Invest

Com Vale e Petro, Ibovespa supera 113 mil e tem 5ª semana seguida de alta

Bolsa fecha acima dos 113.681 pontos de 21 de fevereiro, a sexta-feira antes do Carnaval que precedeu as fortes quedas nas bolsas globais

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 4 de dezembro de 2020 às 09h19.

Última atualização em 5 de dezembro de 2020 às 01h24.

O Ibovespa completou sua quinta semana consecutiva de alta, um feito que não ocorria desde o fim do ano passado. Além do otimismo com a iminência da vacinação para o novo coronavírus, que tem sido a principal razão para o rali nas bolsas do mundo todo, a expectativa por estímulos nos Estados Unidos também contribuiu para o tom positivo. O índice encerrou a sexta, 4, com avanço firme de 1,30%, para 113.750 pontos.

É um patamar acima dos 113.681 pontos de 21 de fevereiro, a sexta-feira antes do Carnaval que precedeu as fortes quedas nas bolsas globais com as informações de que o coronavírus começava a se espalhar fora da China. 

Onde estão as melhores oportunidades em meio à alta do Ibovespa? Descubra e saiba gerir melhor seus investimentos com o BTG Pactual Digital.

O Ibovespa foi favorecido ainda pela alta nas ações commodities, tendo os papéis da Vale (VALE3) e Petrobras (PETR3; PETR4) como as principais contribuições positivas, em pontos. As ações da vale -- assim com as das siderúrgicas -- subiram no embalo da alta no minério de ferro, enquanto a Petrobras caminhou em linha com o aumento nos preços do petróleo. Confira os principais destaques da bolsa em detalhes aqui.

No cenário externo, o otimismo cresceu com a esperança de um possível acordo entre republicanos e democratas para um pacote de 908 bilhões de dólares em estímulos para recuperar a economia norte-americana. Senadores republicanos já sinalizaram apoio. Ao Washington Post, o líder da maioria republicana no Senado, Mitch McConnell disse ter tido uma “boa conversa” com a presidente da Câmara democrata Nancy Pelosi.

No radar dos investidores, também estiveram os dados do mercado de trabalho dos EUA, que saíram abaixo das expectativas. O relatório de empregos não-agrícolas, o payroll, revelou a criação de 245.000 novos postos de trabalho, enquanto economistas esperavam 469.000 empregos. O efeito da divulgação foi limitado nas bolsas, embora o dado seja considerado o principal indicador econômico do mercado do país.

“Os números de pedidos de seguro desemprego já mostravam que o dado de novembro poderia vir fraco devido à segunda onda de coronavírus nos Estados Unidos e o payroll confirmou a piora” comentou Victor Beyruti, economista da Guide Investimentos.

“Apesar do payroll ter ficado muito abaixo das expectativas, o otimismo com a vacina e estímulos seguem impulsionando o mercado. Os investidores já estão precificando a volta à normalidade no primeiro semestre de 2021”, diz. Existe ainda a expectativa de que a decepção com os dados do payroll estimule a aprovação mais rápida dos estímulos à economia norte-americana.

Os três principais índices da bolsa americana fecharam em alta, com destaque para o S&P500 que subiu 0,88% e atingiu um novo recorde. O Dow Jones subiu 0,68% e o Nasdaq avançou 0,70%.

Na Europa, o impasse com o Brexit também teve pouco efeito sobre as bolsas. O índice FTSE 100 de Londres subiu 0,9%, recuperando máximas depois de nove meses, enquanto o índice pan-europeu avançou 0,59% -- sua quinta semana consecutiva no azul.

Dólar cai para R$ 5,12

A euforia também influenciou o mercado de câmbio. Nesta sessão, o dólar voltou a cair contra emergentes. O dólar fechou em queda e renovou uma mínima em mais de quatro meses nesta sexta-feira, engatando a terceira semana consecutiva de perdas conforme o otimismo externo sobre a recuperação econômica trouxe de volta investidores estrangeiros ao Brasil.

No fechamento, o dólar caiu 0,30%, a 5,12 reais, menor patamar desde 22 de julho quando encerrou o pregão cotado a 5,11 reais. Na semana, a cotação cedeu 3,77%, maior queda para o período desde a semana que terminou no dia 6 de novembro (-6,07%), nos dias seguintes à eleição norte-americana.

“O payroll impactou negativamente, mas existe também um pouco de realização no movimento. O mercado está tendendo mais para a queda dólar”, diz Vanei Nagem, analista de câmbio da Terra Investimentos.

Houve também impacto do cenário político. O vice-presidente Hamilton Mourão afirmou nesta sexta-feira considerar muito difícil que a reforma tributária seja aprovada este ano. Na véspera, o mercado assistiu a novos ruídos entre o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ) e o ministro da Economia, Paulo Guedes.

Ainda mercado local, investidores também estiveram atentos à discussão no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a possibilidade de reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado. Embora ainda faltem votos para encerrar a questão, a decisão deve ser favorável ao Rodrigo Maia e Davi Alcolumbre, respectivos presidentes da Câmara e do Senado, segundo apuração da Reuters. No mercado, a recondução dos dois é vista como positiva por serem políticos considerados reformistas e representarem uma menor incerteza.

Acompanhe tudo sobre:Ibovespa

Mais de Invest

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio