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Ackman reafirma em São Paulo: a Herbalife vai à lona

O megainvestidor defendeu suas apostas mais recentes, mas reconheceu que errou na farmacêutica Valeant, onde perdeu estimados US$ 4 bi

BILL ACKMAN EM EVENTO NOS EUA: em novembro, um relatório de sua empresa, a Pershing Square, mostrou que ela perdeu 1,6 bilhão de dólares em apenas cinco meses (Bryan Bedder/Getty Images)
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Letícia Toledo

Publicado em 6 de dezembro de 2017 às 22h19.

Última atualização em 7 de dezembro de 2017 às 14h27.

Conferências beneficentes, como a Sohn, tradicional evento americano realizado pela primeira vez no Brasil nesta quarta-feira, não costumam ser palco de declarações polêmicas. São espaços para grandes empresários e executivos defenderem seus pontos de vista e abrirem um pouco a carteira em prol do bem comum. No caso da Sohn, realizada no auditório do escritório de advocacia Pinheiro Neto, os 200 presentes pagaram 5.000 reais pela entrada.

Mas o megainvestidor americano Bill Ackman, um dos principais ativistas do planeta, não é dado a protocolos. Foi em uma conferência Sohn, que em 2012, Ackman exibiu 342 slides que tinham como objetivo provar que a multinacional de nutrição Herbalife não passava de um esquema de pirâmide. As ações da empresa perderam quase metade de seu valor nas duas semanas seguintes.

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Era grande, portanto, a expectativa dos investidores brasileiros quando Ackman, com seu característico cabelo grisalho, subiu ao palco da primeira conferência Sohn no Brasil.

Ao invés de entrar em novas polêmicas, Ackman se focou em defender suas batalhas. A começar pela maior delas que, apesar de seu discurso apocalíptico, continua distribuindo seus shakes por aí, inclusive no Brasil, e valorizou 150% na bolsa. O investidor reafirmou que a Herbalife está se deteriorando e que ele tem certeza que o fim está chegando.

“Eu continuo persistente. Tudo que dissemos sobre a Herbalife vem acontecendo. A única coisa que erramos foi no preço da ação”, afirmou Ackman, arrancando risadas da plateia em São Paulo. Em outubro, a Herbalife disse que gastou 457,8 milhões de dólares para recomprar o equivalente a 7,2% do total de ações da empresa. Para Ackman, as ações só estão subindo por conta da recompra. “Eles não compraram ações com dinheiro livre em caixa, eles comprometeram dinheiro que precisam para manter o esquema de pirâmide”, afirmou Ackman.

Aos 51 anos, Ackman é um dos mais emblemáticos investidores ativistas dos Estados Unidos, com investimentos em empresas como a varejista Target e a rede de fast food Wendy’s. Ackman já ganhou muito dinheiro (cerca de 3 bilhões de dólares, segundo a lista de bilionários da revista Forbes), mas não pode se dar ao luxo de falhar, ainda mais com sua Mob Dick, a Herbalife.

Ele, afinal, tem errado mais do que acertado. Em novembro, um relatório de sua empresa, a Pershing Square, mostrou a fuga dos investidores. O fundo perdeu 1,6 bilhão de dólares em apenas cinco meses. O valor sob gestão do fundo agora é de 9,4 bilhões de dólares, menos da metade do valor de três anos atrás. “O valor da empresa na bolsa está baixo. Nós temos 4,3 bilhões de dólares em ativos e você pode comprar a empresa por menos de 3 bilhões de reais ”, afirma Ackman.

Além do caso Herbalife, Ackman até agora só perdeu dinheiro em sua aposta na polêmica farmacêutica Valeant, uma aposta aparentemente impulsiva de 3,2 bilhões de dólares (o equivalente a 19% de todo o seu capital) há quase três anos. Ackman gastou todo esse dinheiro em uma só tacada, e depois fez novos aportes na empresa. A companhia canadense se especializou em comprar outras fabricantes de medicamentos e depois aumentar astronomicamente os preços de seus melhores remédios.

Uma reportagem em 2015 trouxe revelou que a empresa estava inflando seus resultados. Ackman persistiu em seu investimento até março deste ano, quando vendeu as ações que comprou a um preço de 257 dólares por cerca de 12 dólares. “Eu rompi com a estratégia de investir apenas em setores em que temos experiência. Foi um erro”, afirmou Ackman em São Paulo. Um erro de cerca de 4 bilhões de dólares.

Durante o evento em São Paulo, Ackman também teve que defender um terceiro investimento: na rede de fast food Chipotle, especializada em comida mexicana. Em setembro do ano passado, o investidor surpreendeu o mercado ao comprar 975 milhões de dólares em ações. A compra aconteceu após as ações caíram mais de 40% por conta de dúvidas quanto à procedência de seus alimentos. Desde então, as ações da Chipotle caíram quase 25%.

Suas explicações convenceram a plateia brasileira – que, afinal, não estava ali para embates. Na bolsa americana, a vida de Ackman tem sido bem mais difícil.

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