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Ações nos EUA estão com ‘ótimo ponto de entrada’, diz GeoCapital

Aumento esperado de juros pelo Federal Reserve já foi precificado pelo mercado, diz Daniel Martins, CEO da gestora 100% voltada para investimento no exterior, em entrevista à EXAME Invest

Daniel Martins: CEO da GeoCapital: queda de ações nos EUA abriu oportunidades de compra | Foto: Divulgação (GeoCapital/Divulgação)

Daniel Martins: CEO da GeoCapital: queda de ações nos EUA abriu oportunidades de compra | Foto: Divulgação (GeoCapital/Divulgação)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 9 de fevereiro de 2022 às 09h33.

As bolsas americanas tiveram perdas históricas neste início de ano. O principal índice de ações dos Estados Unidos, o S&P 500, acumula queda acima de 5% no ano, enquanto a da Nasdaq supera os 10%. A GeoCapital, considerada a primeira gestora do país voltada exclusivamente ao mercado internacional, avalia o movimento como oportuno.

"Não quer dizer que não possa ficar ainda mais barato, mas é um ótimo ponto de entrada", afirmou Daniel Martins, CEO da GeoCapital, em entrevista à EXAME Invest

O iminente aperto monetário do Federal Reserve (Fed), que desencadeou o movimento negativo de janeiro, já foi incorporado nos preços das ações, segundo Martins. "Quando o Federal Reserve subir o juro em março, não será novidade. O mercado já antecipou."

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O CEO da GeoCapital pontua que, além da recente desvalorização em Wall Street, os resultados da temporada de balanços estão sendo positivos. "Há uma grande história positiva acontecendo na economia real."

Fundada em 2013, a GeoCapital tem crescido junto com o interesse cada vez maior do investidor brasileiro pela diversificação geográfica. Os fundos de investimento no exterior tiveram a maior captação líquida de 2021 entre os de ações, com saldo positivo de 27 bilhões de reais, de acordo com dados da Anbima (a associação que reúne as entidades de mercado de capitais).

A GeoCapital, por sua vez, elevou seu volume sob gestão em 40%, encerrando o último ano com cerca de 1,5 bilhão de reais. Confira a entrevista com Daniel Martins, CEO da GeoCapital.

A GeoCapital comenta em sua última carta que vê o “baratômetro” do mercado americano em níveis historicamente atrativos. O que isso quer dizer?

O baratômetro é a taxa interna de retorno vezes a participação das empresas em nossos portfólios. No início do ano, ele estava indicando retornos próximos de 15% ao ano, que é um patamar bastante atrativo. Não quer dizer que não possa ficar ainda mais barato, mas é um ótimo ponto de entrada. 

Com as quedas que observamos em janeiro, a GeoCapital considera que a oportunidade ficou ainda maior? 

Não foi só a queda que abriu oportunidades. Algumas empresas reportaram resultados muito sólidos neste início de ano. Há uma grande história positiva acontecendo na economia real.

O mercado antecipou o aumento de juros nos Estados Unidos. No meio do ano passado, o  mercado precificava nenhum aumento de juros em 2022 e somente um em 2023. Agora, o mercado já precifica mais de 90% de chance de aumento de juros em março, com possibilidade de mais de 80% de quatro altas de juros em 2022 e com mais de 60% para cinco altas. 

O juro ainda não mudou, mas o mercado já começou a precificar o aumento de forma mais acentuada. Quando o Federal Reserve subir o juro em março, não será novidade. O mercado já antecipou. 

A mudança de perspectiva sobre os juros americanos não tem alterado o fundamento sobre essas empresas? 

A queda não tem relação com as performances das empresas. O futuro vai dizer se o aumento de juros poderá atrapalhar os resultados, mas, no nosso entendimento, isso não deve se concretizar. 

Essa correção está mais ligada ao custo do dinheiro no tempo, com inflação e juros. Obviamente, a alta de juros impacta diferentes empresas de diferentes modos. Empresas de crescimento, com fluxo de caixa para prazos mais longos, matematicamente são mais afetadas pelo aumento de juros que aquelas que estão mais estabelecidas. Essas também podem ser afetadas, porque o custo do dinheiro muda como um todo, mas muito menos do que empresas de crescimento e tecnologia.

A GeoCapital aproveitou o momento para aumentar alguma posição?

O mercado é um pêndulo exagerado, que amplifica os movimentos. Estamos aproveitando para fazer ajustes nos portfólios. Do lado da economia real, o cenário parece muito positivo.

Temos feito movimentos, mas sem distinguir ação por valor ou crescimento. Vemos a taxa interna de retorno. A estratégia busca arbitrar sobre o retorno potencial. Temos tido mais dificuldade de justificar posições maiores em tecnologia. Acreditamos que essas empresas são muito boas, mas, pela metodologia de retorno esperado, não se justificava frente a outras oportunidades. Conforme a taxa se altera, fazemos ajuste no portfólio.

Em quais empresas a GeoCapital tem aumentado a aposta?

Uma delas é a Ilumina, de sequenciamento genético. É uma empresa muito dominante nesse segmento, que se tornou ainda mais relevante com a pandemia. Tínhamos a ação no passado, mas ficou cara. Com o estresse de mercado, o preço voltou a ficar atrativo. Também elevamos a posição na Visa, que tem uma história de cartão de crédito de que gostamos muito. Mas foram aumentos marginais, não chegamos a montar uma grande posição ainda.

Qual a mensagem para o investidor que o senhor gostaria de deixar? 

A importância de diversificar a carteira com ativos menos correlacionados com o Brasil será ainda maior neste ano, com incertezas políticas e econômicas no país. Investimentos no exterior ainda são pouco representativos no país.

Em 2022, vamos continuar caminhando para que mais brasileiros tenham um pouco de sua poupança aplicado em empresas estrangeiras, já conhecidas do ponto de vista do consumidor. Aproximar esses dois mundos tem sido nossa agenda há oito anos e vai continuar sendo em 2022. 

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