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Ibovespa cai 2,5% em agosto e fica no vermelho pelo 2º mês seguido

Petrobras e Vale puxam queda do índice no último pregão do mês; dados da China preocupam

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 | Foto: Germano Lüders/Exame (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 31 de agosto de 2021 às 17h27.

Última atualização em 31 de agosto de 2021 às 17h36.

O Ibovespa encerrou o último pregão do mês em queda, pressionado pelas desvalorizações de Petrobras (PETR3/PETR4) e Vale (VALE3) – os dois papéis com maior peso no índice. Nesta terça-feira, 31, o Ibovespa recuou 0,8%, encerrando o pregão aos 118.781 pontos. 

No acumulado de agosto, o índice acumulou queda de 2,48%, ficando no negativo pelo segundo mês consecutivo – em julho, o Ibovespa caiu 3,94%. O índice também perdeu a marca simbólica dos 120 mil pontos ao longo de agosto, impactado por riscos fiscais e turbulências políticas, que destoaram dos recordes e do otimismo externo. No ano, o Ibovespa está negativo em 0,20%.

No pregão desta sexta-feira, um dos fatores a influenciar o índice foi a queda das ações da Petrobras (PETR3/PETR4). Os papéis caíram 2,79% e 3,92%, respectivamente, repercutindo preocupações externas e internas.

No front interno, as ações da petroleira reagiram a declarações do presidente Jair Bolsonaro. Pressionado pelo aumento no preço dos combustíveis, o presidente afirmou em conversa com apoiadores que o governo irá "começar a trabalhar" no preço dos combustíveis buscando mudanças no ICMS. O temor do mercado é de que Bolsonaro implemente alguma forma de controle de preços, impactando o lucro e as ações da Petrobras.

As ações foram prejudicadas ainda pela queda dos preços do petróleo. A commodity caiu em torno de 0,8% no mercado internacional com a retomada da produção nos EUA após a passagem do furacão Ida no Golfo do México e em meio à expectativa de produção adicional da Opep+. A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, incluindo a Rússia, se reúne nesta quarta-feira para discutir o aumento de produção previamente acordado de 400 mil barris por dia ao longo dos próximos meses.

Outro fator a impactar o mercado foi o pessimismo no exterior com a desaceleração da recuperação econômica na China. Divulgado na última noite, o Índice de Gerente de Compras (PMI, na sigla em inglês) Industrial da China ficou em 50,1 pontos, praticamente na linha que divide a expansão da contração da atividade em relação ao mês anterior. Já o PMI Composto ficou abaixo da linha, em 48,9 pontos.

Por aqui, os dados negativos da China se somam à queda no preço do minério de ferro e derrubaram as ações da Vale (VALE3). Os papéis da mineradora recuaram 1,37% e pressionam o Ibovespa para baixo. As siderúrgicas CSN (CSNA3), Gerdau (GOAU4) e Usiminas (USIM5) também fecharam o dia negociadas em queda, com a CSN caindo 4,99% e liderando as perdas do Ibovespa.

O que ajudou a equilibrar as perdas do dia foram as ações dos grandes bancos. Com a maior representação do setor, o Itaú (ITUB4) subiu 1,31%, enquanto Banco do Brasil (BBAS3), Bradesco (BBDC4) e Santander (SANB11) avançaram 0,63%, 0,57% e 1,57%, respectivamente. 

A maior alta do Ibovespa no pregão ficou com os papéis da Braskem (BRKM5), que subiram 5,6% após a Unipar demonstrar interesse em seus ativos no ABC. Segundo reportagem do Valor Econômico, a Unipar Carbocloro chegou a apresentar uma proposta não vinculante à Novonor (antiga Odebrecht) pelos ativos da Braskem no Polo Petroquímico do ABC.

Maiores altas

Maiores quedas

BraskemBRKM5

5,60%

CSNCSNA3

-4,99%

CopelCPLE6

4,11%

AmericanasAMER3

-4,24%

Hypera PharmaHYPE3

3,49%

PetrobrasPETR4

-3,92%

Também entre as maiores altas, as ações da MRV (MRVE3) subiram 1,86% e chegaram a liderar as altas do Ibovespa mais cedo. Isso porque, nesta manhã, a empresa anunciou um novo programa de recompra de ações com objetivo de adquirir até 24,145 milhões de papéis, cerca de 8,2% do total em livre circulação. Considerando a cotação atual de cerca de 14 reais, o programa pode movimentar cerca de 340 milhões de reais.

Fora do Ibovespa, as ações da Rede D'Or (RDOR3) despencaram 6,11%, após o papel passar por um grande leilão ("block trade") que movimentou cerca de 2,64 bilhões de reais na B3 na manhã desta terça-feira

A empresa também anunciou que desistiu de realizar uma oferta pública de aquisição (OPA) para aquisição da empresa de diagnósticos Alliar (AALR3), cujos papéis encerraram o dia em queda de 16,98%.

Entre as justificativas para a desistência da OPA, a Rede D'Or citou a "redução da dispersão das ações de emissão da Alliar, em razão de aquisições realizadas recentemente por certos acionistas". Fundos ligados ao empresário Nelson Tanure compraram recentemente 26% das ações da Alliar.

Vale lembrar que, na véspera, o grupo Fleury (FLRY3) anunciou estar avaliando uma possível transação com a Alliar.

Bolsas globais

As bolsas de NY fecharam o dia em leves quedas após estabelecerem novos recorde na segunda-feira, 30. Os índices Dow Jones, S&P 500 e Nasdaq caíram 0,11%, 0,13% e 0,04%, respectivamente. 

Ainda assim, o S&P 500, um dos principais índices do mercado americano, fechou agosto em seu 7º mês consecutivo de ganhos são 9 meses no azul considerando os últimos 10 meses. Na véspera, o índice atingiu seu 53º recorde de fechamento de 2021.

No mercado europeu, o Stoxx 600 fechou em queda de 0,50%, após Robert Holzmann, membro do Banco Central Europeu (BCE) afirmar, que a retomada da economia europeia permite discussões sobre a redução da compra de ativos. A declaração ocorre em meio à alta da inflação no continente. Nesta madrugada, o Índice de Preço ao Consumidor da Zona do Euro bateu 3% no acumulado de 12 meses, o maior em uma década.

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