4 razões para não desacreditar dos bancos nacionais na bolsa
Bank of America lista falsos mitos pessimistas sobre as ações dos setor bancário brasileiro
Da Redação
Publicado em 14 de dezembro de 2010 às 18h44.
Última atualização em 13 de setembro de 2016 às 16h38.
São Paulo – Logo após garantir lugar no primeiro escalão dos lucros do terceiro trimestre, o setor bancário voltou recentemente ao foco dos investidores como protagonista de incertezas, no esteio da crise no banco Panamericano. Ao mesmo tempo, investidores estrangeiros compartilham de um certo pessimismo quando o assunto são os bancos brasileiros. Há uma série de mitos que desenham um cenário de desvalorização para as ações do setor. Os argumentos usuais são de que os preços dos bancos já estariam exacerbados em bolsa, a falta de catalisadores de curto prazo e a existência de risco regulatório sobre o setor bancário. São impressões falsas e contrariam o potencial de crescimento dos bancos nacionais, defende o Bank Of America Merrill Lynch. Em relatório publicado nesta semana, os analistas Jorg Friedemann, Jose Barria e Renato Schuetz desmistificam quatro falsas verdades sobre o setor e reiteram a recomendação de se manter ofensivo no segmento. Dos quatro grandes bancos incluídos na cobertura do BofA, três ganham recomendação de compra: Bradesco, Banco do Brasil e o top pick Itaú-Unibanco. Santander foi o único a receber recomendação neutra. Conheça, nas próximas páginas, quatro motivos para continuar a apostar as fichas nos bancos nacionais.
O erro é normalmente cometido pelos investidores que olham para os bancos brasileiros no longo prazo (normalmente antes de 2004) e concluem que o valuation parece exacerbado. Os analistas lembram que 2002, por exemplo, foi um período de forte alta para a percepção de risco no país. “Ao mesmo tempo, o retorno sobre os ativos (ROEs) expandiram com os impactos positivos do desenvolvimento do crédito ao varejo, combinado com uma melhora da qualidade dos ativos e as taxas de juros mais elevadas”, diz o banco. “Recomendamos aos investidores que procurem em uma série temporal de cinco anos, uma vez que bancos e os fundamentos macro estariam mais afinados para basear a avaliação”. O preços então seriam condizentes à realidade: caros, mas não proibitivos, ainda mais quando baseados em sólidos indicadores de crescimento.
Outro ponto falso. Ainda que o sistema bancário seja escrutinado de perto pelo Banco Central, o fato é que os grandes bancos sofrem pouquíssimo risco de intervenção. Mesmo crises internas, como o caso do médio Panamericano, ainda que aumentem o desconforto, não sinalizam risco de contaminação. O lado mais vulnerável às solicitações de transparência, os negócios com cartões de crédito, representa apenas 9% da receita total e não têm potencial para impactar o lucro por ação, escrevem os analistas.
De fato, catalisadores consideráveis não constam do calendário do setor. Mas a desvantagem é coberta com folga por sua blindagem à inflação. O ponto é ainda mais estratégico quando se leva em conta os riscos de alta da inflação e seu impacto negativo na economia nacional. “Embora a maior parte do Ibovespa venha de ações ligadas às commodities, o Brasil é baseado no consumo doméstico de famílias e governo, que responde por 80% do PIB”. O banco cita relatório recente do estrategista do BofA para a América Latina Pedro Martins, que classifica o país como o mais exposto aos efeitos negativos da inflação na região. Martins também aconselha evitar companhias de alta alavancagem e ações cuja avaliação é muito dependente de hipóteses de crescimento de longo prazo.
Mais uma vez um deslize de contexto. Os analistas explicam: alguns investidores usam a taxa b´sica de juros nacional como uma medida de custo de oportunidade. Nesse caso, os títulos públicos pré-fixados em cinco anos estão rendendo cerca de 12,5% em reais, em linha com o custo médio de capital para bancos brasileiros. O argumento pessimista é baseado na ideia de que o crescimento de lucro por ação esperado para o período, estimado em 14,2% para os grandes bancos, não seria suficiente para justificar a compra dessas ações, tendo em conta o custo de oportunidade. No entanto, o cálculo do BofA para o lucro por ação para os outros setores não difere muito do retorno esperado para os papéis do setor bancário, defendem os analistas. “Supondo que a trajetória continue nos próximos, nossa avaliação sugere que uma ligeira expansão de múltiplos ainda é possível”.
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