3R Petroleum estreia na bolsa com IPO que desafia a onda ESG
Empresa especializada na extração de petróleo e gás em campos maduros movimentou 690 milhões de reais com sua oferta, abaixo do valor estimado
Da Redação
Publicado em 12 de novembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 12 de novembro de 2020 às 11h44.
2020 poderá ser lembrado como o ano em que ativos que atendem aos princípios ESG (sigla em inglês para meio-ambiente, social e governança) decolaram de vez e ganharam espaço nas carteiras de investidores. No Brasil, não foi diferente. Empresas que abraçaram valores da sustentabilidade, como a Ambipar, especializada na gestão ambiental de resíduos, encontraram demanda do mercado.
Mas isso não significa que não haja espaço para empresas da velha economia que ainda apostam em combustíveis fósseis. Essa é a tese que a 3R Petroleum coloca à prova com a sua estreia na bolsa brasileira, a B3, nesta quinta-feira, 12, com o ticker RRRP3.
A oferta pública inicial ( IPO, na sigla em inglês) movimentou 690 milhões de reais. O preço de estreia ficou em 21 reais, abaixo do piso da faixa indicativa, que era de 24,50 reais a 31,50 reais. Os recursos serão integralmente destinados para o caixa da companhia: parte será utilizada para a compra de ativos colocados à venda pela Petrobras, e outra parte, para reforçar a estrutura de capital.
A 3R Petroleum nasce a partir da união dos ativos da 3R e da Ouro Preto. É dedicada a campos maduros, cuja produção está em fase de declínio após terem atingido um pico, em águas rasas e campos terrestres. São ativos ainda rentáveis que estão sendo colocados à venda no mercado em maior número pela Petrobras, na medida em que a a companhia se dedica a campos novos em águas últraprofundas ou profundas, como os do pré-sal.
A 3R Petroleum é a primeira petrolífera a abrir o capital na bolsa brasileira depois de nove anos: a última havia sido a Queiroz Galvão Exploração e Produção, em 2011. No ano passado, a companhia mudou de nome para Enauta.
A 3R Petroleum estreia em um ano de forte desvalorização para a maior petrolífera negociada na B3. As ações ordinárias ( PETR3 ) da Petrobras acumulam queda de 25,5% neste ano, e as preferenciais ( PETR4 ), de 24,2%. Não é um caso isolado: no caso da Enauta ( ENAT3 ), a perda de valor das ações é ainda maior, de 33% ao longo deste ano.
Mas a Petro Rio ( PRIO3 ), que também se dedica a campos maduros, mostra resiliência neste ano: as ações estão praticamente estáveis, com ganho de 0,7% no ano. A empresa nasceu a partir de uma reestruturação da HRT, cujo IPO aconteceu em 2010.
A estreia da petrolífera acontece no dia seguinte à da Aeris, que fabrica pás utilizadas em usinas éolicas, um dos símbolos da energia renovável que faz parte dos ativos ESG. As ações da companhia ( AERI3 ) dispararam 17,29% no primeiro pregão, negociadas a 6,51 reais, atingindo a faixa indicativa que não havia sido alcançada no IPO (o preço havia ficado em 5,55 reais, ante faixa de 6,50 a 8,10 reais). A oferta movimentou 1,1 bilhão de reais.
O IPO da Ambipar movimentou também 1,1 bilhão de reais, e as ações da companhia ( AMBP3 ) acumulam alta de 7,7% desde a estreia em julho.
A 3R Petroleum é controlada por fundos de participação (FIP) geridos pela Starboard, uma butique financeira especializada em recuperação de ativos estressados. Outros acionistas são o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME ), a XP Investimentos e a DBO Energia, que reúne executivos brasileiros e noruegueses do setor e tem entre os sócios a centenária empresa alemã de energia RWE.