Dupla do Google DeepMind divide prêmio Nobel de química com bioquímico dos EUA
David Baker e cientistas do Google DeepMind, Sir Demis Hassabis e John Jumper, ganham prêmio por inovações na previsão de estruturas proteicas e design computacional
Repórter
Publicado em 9 de outubro de 2024 às 14h37.
David Baker, bioquímico norte-americano, e os cientistas da Google DeepMind, Demis Hassabis e John Jumper, foram agraciados com o Nobel de Química por suas descobertas que avançam na compreensão das proteínas, essenciais para a vida e a saúde. O prêmio foi dividido, com Baker recebendo metade do valor de 11 milhões de coroas suecas (cerca de US$ 1,06 milhão) pelo seu trabalho em design de proteínas computacionais, enquanto Hassabis e Jumper foram reconhecidos pela previsão da estrutura dessas moléculas.
O prêmio destaca avanços significativos nas técnicas que ajudam a entender como as proteínas funcionam e interagem para que as células vivas operem. Entre as inovações, os modelos de IA da DeepMind, como o AlphaFold, criaram novas esperanças para o desenvolvimento de tratamentos para doenças difíceis de tratar.
Baker, que dirige o Instituto de Design de Proteínas da Universidade de Washington, foi elogiado por "construir novos tipos de proteínas", enquanto a equipe da DeepMind resolveu um problema científico de 50 anos: prever a complexa estrutura tridimensional das proteínas. Heiner Linke, presidente do comitê do Nobel de Química, afirmou que "essas descobertas abrem vastas possibilidades".
Em uma ligação com o comitê do Nobel, Baker declarou que se sentia "profundamente honrado" e destacou o trabalho de outros pesquisadores que influenciaram suas conquistas. Ele afirmou que os novos métodos de IA são muito mais poderosos do que os modelos científicos tradicionais e que o design de proteínas pode impactar positivamente a saúde, a medicina e até áreas como sustentabilidade.
Avanços no uso da IA para proteínas e redes bioquímicas
Desde os anos 2000, Baker utiliza a computação para criar novas estruturas proteicas. Em 2022, as equipes de Hassabis e Jumper criaram o banco de dados mais completo e preciso já registrado, com a estrutura de cerca de 200 milhões de proteínas, acelerando novas descobertas biológicas.
Hassabis, CEO da DeepMind, descreveu o AlphaFold como uma maneira mais eficiente de resolver complexos problemas científicos, comparando o trabalho da IA a "procurar uma agulha no palheiro". A última versão do AlphaFold, lançada em maio de 2023, também cobre DNA, RNA e ligantes, componentes importantes na detecção de doenças.
A tecnologia do AlphaFold já foi aplicada em diversas áreas, como o desenvolvimento de vacinas e a descoberta de enzimas que ajudam na degradação de plásticos. A DeepMind também lançou a Isomorphic Labs, uma empresa focada em descobertas de medicamentos.