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Canal de Suez desbloqueado: o preço do petróleo vai cair?

Commodity vinha subindo com queda na oferta causada pelo bloqueio da rota marítima; investidores ficam atentos à reunião da Opep+ nesta quinta

Campo terrestre de petróleo: cotações continuam pressionadas no mercado (Shannon Stapleton/Reuters)

Campo terrestre de petróleo: cotações continuam pressionadas no mercado (Shannon Stapleton/Reuters)

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Beatriz Quesada

Publicado em 30 de março de 2021 às 06h30.

Última atualização em 30 de março de 2021 às 07h47.

O navio Ever Given não chegou a completar uma semana encalhado no Canal de Suez. Na manhã de segunda-feira, 29, o navio de 400 metros (maior que o Empire State) foi desencalhado. Os problemas para o transporte marítimo, no entanto, ainda estão longe de acabar.

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“Mesmo com o canal liberado, ainda é preciso considerar os congestionamentos já gerados em portos com a fila que se formou em Suez. É algo que vai levar semanas para se ajustar”, explica Jefferson Laatus, sócio e estrategista do Grupo Laatus.

Isso explica porque o desbloqueio do canal não foi suficiente para barrar a alta do petróleo na segunda-feira. O preço dos contratos futuros de petróleo Brent, referência para Petrobras, e WTI, referência para os Estados Unidos, chegaram a recuar 1% na mínima do dia, mas voltaram a subir. O petróleo Brent encerrou a sessão em alta de 0,98% e o WTI com ganhos de 1,33%.

Enquanto o navio estava bloqueando a passagem, houve certa pressão sobre o mercado de petróleo e os preços da commodity enfrentaram alta volatilidade na última semana. Cerca de 5% do petróleo bruto do mundo passa pelo canal, o que poderia diminuir a oferta pelo óleo.

Até então, o impacto sobre o mercado de petróleo havia sido reduzido porque os estoques da commodity estão em níveis elevados, em meio à pandemia do novo coronavírus. Mas, se o navio ficasse encalhado por semanas – uma hipótese que estava no radar –, a situação poderia se agravar rapidamente. 

Na sexta-feira, 26, quando a previsão era a de que o Ever Given ficasse preso por pelo menos mais uma quinzena, a commodity encerrou a sessão em alta superior a 4%.

Ainda assim, a desobstrução do canal não foi acompanhada de uma grande queda nos preços e nem será o caso, na opinião de Laatus.

Nesta manhã de terça-feira os preços do petróleo apresentam queda em torno de 1%, mas o estrategista aponta que a volatilidade causada pela desobstrução do canal foi pequena e que a tendência para o preço da commodity é continuar em alta gradativa, acima dos 60 dólares. 

Investidores também devem ficar atentos à reunião da Opep+ nesta quinta-feira, 1º de abril. O grupo da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e aliados, incluindo a Rússia, irá se encontrar para discutir políticas de produção.

A Opep+ tem restringido sua produção em cerca de 8 milhões de barris por dia para tentar manter os níveis de oferta estáveis durante a pandemia. Segundo fontes ouvidas pela Reuters, o grupo deve manter os atuais níveis de oferta, com a Rússia buscando um pequeno aumento de sua produção para atender a um aumento sazonal de demanda.

A expectativa do Goldman Sachs é a de que a produção da Opep+ seja aumentada lentamente para compensar a recuperação mais demorada dos mercados emergentes e da União Europeia. A médio prazo, o banco espera queda nos preços da commodity diante de uma nova onda de infecções causada por variantes do novo coronavírus.

Por outro lado, a recuperação das duas maiores economias do mundo, Estados Unidos e China, pode ser suficiente para manter os preços na trajetória de alta. “Os dois países estão com perspectivas fortes de crescimento, o que pressupõe retomada da atividade econômica e maior demanda por petróleo. O preço vai continuar para cima”, afirma André Perfeito, economista-chefe da Necton Investimentos.

 

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