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Ibovespa cai com tensão nos EUA mas sobe pela 3ª semana; dólar avança 1,4%

Bolsas americanas fecharam no vermelho, em meio a dúvidas sobre estímulos na economia do país

Painel de cotações da B3  | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

PB

Paula Barra

Publicado em 20 de novembro de 2020 às 09h19.

Última atualização em 20 de novembro de 2020 às 18h17.

Seguindo as bolsas americanas, o Ibovespa recuou 0,59% nesta sexta-feira, 20, indo para 106.042 pontos. Ainda assim, o índice continuou no azul e fechou sua terceira semana seguida de ganhos, acumulando, no período, uma alta de 12,8%, em meio à forte entrada de fluxo estrangeiro em novembro. No mês, até a última quarta, 18, o aporte de estrangeiros chega a 25,7 bilhões de reais, no maior nível da série de dados mensais, que vem desde o ano de 1995.

No exterior, investidores enfrentaram um pregão de quedas em meio a notícias contraditórias sobre estímulos fiscais nos Estados Unidos. Por lá, os três principais fecharam em baixa. Já o dólar fechou em alta de 1,39%, vendido a 5,387 reais. A moeda bateu a mínima do dia (5,2855 reais, queda de 0,52%) logo no começo da sessão e ganhou força até alcançar a máxima no começo da tarde (5,3928 reais, alta de 1,50%). O ganho desta sexta-feira é o maior desde 28 de outubro, quando a cotação saltou 1,42%. 

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Nas bolsas americanas, o Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 0,75%, 0,68% e 0,42%, respectivamente. Ontem, o secretário do Tesouro americano, Steven Mnuchin, informou, por meio de uma carta ao Fed, que não dará continuidade aos programas de estímulos feitos de forma conjunta, que terminam em 31 de dezembro. Na terça-feira, o presidente do Fed, Jerome Powell, indicou que não considerava apropriado permitir que os programas expirassem.

Por outro lado, ajuda a conter os ânimos uma esperança de que os senadores americanos retomem as conversas para aprovação de um novo pacote fiscal por lá. Segundo a CNBC, o senador democrata, Mitch McConnell, concordou em retormar as negociações sobre o pacote de ajuda fiscal em meio ao agravamento da pandemia no país.

Além disso, nesta manhã, a farmacêutica Pfizer solicitou uma autorização de uso emergencial ao regulador americano para sua vacina contra covid-19. O pedido acontece dois dias depois de a empresa afirmar que a imunização apresentou uma eficácia de 95% em testes de fase 3.

Ibovespa em ascensão

Em relatório de hoje, a equipe de análise do Credit Suisse comenta que as publicações de estrategistas globais com uma visão mais positiva para o Brasil e emergentes ganharam bastante destaque na mídia nas últimas semanas e podem ser vistas como um dos pilares por trás do avanço do fluxo de estrangeiros para o Brasil. Os analistas do banco comentam que seguem com uma visão positiva tanto para ações globais quanto para emergentes e Brasil. "Acreditamos em um avanco de 15% em ações globais para o final do ano de 2021, com a maior parte da valorização concentrada nos mercados emergentes". Na quarta-feira, o Morgan Stanley apontou que vê o Ibovespa fechando o ano de 2021 em 120.000 pontos. 

Já o BTG prevê o índice em 130.000 pontos no ano que vem. Em entrevista nesta quinta-feira, 19, o chefe de ações para a região da BTG Pactual Asset Management, Will Landers, disse que vê um potencial de alta de cerca de 22% no Ibovespa em relação aos níveis atuais. Landers está otimista com a bolsa brasileira diante da expectativa de uma recuperação nos resultados corporativos e de retorno dos investidores estrangeiros.

Porém, existem ressalvas. Para Lucas Monteiro, operador de multimercados da Quantitas, o movimento de capital externo para a B3 deve ser encarado como um cenário geral dos emergentes, e não específico do país. "O que pode atrair firmemente recursos para o Brasil é um desdobramento positivo na aprovação da Lei de Diretrizes Orçamentárias, respeitando a âncora fiscal que é o teto de gastos", afirma.

Dólar

O dólar avançou hoje após fala do ministro Paulo Guedes ontem indicando dificuldade no controle fiscal do país, diz José Faria Júnior, diretor da Wagner Investimentos.

Em evento promovido pelo Bradesco, o ministro disse que fará "o que for necessário" para reduzir a dívida do país, incluindo a possibilidade de vender um pouco de reservas. Ele comentou ainda que o país pode acabar retomando apenas o Bolsa Família em 2021, diante da falta de solução para bancar um novo programa de renda e voltou a falar também sobre a ideia de criar um imposto sobre transações eletrônicas passado o segundo turno das eleições municipais.

Para Faria, apesar da clara tendência de queda do dólar, a cotação em torno de 5,25 reais (0,03 centavos acima ou abaixo disso) é um bom ponto de compra. "O mercado está entrando em período sazonal de saídas para pagamento de dividendos. Some a isso, a inoperância do Congresso, o apagão dos dados da Covid no Brasil (estão piorando, mas não sabemos exatamente a situação e há riscos de novos lockdowns no país) e a compra de dólares pelos bancos no fim do ano. Apesar das promessas do BC de atuar no mercado cambial, a faixa em torno dos 5,25 reais é boa para compra, ao menos por uns 90 dias, até a situação ficar mais clara", comenta.

Bolsas europeias

Nos mercados europeus, as principais bolsas fecharam no positivo, com o índice pan-europeu Stoxx 600 marcando ganhos de 0,52%. Por lá, líderes da União Europeia tentam aprovar pacote de socorro de 2 trilhões de dólaress para combater os efeitos da Covid, apesar dos impasses na reunião realizada ontem após vetos de Polônia e Hungria sobre a ajuda.

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