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A nova certeza da eleição: sobra incerteza econômica

Enquanto Fernando Haddad tem dificuldades de atrair economistas de peso, Jair Bolsonaro dá sinais contraditórios que levam preocupação aos investidores

Mercado financeiro: Bolsonaro descarta privatização da Eletrobras; Haddad tem dificuldade de compor seu time de economistas
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Da Redação

Publicado em 11 de outubro de 2018 às 06h05.

Última atualização em 11 de outubro de 2018 às 07h25.

Para onde vão a bolsa e o câmbio nesta quinta-feira? Vai prevalecer o otimismo com o Datafolha de ontem, que deu 58% das intenções de voto a Jair Bolsonaro (PSL)? É a previsão da corretora Spinelli. Mas, numa eleição polarizada, eis uma certeza que se cristaliza entre analistas e empresários: sobra incerteza nos programas econômicos de Bolsonaro e de Fernando Haddad (PT).

Depois de um primeiro turno em que fez promessas para agradar as alas mais extremistas dos dois partidos que lideram sua chapa (PT e PCdoB), Fernando Haddad vem nos últimos dias tentando acenos ao centro na condução da política econômica. Ainda assim, o mercado questiona pontos importantes e mal explicados de seu programa, como a revogação do teto de gastos aprovado no governo Michel Temer. Além disso, segundo EXAME apurou, sua equipe esbarra num problema de difícil solução: encontrar nomes fortes para compor o time econômico.

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“É um dilema. Sem nomes de peso, fica difícil acalmar o mercado e subir nas pesquisas. Mas sem subir nas pesquisas fica difícil atrair nomes de peso”, diz um analista político próximo à campanha petista. Com o Datafolha divulgado nesta quarta-feira mostrando uma desvantagem de 16 pontos percentuais, o dilema continua. Um dos sonhos de consumo de Haddad é poder anunciar o apoio de Henrique Meirelles, ex-presidente no Banco Central no governo Lula e candidato derrotado do MDB.

Do lado da campanha de Jair Bolsonaro (PSL), a favorita de nove entre dez investidores, as certezas viraram incerteza ontem, quando em uma entrevista à Band o candidato descartou a privatização da Eletrobrás e criticou investimentos chineses em áreas que considera estratégicas, como energia. Foi uma volta ao velho Bolsonaro estatizante dos 27 anos como deputado. A bolsa caiu 2,8%.

Para piorar, seu conselheiro econômico, Paulo Guedes passou a ser investigado por suspeita de gestão fraudulenta de fundos de investimento. Foi mais um evento a colocar em dúvidas o peso de Guedes num eventual governo Bolsonaro. Na semana passada EXAME revelou que o time de Bolsonaro estuda a formação de um conselho econômico para servir de esteio a Guedes, tido como genial, mas imprevisível.

“Não vi grande consistência no programa de nenhum dos dois candidatos para a infraestrutura, área que deve ser a responsável pelo impulso de crescimento que o Brasil precisa”, afirma o sócio de uma das maiores construtoras do país.

Reportagem de capa da atual edição de EXAME, que chega nesta quinta-feira às bancas, mostra que 78% dos empresários pretendem votar em Jair Bolsonaro. Mas estudo da consultoria MB Associados mostra que um eventual governo do capitão reformado deve até conseguir aprovar as reformas, mas com dificuldade de articulação com um congresso refratário à agenda liberal.

Nesta toada, o Brasil cresceria 2% em 2019, número similar ao melhor cenário de um governo petista. No pior cenário com Haddad, a economia voltaria à recessão. No cenário dos sonhos com Bolsonaro comprometido com uma agenda liberal e bem articulado com o Congresso, o crescimento pode chegar a 3% em 2019, calcula a MB. Mas esse cenário fica mais distante a cada “canelada” da campanha bolsonarista.

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