São Paulo - Apesar do forte desempenho na bolsa, a Souza Cruz (CRUZ3) deverá agora ter uma performance mais “light”, de acordo com os analistas do Santander. A líder brasileira do segmento de fumo ganhou uma recomendação abaixo da média do mercado (underperform), com um preço-alvo de 87 reais. Para os analistas Gabriel Vaz de Lima e Luis Miranda, a recente disparada dos papéis pode ser entendida como uma reavaliação tardia do mercado para os ativos da empresa."Achamos que o mercado reavaliou recentemente a companhia dado que, em face da queda de volume da indústria do tabaco, a Souza Cruz provou poder entregar um impressionante crescimento do lucro, essencialmente suportada pela alavancagem nas receitas com preços e mix de produtos", explicam. Com a forte valorização recente, contudo, o potencial de nova alta ficou limitado.Lima e Miranda ressaltam ainda que não há expectativa de um novo aumento dos impostos para a indústria no curto-prazo. "Em nossa visão, o Brasil tem um espaço limitado para elevar os impostos nos cigarros e acreditamos que o governo poderia conquistar mais benefícios ao focar na repressão à produção ilegal de cigarros, que contabiliza até 27% do mercado", dizem.

Mesmo com uma queda de 1,84% nas vendas de automóveis, comerciais leves, ônibus e caminhões novos no Brasil em setembro sobre agosto, o analista da Ativa Corretora, Artur Delorme, lembra que os licenciamentos de caminhões apresentaram uma alta de 31,6% na comparação anual e reforça a recomendação para os papéis do setor."Quanto às vendas de veículos pesados, consideramos a queda sem efeito sobre Randon (RAPT4), Marcopolo (POMO4) e Iochpe (MYPK3), tendo em vista o elevado patamar em que encontra-se a demanda por caminhões e ônibus no mercado interno. As vendas de veículos pesados deverão seguir apresentando bom resultado no 4T10, em função da manutenção dos estímulos do governo", avalia Delorme.Diante dos recentes números, o analista reitera a recomendação de compra para Tegma (TGMA3), no setor de logística, com preço-alvo de 21,50 (jun/11), um potencial de valorização de 7,5%, considerando a cotação de fechamento de 01 de setembro. Para o setor de autopeças, Delorme também recomenda compra das ações da Iochpe, com preço-alvo de 24,84 reais (jun/11), e de Marcopolo, com preço-alvo de 6,68 reais (jun/11).Porém, a empresa preferida no setor de autopeças é a Randon, com preço justo de 15,95 reais (jun/11), um potencial de valorização de 27,6%.

O mercado está de olho na revisão das taxas de retorno da Sabesp (SBSP3) programada para 2011. "Acreditamos que o regulador irá seguir com um modelo baseado no retorno sobre os ativos (ROA, na sigla em inglês) e que definitivamente a um potencial de alta para a Sabesp no longo prazo por conseguir os retorno apropriados aos seus investimentos no futuro. As chances de um ganho extraordinário ainda existem", explicam os analistas Antonio Junqueira, Gustavo Gattass e João Pimentel, do BTG Pactual.

Apesar de acreditar em um acordo potencialmente favorável para a empresa, os analistas não descartam a visão de que a taxa de retorno fique distante da revisão realizada em 2009. O banco elevou o preço-alvo para as ações da empresa para 40 reais, porém manteve a recomendação neutra. "Nós simplesmente não acreditamos que a revisão do ROA, que vemos como um catalisador para os próximos 12 meses, se tornará em um grande gerador de caixa para a Sabesp", mostra o relatório.

O BTG Pactual segue pessimista com as empresas de serviços públicos, porém mostra uma preferência pelas ações da AES Tietê (GETI3) e Cemig (CMIG4).