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Selic em 2,75% ao ano: o que fazer com as aplicações em renda fixa

Além do aumento definido pelo Copom, a expectativa é de novas altas ao longo do ano. Analista do BTG explica o impacto do indicador nos ativos de renda fixa

(Edson Souza/iStockphoto)
VD

Vanessa Daraya

Publicado em 17 de março de 2021 às 18h53.

Última atualização em 22 de março de 2021 às 17h16.

O Comitê de Política Monetária (Copom) definiu a elevação da taxa básica de juro de 2% para 2,75% ao ano nesta quarta-feira, 17. Diante dessa decisão que tira a Selic de seu menor patamar na história e de olho na curva dos juros futuros (que refletem as expectativas do mercado para as taxas), muitos investidores se questionam sobre o que fazer com a parte da carteira e dos investimentos que está alocada em renda fixa a partir de agora.

Odilon Costa, analista de renda fixa e crédito privado do BTG Pactual digital , alerta: mais do que olhar para a definição recente do Copom, é preciso observar com frequência e com bastante atenção as curvas de juros do país. São elas que vão definir o que fazer com a parte estrutural de sua carteira de renda fixa — sem considerar a reserva de emergência.

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Isso porque nada muda nas orientações para quem está preocupado com a alocação do montante destinado às urgências. Nesse caso, volatilidade baixa e alta liquidez continuam sendo os principais requisitos.

Investimentos que rendam o equivalente a 100% da Selic ou cheguem perto disso são os mais indicados, como Tesouro Selic (um dos títulos do Tesouro Direto), fundos de Tesouro Selic ou Certificados de Depósitos Bancários (CDBs) com liquidez diária, como dois oferecidos pelo BTG. Com prazos de 12 ou 24 meses, as taxas de remuneração equivalem a 103% e 104% do CDI — indicador que acompanha a Selic e é o principal benchmark dos ativos de renda fixa.

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Hora de correr mais ou menos risco?

 

O aumento da Selic já era dado como certo pelo mercado diante da forte alta do dólar e do aumento das expectativas de inflação. O IPCA de fevereiro superou as estimativas de mercado e ficou em 5,20% no acumulado de 12 meses, próximo do teto da meta de inflação, de 5,25% para 2021. O IPCA deve encerrar o ano em 4,60%, segundo o mais recente Boletim Focus com a mediana das projeções de analistas de mercado.

A expectativa é de mais altas ao longo do ano na taxa básica de juro, que deve chegar a 4,5% até dezembro de 2021. “Ou seja, a gente segue com juros reais negativos”, afirma Odilon Costa, em referência ao fato de que a inflação projetada vai superar a taxa Selic.

Por isso, para quem completou a reserva de emergência e sofisticou as aplicações dentro da renda fixa em busca de mais rendimentos, as recomendações são outras. “O mercado trabalha em cima das expectativas, e não do que aconteceu agora. Mais importante do que o aumento da Selic é o ritmo de aumento que teremos a partir de agora”, explica Costa.

O analista do BTG indica que o momento é de alongar a carteira de renda fixa. É preciso vender títulos curtos e buscar títulos atrelados ao IPCA — como o Tesouro IPCA — que tenham entre quatro e seis anos de duration. É o indicador do prazo médio de pagamentos dos juros e de recuperação do investimento (não necessariamente o vencimento do papel). Como o duration é proporcional ao risco, quanto mais longo ele for, maior é a intensidade de flutuações no seu preço.

Em outras palavras, a dica é correr um pouco mais de risco na renda fixa. “Claro que isso depende muito do perfil do investidor e do objetivo dele. Mas é melhor ter um pouco mais de risco de mercado na carteira, de volatilidade, do que ter um carrego que basicamente acompanha a inflação”, afirma Costa, se referindo a títulos curtos.

Ele ressalta que a remuneração atual do título não segue a taxa do momento da compra, mas a vigente. “Mesmo que tenha comprado um papel com IPCA + 5%, com a curva de juros no formato atual, os títulos curtos estão pagando IPCA + 0,5%. É por isso que eles não compensam. Não vão pagar a inflação”, explica.

De olho nas curvas de juros

 

Odilon Costa também destaca a importância de analisar com frequência as curvas de juros e o que o mercado projeta para a Selic de hoje até o vencimento dos títulos comprados. “Esse é o grande indicador da renda fixa. Não adianta olhar o CDI de hoje porque ele não representa a realidade do mercado de renda fixa, apenas uma parte”, afirma.

Ele explica que quem investe em renda fixa deve olhar periodicamente o papel e seus indicadores, e não apenas ficar no aguardo do vencimento. “É preciso criar o hábito de observar o mercado de renda fixa. Olhe as curvas de juros com a mesma frequência que avalia o Ibovespa para entender quando é o momento de compra ou de venda”, finaliza.

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