Apenas 20% das vagas em IA são ocupadas por mulheres. É preciso corrigir isso, afirma Moojan Asghari
Para a empreendedora iraniana fundadora do Women in AI, a diversidade é chave para o futuro da inteligência artificial e pode ser a solução para parte dos problemas que hoje são temidos
Repórter
Publicado em 23 de agosto de 2024 às 10h02.
Última atualização em 18 de setembro de 2024 às 18h04.
Nascida no Irã, onde 70% das mulheres se dedicam a estudos em áreas de engenharia, Moojan viu um cenário completamente diferente ao se mudar para a França há 12 anos. "Fiquei chocada ao perceber que, ao contrário do que eu esperava, a participação feminina nas áreas de ciência, tecnologia, engenharia e matemática (STEM) é incrivelmente baixa no Ocidente", contou.
Esse contraste a motivou a fundar a Women in AI, uma organização sem fins lucrativos que hoje conta com mais de 15 mil membros em 150 países. No evento IT Forum Praia do Forte, Moojan Asghari, nesta sexta-feira, 23, Moojan destacou a importância da diversidade e inclusão na construção de um futuro ético e sustentável para a inteligência artificial (IA).
De acordo com Moojan, que possui uma trajetória de mais de uma década no ecossistema tecnológico, o campo da IA reflete as dinâmicas sociais de exclusão e, sem uma mudança profunda, os sistemas de IA continuarão a reproduzir e perpetuar desigualdades. "A falta de diversidade na IA está criando problemas e vieses maiores do que nunca", afirmou.
Ela destaca queapenas 25% das vagas no ecossistema tecnológico são ocupadas por mulheres, número que cai para menos de 20% quando se trata de inteligência artificial.
A baixa presença feminina não só limita as oportunidades para mulheres, mas também acentua os vieses dos sistemas de IA. "A diversidade é um elemento-chave para a resiliência e a sustentabilidade das tecnologias que estamos construindo", diz.
Ao traçar um paralelo com a natureza, Moojan enfatizou que a colaboração e a diversidade são princípios fundamentais para a sobrevivência das espécies. "
A IA foi criada com base em princípios naturais, como as redes neurais e os algoritmos genéticos, inspirados em estruturas biológicas", explicou. Para ela, a inclusão de uma diversidade maior de perspectivas na criação de tecnologias permitirá a construção de sistemas mais robustos e éticos.
Moojan também é uma defensora ativa da educação como ferramenta para aumentar a participação feminina na tecnologia. Através da Women in AI, são organizados acampamentos de verão que ensinam meninas a programar e a trabalhar com IA desde cedo. "É crucial capturar o interesse das crianças no momento certo e mostrar que elas podem seguir carreiras na tecnologia", pontuou.
Outro aspecto abordado por Moojan é a relação entre a diversidade nas lideranças e o desempenho financeiro das empresas. "Mais mulheres em posições de liderança resultam em mais dinheiro para a organização", destacou, citando estudos que mostram que empresas lideradas por mulheres têm melhor desempenho e são mais propensas a tomar decisões que gerem impacto social e ambiental positivo. Para ela, é sinal de urgência por esforços contínuos para garantir que o futuro da IA seja inclusivo e ético.