Inteligência Artificial

Nova esperança para o câncer: IA traz promessa para o tratamento de tumores cerebrais

A ferramenta CHARM promete agilizar a identificação de perfis genéticos de gliomas, podendo auxiliar em cirurgias e melhorar prognósticos de pacientes

André Lopes
André Lopes

Repórter

Publicado em 7 de julho de 2023 às 16h23.

Última atualização em 7 de julho de 2023 às 16h39.

Uma ferramenta de inteligência artificial (IA) chamada CHARM (Cryosection Histopathology Assessment and Review Machine) demonstrou potencial para auxiliar médicos no combate a tumores cerebrais agressivos, ao identificar características que orientam uma cirurgia de remoção.

A máquina analisa imagens para determinar o perfil genético de um tipo de tumor chamado glioma, processo que atualmente pode levar dias ou semanas, conforme relatado pelo médico Kun-Hsing Yu, autor sênior de um estudo publicado recentemente na revista Med.

Segundo a pesquisa, informações sobre o perfil genético de um tumor de glioma são fundamentais para decidir quanto tecido remover do cérebro do paciente e se implantar pastilhas revestidas com um medicamento para combater o câncer. Entretanto, adquirir essas informações atualmente requer testes que consomem tempo.

Como funciona a IA

A equipe de Yu treinou um algoritmo de aprendizado de máquina para realizar essa tarefa ao mostrar-lhe imagens de amostras coletadas durante a cirurgia cerebral, e então conferindo seu trabalho com os diagnósticos dos pacientes. A CHARM aprendeu a igualar ou superar outros sistemas de IA na identificação do perfil genético de um tumor.

Embora a ferramenta não seja tão precisa quanto os testes genéticos atuais, o sistema de computador pode prever o perfil de um tumor quase instantaneamente. Uma análise rápida poderia permitir que os médicos prossigam com o tratamento adequado sem o tempo adicional para agendar e realizar outra cirurgia.

Usando seus resultados juntamente com outras informações, "o clínico pode estar melhor preparado para tomar a decisão certa no local", escreveu Yu, professor assistente de informática biomédica na Harvard Medical School, cujo laboratório liderou a pesquisa.

A CHARM também pode diferenciar células tumorais malignas de células benignas e identificar a classificação de um tumor, uma medida de quão agressivo ele é. São diagnósticos que os patologistas humanos podem fazer durante a cirurgia, mas a ferramenta poderia eliminar a necessidade de uma espera de 10 a 15 minutos, ou de um patologista de plantão durante uma operação.

Teste ainda são necessários

Apesar de o estudo apresentar promessa, a CHARM ainda precisa ser testada em cenários reais, conforme declarado pelos pesquisadores em um comunicado à imprensa.

O trabalho da equipe de Yu faz parte de um amplo conjunto de esforços para utilizar a IA para melhorar o diagnóstico e o tratamento do câncer. Um editorial publicado na edição de junho da revista Lancet Oncology destacou a capacidade de alguns sistemas de identificar com precisão pessoas com alto risco de desenvolver câncer de pâncreas, pulmão e mama.

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