Morre aos 111 anos o linguista chinês que revolucionou o mandarim
Zhou Youguang se tornou após sua aposentadoria em um feroz crítico do regime comunista chinês
AFP
Publicado em 15 de janeiro de 2017 às 15h31.
Última atualização em 15 de janeiro de 2017 às 16h02.
O linguista e dissidente Zhou Youguang, pai do "pinyin" - a escrita latinizada do chinês agora universal - e feroz crítico do regime comunista , morreu aos 111 anos em Pequim , informou neste domingo a imprensa estatal chinesa.
Zhou morreu em sua casa no sábado, um dia depois de comemorar o seu 111º aniversário. "Ele sobreviveu a várias eras e iluminou as pessoas comuns", afirmava neste domingo o jornal Diário do Povo.
Ele é conhecido como o principal criador de um sistema de transcrição dos caracteres do mandarim chinês para alfabeto latino introduzido na década de 1950 na República Popular e que se impôs no mundo inteiro.
O "pinyin" desempenhou um papel crucial na difusão do mandarim e na redução do analfabetismo na China, e foi essencial para integrar a escrita chinesa às interfaces da informática.
Enviados para viver no campo durante a Revolução Cultural, Zhou Youguang se tornou após sua aposentadoria em um feroz crítico do regime comunista chinês.
"Francamente, não tenho nada de bom a dizer sobre Mao Tse-tung", reconheceu em entrevista à AFP em 2015, quando tinha 109 anos de idade, enquanto lamentava as décadas "perdidas" pelo país.
Zhou publicou uma dúzia de livros que foram submetidos a cortes significativos da censura chinesa.
Defendia com especial virulência a ideia de que as reformas econômicas introduzidas por Deng Xiaoping na década de 1980 eram inúteis sem mudança política.