Mercados

Ação da Petrobras sobe mais de 5% após ataques na Arábia Saudita

Bombardeio em maior instalação de petróleo do mundo reduz oferta global de commodity em 5%

Petrobras: ações da petrolífera amanheceram em alta após ataques em instalações de petróleo da Arábia Saudita (Mario Tama / Equipa/Getty Images)

Petrobras: ações da petrolífera amanheceram em alta após ataques em instalações de petróleo da Arábia Saudita (Mario Tama / Equipa/Getty Images)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 16 de setembro de 2019 às 10h43.

Última atualização em 17 de setembro de 2019 às 08h39.

As ações da Petrobras se valorizavam 5,29% na abertura do pregão desta segunda-feira (16), por volta das 10h05. Depois de atingir o pico, os papéis ordinários da petrolífera subiam 4,52 às 12h25, enquanto os ADRs (recibos de ações) da Petrobras, negociados nos Estados Unidos, avançavam 4,54%. A alta dos papéis ocorre após o ataque ao centro da indústria petrolífera da Arábia Saudita, que atingiu duas unidades de processamento de petróleo. Entre elas, estava a maior instalação de refino do mundo, responsável pela produção diária de 5,7 milhões de barris, o que representa cerca de 5% da oferta mundial. O atentado, realizado neste sábado, foi assumido pelo grupo rebelde Houthi, do Iêmen.

O ataque fez o preço da commodity disparar quase 20% nesta segunda-feira, atingindo a maior alta intradiária desde a Guerra do Golfo em 1991. O petróleo só começou a cair após o presidente americano, Donald Trump, ter autorizado o uso de estoques de emergência para suprir a demanda pelo produto.

Por volta das 11h, o petróleo WTI subia 9,51%, a 60,05 dólares o barril. O consultor de óleo e gás sediado em Londres Jan-Jaap Verschoor espera que o barril de petróleo cru se aprecie 15 dólares em três dias caso os Estados Unidos não façam uso de suas reservas e 5 dólares se os americanos liberarem 30 milhões de barris.

yt thumbnail

Além de fazer o preço do petróleo disparar, o ataque provoca instabilidade política no Oriente Médio, já que o grupo Houthi é aliado do Irã, que historicamente tem relações nebulosas com a Arábia Saudita e Estados Unidos. No domingo (15) o governo do Iêmen acusou o Irã de estar por trás do bombardeio. Nesta segunda, o governo americano endossou as acusações contra o Irã, que nega qualquer envolvimento.

Na semana passada, no entanto, o presidente Donald Trump demitiu o então assessor de Segurança Nacional John Bolton e disse estar estudando “flexibilizar” as sanções sobre o Irã . Os gestos foram encarados como um sinal de aproximação entre os dois países.

Para o economista-chefe da Inifity, Jason Vieira, o bombardeio ocorreu em um momento “estranho”. Segundo ele, o ataque pode favorecer, principalmente, a própria Arábia Saudita, já que o reino se beneficia da alta do petróleo e ainda se fortalece geopoliticamente na região.

“Mesmo com a Venezuela e o Irã fora da jogada, a OPEP continua penando para fazer o preço subir. Então, qualquer coisa para dar um gás no [preço do] petróleo é positivo. Uma tensão constante na região é uma cerejinha no bolo”, analisou Jason Vieira.

Pela manhã desta segunda-feira, o ministro da Energia dos Emirados Árabes Unidos, Suhail al-Mazrouei, disse a repórteres locais que é muito cedo para convocar uma reunião de emergência da OPEP e que o país tem capacidade de reposição que podem ser liberadas como uma “reação instantânea.

Apesar da alta repentina do preço do petróleo, Jason Vieira acredita que o preço atual não seja “nenhum absurdo”. “O [movimento] abrupto que assusta um pouco. Mas a alta não faz jogo pra OPEP”, afirmou. Segundo ele, questões como o conflito comercial entre China e Estados Unidos causa dúvidas sobre a demanda futura pela commodity, assim como questões de longo prazo, como mudanças de matriz energéticas.

Aéreas brasileiras têm forte queda

As ações de empresas com custos ligados ao petróleo foram as mais afetadas na bolsa brasileira. Na ponta negativa do Ibovespa, as companhias aéreas Gol e Azul perdiam 6,2% e 6,8%, respectivamente, por volta do meio dia.

As duas empresas possuem cerca de 30% de suas despesas operacionais vinculadas ao combustível. Para os analistas da corretora Rico, ainda é cedo para concluir se a queda dos papéis oferece uma oportunidade de compra. “Tudo depende das notícias que virão a seguir e do quando estas ações podem cair”, escreveram em relatório.

Acompanhe tudo sobre:Arábia SauditaPetrobrasPetróleoSaudi Aramco

Mais de Mercados

Lucro da Porto cresce 90,2% e atinge R$ 651 milhões no 1º trimestre

Cresce temor sobre nova diretoria do BC e mercado já especula alta de juro em 2025

Nubank tem lucro de US$ 378,8 milhões no 1º tri, alta de 167%

Companhias que mais faturaram na pandemia já perderam US$ 1,5 trilhão em valor desde então

Mais na Exame