Livro de Howard Marks compartilha 7 lições sobre investimentos
“O mais importante para o investidor” é considerado uma das leituras obrigatórias para os investidores em ações
Fernanda Bastos
Publicado em 30 de abril de 2022 às 09h30.
Howard Marks, fundador da Oaktree Capital, é considerado um dos maiores investidores do mundo, referência no mercado de ações e principalmente em private equity, investimento em empresas privadas.
Boa parte de sua visão sobre o mercado está acessível em português por meio do livro “O mais importante para o investidor: lições de um gênio do mercado financeiro”, lançado em português em 2020. A obra, conhecida como um “guia completo sobre investimentos ”, já é um clássico entre investidores estrangeiros desde o lançamento, em 2011.
Entre os diversos ensinamentos deixados por Marks, a EXAME Invest separou sete dicas de ouro presentes no livro “O mais importante para o investidor”. Veja abaixo:
Controle o seu psicológico ao investir
Por ser um mercado altamente especulativo, os fatores psicológicos – como por exemplo, ganância, medo e conformismo – influenciam os investimentos mais do que algumas pessoas possam acreditar. “A relação entre preço e valor é influenciada por fatores psicológicos e técnicos”, diz o escritor.
Marks define essa potência do psicológico do investidor como “forças que podem dominar os fundamentos no curto prazo”, ou seja, dependendo de como o investidor enxerga o universo do mercado de ações, isso pode influenciar sua visão de mercado – impactando suas decisões, tanto para um lado mais otimista quanto para uma percepção pessimista.
Para Marks, "[o psicológico dos investidores] e sua capacidade de influenciar nossas ações atinge profundidades, especialmente quando estão em pontos extremos e são compartilhados pelo rebanho". Então o desafio é romper os paradigmas da maioria para ser capaz de acessar uma outra percepção diante dos investimentos.
Preste atenção ao valor do investimento
Nas palavras do investidor de sucesso, “a melhor base para o êxito de um investimento – ou o êxito de uma carreira de investimentos – é o valor”. É por meio da análise das possibilidades de investimento que o assunto torna-se algo mais descomplicado, principalmente ao investidor com menos experiência.
Dentre os pontos que precisam ser analisados para julgar se um investimento é ideal ou não, existe a capacidade do ativo ou da companhia de gerar caixa. Marks destaca a diferença entre ativos de “valor” e de “crescimento” , sendo que os primeiros já são geradores de caixa enquanto os segundo estão precificando um valor no futuro – que pode, ou não, se concretizar. Para o investidor, o ideal seria adquirir ativos de crescimento a preços que reflitam o valor que os ativos têm no presente. O guru ressalta, no entanto, que nem sempre é possível encontrar ativos a esse preço.
Tenha embasamento em fundamentos sólidos
Segundo o autor, a percepção de valor deve ser embasada em fundamentos factuais. O desafio do investidor está em perceber o momento de compra e venda de uma ação e manter esse posicionamento mesmo diante das oscilações do mercado. “Apenas um forte senso de valor nos dará a disciplina necessária para obter lucros”, escreveu.
Esse pensamento seguro sobre as decisões financeiras é o que Marks denomina de "pensamento de segundo nível". É o tipo de estrutura de pensamento que sabe fazer as perguntas corretas para se colocar diante de investimentos com qualidade, encarando os riscos sem ser influenciado. Já o "pensamento de primeiro nível" é aquele que segue a "psicologia do rebanho" e, por isso, quem tem essa forma de pensar não consegue romper a bolha para se tornar um investidor eficiente.
O autor recomenda alguns questionamentos aos investidores que buscam fazer melhores escolhas, como:
- Quais são as probabilidades de resultados futuros?
- Que resultado acho que pode ocorrer e qual é a probabilidade de estar certo?
- Qual é o consenso e como eu me diferencio dele?
Saiba aproveitar extremos de valorização
Marks diz que "as grandes oportunidades de compra e venda associam-se a extremos de valorização e, por definição, não ocorrem todos os dias". Então é necessário perceber o momento desses extremos para decidir se vai vender na alta, comprar na desvalorização ou manter um ativo em sua carteira para que ele se valorize novamente.
Para o autor, o essencial em momentos como esse é desenvolver um senso de extrema cautela para saber analisar o momento com uma visão que considera a macroeconomia e os ciclos do mercado.
Se atente a subprecificação e o risco
A subprecificação das ações – quando um papel é negociado abaixo do seu valor intrínseco – é uma das características que podem tornar os investidores mais pessimistas e inseguros diante das suas escolhas. Para Marks, é importante ter em mente que a subprecificação não é sinônimo de que o mercado melhorará em breve.
Nesses momentos de baixa, o autor aconselha ter muita paciência e força para manter as posições enquanto faz sentido para os objetivos financeiros e pessoais do investidor.
No livro, Marks amplia a definição de risco para além da volatilidade. "O risco que mais importa é o da perda permanente", afirmou. O livro evidencia a necessidade de cada investidor entender o potencial de perda – que é diferente em cada investimento – e estar disposto a assumi-lo.
Aprecie a confiabilidade dos investimentos defensivos
Muitas pessoas associam ao mercado de ações uma certa sensação de empolgação diante da imprevisibilidade. Porém, quando só consideram as oscilações das ações – tão amadas pelos traders, por exemplo –, muitos investidores podem ser seduzidos e esquecer que uma das muitas funções das ações é servir como um retorno seguro de valorização do capital existente da carteira.
Na opinião de Marks, "é improvável que [ o investimento agressivo ] gere ganhos tão confiáveis quanto os do investimento defensivo". Para o autor, a baixa incidência de perdas é um grande atrativo em investimentos e deve ser considerado uma opção àqueles que buscam sucesso em suas escolhas no mercado.
No investimento de risco, dois pontos devem ser considerados: o controle de risco e a margem de erro, chamados por Marks de "ativos ocultos". O objetivo do investidor defensivo é não só fazer a coisa certa mas evitar a escolha errada e ter uma margem de erro que torne os resultados mais pessimistas, caso aconteçam, mais toleráveis à carteira.
Tenha um olhar incomum
Marks conclui que, através de todos os pontos descritos anteriormente no decorrer das 207 páginas da obra, é preciso desenvolver uma forma única de olhar para o mercado – que seja, de preferência, diferente da grande maioria."Apenas os investidores com percepção incomum podem predizer com regularidade a distribuição da probabilidade que rege os eventos futuros e notar quando os rendimentos potenciais compensam os riscos", conclui o guru de investimentos.