Plataforma da Petrobras: a política de não equiparar combustíveis aos preços internacionais, a alta do dólar, o ano de eleições presidenciais são alguns dos fatores da queda (André Valentim/EXAME.com)
Da Redação
Publicado em 6 de fevereiro de 2014 às 13h19.
Rio - Não houve um grande fato novo que, isolado, explique tamanho tombo em menos de sete semanas. Mas as ações da Petrobras caíram quase 20% neste ano e chegaram ontem ao menor nível desde novembro de 2008. O motivo está na intensificação de uma safra de más notícias já conhecidas pelo mercado e o resultado é uma perda de cerca de R$ 40 bilhões em valor de mercado no período.
"Os papéis da companhia, por serem muito líquidos, tendem a sofrer mais com esse tipo de movimento", disse o diretor chefe de Investimentos do fundo Aberdeen para o Brasil, Nick Robinson, citando como principal fator a fuga de investidores estrangeiros de empresas de países emergentes.
O fundo tem cerca de R$ 30 bilhões em investimentos em participações no Brasil. "Há um movimento contínuo de saída de emergentes nas últimas 12 semanas, mas não há grandes mudanças de avaliação da administração da Petrobras nos últimos seis meses", afirmou Robinson.
A política de não equiparar combustíveis aos preços internacionais, a alta do dólar, o ano de eleições presidenciais, dúvidas sobre capacidade de investimento, a preocupação do impacto de um eventual reajuste de preços na inflação estão entre os motivos para o mau humor, segundo analistas.
Ontem, também contribuiu para a queda o adiamento, do dia 14 para o dia 25, da divulgação dos resultados da companhia no quarto trimestre.
O ministro da Fazenda e presidente do Conselho de Administração da Petrobras, Guido Mantega, afirmou serem "absurdas" as especulações no mercado em torno do adiamento da apresentação dos dados financeiros. "É uma questão meramente técnica. É só para que possamos ter mais tempo para ter os dados que serão apresentados na próxima reunião. É só isso", disse o ministro.
A ação ordinária (ON, com direito a voto) recuou 2,34%, a R$ 12,96. Chegou a R$ 12,74 na cotação mínima do dia, queda de 3,99%. A preferencial fechou com perdas de 1,85%, a R$ 13,83. O valor foi o menor desde fechamentos de dezembro de 2005.
Maior perda
A perda de valor de mercado da Petrobras é a maior entre as companhias abertas, segundo a consultoria Economática. Apenas o valor de mercado da estatal petrolífera passou de R$ 214,687 bilhões em 31 de dezembro para R$ 175,084 bilhões, na terça-feira. Já uma fonte da empresa informou que o Conselho de Administração pode apreciar, ainda neste mês, o plano de negócios quinquenal da empresa, para o período 2014-2018.
Candidatos a representante dos trabalhadores no conselho de administração da Petrobras, os petroleiros José Maria Rangel e Silvio Sinedino discordam sobre o papel que devem desempenhar no conselho, mas concordam nos motivos para a queda. "É uma forma de pressão do mercado para ter reajustes de combustíveis", disse Sinedino, em declaração quase idêntica à de Rangel. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.