Prédios observados de baixo para cima (Germano Lüders/Exame)
Marília Almeida
Publicado em 21 de dezembro de 2020 às 06h00.
Última atualização em 10 de fevereiro de 2021 às 14h13.
Se todas as pessoas que estão em busca de imóveis até 80 metros quadrados para morar na capital paulista decidirem fechar o negócio hoje, o volume de casas e apartamentos disponíveis não atenderia a demanda: 7% dos clientes não seriam atendidos. A constatação é do estudo do portal imobiliário ZAP.
O levantamento identificou que a cidade sofre um descolamento entre o perfil dos imóveis mais procurados com os oferecidos pelo mercado. Os dados apontam que 15% buscam imóveis até 45 metros quadrados, mas apenas 7% dos anúncios têm esta metragem, o maior déficit em oferta.
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Sérgio Castelani, economista do DataZAP, explica que o descolamento é reflexo da prioridade por localização em detrimento de maior espaço. "Áreas centrais concentram emprego e renda, mas também terrenos menores e mais caros."
Apesar do descolamento registrado, o cenário deve mudar. De janeiro a setembro, pelo menos 80% dos lançamentos na capital foram de imóveis com até 45 metros quadrados.
A análise teve como base o volume de buscas nos portais ZAP imóveis e Viva Real e comparou a distribuição relativa entre a demanda e a distribuição relativa dos anúncios ofertados por características em São Paulo entre outubro de 2019 e setembro de 2020.
Em relação ao aproveitamento do espaço dos imóveis, a maioria (56%) das buscas na capital é por opções com até dois dormitórios.
A pesquisa também identificou dois perfis distintos de público para os imóveis com até 45 metros quadrados. Na região do centro expandido, esse tipo de espaço costuma ser do tipo Studio ou com apenas um dormitório, sem vaga de garagem e escolhido por quem mora sozinho ou por jovens casais. Fora da região central, a busca por opções com essa metragem é feita por famílias pequenas, que demandam dois quartos e uma vaga de garagem.
Se analisada a procura por quatro dormitórios ou mais, a demanda é menor que a ofertas em 6%. Enquanto imóveis com esse tipo de planta correspondem a 14% do anunciado, somente 7% dos consumidores têm interesse por eles.
Enquanto a capital tem ampla oferta de imóveis com três vagas de garagem ou mais, a maior procura é por opções com uma ou nenhuma vaga.
Imóveis com uma vaga e dois quartos são a combinação mais procurada e, ao mesmo tempo, a menos atendida.
O estudo também identificou desequilíbrio em relação a faixa de preço buscada. O maior gargalo está na oferta de opções de 200 mil reais a 350 mil reais, na qual a demanda está 5% acima da oferta. Os dados mostram também que enquanto 43% buscam comprar um imóvel até 500 mil reais, apenas 27% das opções à venda estão nesta faixa.
Já a busca por imóveis a partir de 750 mil reais tem oferta suficiente, mas não atende às necessidades do consumidor em relação à quantidade de dormitórios e vaga de garagem. Quando observados os números para imóveis acima de 1 milhão de reais, a oferta sobrepõe a demanda em 8%.