Inteligência Artificial

Cetaphil passa a incorporar inteligência artificial nos cuidados com a pele

IA de “cuidados com a pele” e app que simula rosto com injetáveis, o último feito pela empresa-mãe Galderma, trazem tecnologia ao movimento skincare

Laura Pancini
Laura Pancini

Repórter de Tecnologia e Inteligência Artificial

Publicado em 29 de maio de 2024 às 15h20.

Última atualização em 29 de maio de 2024 às 16h00.

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A inteligência artificial (IA) se tornou ainda mais popular com os chatbots como o ChatGPT e Gemini, que respondem como humanos a pedidos escritos ou falados. Mas essa é apenas uma das facetas da IA, que pode se tornar uma aliada de novos negócios e ideias em níveis que começam a ganhar definição nesse momento.

A Cetaphil, de produtos de skincare, lançou recentemente a Conhecendo a Pele, um aplicativo de realidade aumentada que sugere uma avaliação automatizada da pele a partir de uma foto do consumidor.

A companhia ressalta que a tecnologia não substitui a consulta de um dermatologista, mas pelo menos garante um direcionamento e, de quebra, umas recomendações de qual produto (da marca que, vale dizer, é conhecida por resultados confiáveis num preço salgado) comprar.

Como funciona a IA da Cetaphil?

Com o clique de uma selfie, a tecnologia compara a foto a um banco de dados de 70 mil imagens de peles diversas para criar um relatório personalizado. A ideia é que o resultado mostre pontos de atenção e propensão a várias condições, dividido em categorias como acne, vermelhidão, hidratação, manchas e rugas.

“As tendências mudam rapidamente, e vemos um interesse crescente por novos produtos e texturas inovadoras. Os consumidores estão cada vez mais informados”, comenta Bruna Pessuto, diretora de marketing da Cetaphil, que afirma que percebeu um aumento na demanda por produtos multifuncionais e rotinas de cuidados simplificadas. Ela também ressalta que o consumidor brasileiro tem o costume de buscar por produtos que são mais leves e deixam a pele com sensação de menos engordurada, devido ao calor da região.

Em testes feitos pela reportagem da EXAME, a repórter que vos escreve teve as seguintes impressões do aplicativo e acredita que, apesar de a selfie registrada mostrar uma versão muito mais aveludada da pele – por isso, talvez, e não estou querendo me gabar aqui, as pontuações sejam tão altas –, os resultados condizem com a situação real. Quando fiz a troca para a câmera do celular, vi uma versão bem mais realista das minhas olheiras profundas e bochechas com manchas de acne, mas não dá para falar que a ferramenta não percebeu elas. Vale ressaltar também que as pontuações de zero a 100 mudaram todas as vezes que tirava uma nova foto em outro ambiente, mas não mudaram o resultado da sugestão de produtos e permaneceram mais ou menos os mesmos valores.

Captura de tela mostra resultados da "Conhecendo a Pele" da Cetaphil (Cetaphil/Reprodução)

Apesar de ter consumidores mais exigentes do que nunca, a Cetaphil está comprometida em manter a “questão médica” dos cuidados com a pele sempre salientada. A ideia é que a inteligência artificial fique disponível no site da marca e não vire, por exemplo, um filtro mais descontraído para as redes sociais. “A ferramenta faz um mapeamento detalhado da pele para gerar recomendações específicas. Um filtro de Instagram não teria a mesma precisão”.

É possível acessar a IA “Cuidados com a Pele” gratuitamente pelo celular ou computador. No site, há um QR code que você pode escanear com seu celular para transferir a análise para o dispositivo móvel. Após tirar a foto, você recebe na hora um relatório com sua rotina de cuidados, que também pode ser enviado por e-mail.

Simulação em procedimentos estéticos

A Galderma, fabricante da Cetaphil que também oferece medicamentos de prescrição médica e dermocosméticos, também anunciou uma ferramenta de realidade aumentada que simula os efeitos de procedimentos estéticos injetáveis em tempo real. Esses tipos de produtos são usados, por exemplo, para preencher olheiras, contornar a mandíbula ou aumentar os lábios.

Recém-lançado, o FACE By Galderma já está disponível no Brasil, que foi um dos primeiros países a receber a tecnologia. A empresa ressalta que a ferramenta sozinha não pode substituir a consulta com um profissional da área, mas o app é destinado para ser usado exclusivamente em consultórios por profissionais de saúde injetores.

A EXAME testou o app, acompanhada de um profissional, e viu que a realidade aumentada pode trazer um pouco mais de tranquilidade para o consumidor inseguro sobre o procedimento. Ironicamente, mexer nele é tão fácil quanto brincar nos filtros do Instagram que deixam a boca gigante: basta mexer o dedo para cima ou para baixo e verá seu queixo, boca ou olheiras mudarem também. Mas as "extremidades" disponíveis no app da Galderma acabam sendo ainda bastante sutis, justamente por se tratar de um app feito para profissionais

“Usamos ferramentas de realidade aumentada para simular os resultados dos procedimentos. Isso ajuda os pacientes a visualizarem as possíveis mudanças e a alinhar expectativas”, disse o dermatologista Rafael Tomaz, médico especializado da Galderma. A partir de julho, o aplicativo passa a ter assinatura mensal de R$ 389,90.

Um estudo da Galderma feito com 170 pacientes, de países distintos, revelou que 72% deles agendaram um procedimento estético injetável após o uso do aplicativo. Além disso, 92% dos pacientes afirmaram que retornariam para fazer um procedimento estético injetável.

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