemos algum avanço, com gestoras contratando profissionais experientes de bancos do setor, por exemplo", afirmou.

Aproximar esses dois mundos com esforço de ambos os lados trouxe benefícios significativos para as três empresas, na visão dos executivos. Todos destacaram o aumento do reconhecimento das respectivas marcas e a oportunidade de obter crédito a prazos e taxas melhores, por exemplo.

"Crescemos quase 100% neste ano, sendo que 35% disso veio dos M&As realizados e outros 65% de forma orgânica. É claro que tem o papel das commodities nisso mas principalmente dos ganhos operacionais que vieram com o IPO", afirmou Puliti.

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