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Antes commodity estrela, ouro agora é lanterninha do mercado

Os preços à vista chegaram a cair para o menor nível em sete meses na sexta-feira, o que aprofundou a queda e rompeu um nível de suporte

Ouro: início de ano do ouro é o pior desde 1991 (Pixabay/Reprodução)

Ouro: início de ano do ouro é o pior desde 1991 (Pixabay/Reprodução)

Karla Mamona

Karla Mamona

Publicado em 19 de fevereiro de 2021 às 12h57.

O ouro começou o ano com expectativas elevadas na esteira de um recorde e maior ganho anual em uma década. Mas, agora, o metal precioso mostra o pior começo em 30 anos.

Os preços à vista chegaram a cair para o menor nível em sete meses na sexta-feira, o que aprofundou a queda e rompeu um nível de suporte que, segundo analistas, poderia prenunciar mais perdas. O ouro já caiu mais de 6% neste ano.

O metal, que subiu no ano passado em meio à demanda por ativos seguros devido à pandemia, baixas taxas de juros e gastos de estímulo, agora registra o pior desempenho em 2021, segundo o índice Bloomberg Commodity. De repente, o ouro enfrenta uma série de obstáculos inesperados.

O principal deles é a surpreendente resiliência do dólar e o aumento dos rendimentos dos Treasuries, já que indicadores econômicos mostram que a recuperação do impacto da pandemia está no bom caminho.

 

 

Com “as taxas subindo e expectativas de inflação atingindo o pico, vemos realização de lucro no ouro” com a migração para metais industriais como o cobre, disse Peter Thomas, vice-presidente sênior do Zaner Group, em Chicago. “É uma tempestade perfeita.”

O início de ano do ouro é o pior desde 1991, segundo dados compilados pela Bloomberg. A alta dos rendimentos do Tesouro pesa sobre a demanda por barras de ouro, que não rendem juros. Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA de 10 anos subiram para o nível mais alto em cerca de um ano nesta semana.

As expectativas de inflação também subiram, e as taxas de equilíbrio de 10 anos dos EUA atingiram o maior patamar desde 2014 no início da semana. Ainda assim, isso pode não ser tão favorável para o ouro como normalmente seria, de acordo com Carsten Menke, analista do Julius Baer.

Uma “recuperação rápida levará inevitavelmente a uma inflação mais alta. Isso não deve ser positivo para o ouro, pois é um bom tipo de inflação, que reflete uma aceleração da atividade econômica, e não um tipo ruim de inflação, sinalizando perda de confiança no dólar americano”, escreveu Menke em relatório. A recuperação econômica deve levar investidores a venderem algumas posições em ouro, disse.

Há sinais de que as vendas já começaram. As posições em fundos de índice lastreados em ouro caíram para o nível mais baixo desde julho, segundo dados compilados pela Bloomberg. Mas alguns acreditam em recuperação do metal precioso com a aposta de que a incapacidade de governos e bancos centrais de normalizar a política de estímulo vai impulsionar o ouro.

O Goldman Sachs disse no final de janeiro que, com as perspectivas de estímulo adicional e manutenção dos juros pelo Federal Reserve, o metal “continua sendo um investimento atraente para o investidor de médio a longo prazo”.

“Para nós, o comportamento do ouro no momento se assemelha ao de um tsunami: na primeira fase, a água recua (o preço do ouro cai) e, na segunda fase, retorna com ainda mais violência”, disse Daniel Briesemann, analista do Commerzbank. “No final do ano, vemos o ouro a US$ 2.000 por onça.”

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