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Similares, investimentos em bitcoin e em ETFs de bitcoin não são a mesma coisa

Apesar das diferenças, coexistência é importante no aumento da adoção de criptomoedas, no desenvolvimento da indústria e na valorização dos ativos digitais

(24K-Production/Getty Images)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 11 de maio de 2024 às 10h05.

Por Fábio Plein*

Recentemente, durante um evento voltado a investidores, um dos participantes, admitindo que estava ali para aprender mais sobre o universo cripto, me fez a seguinte pergunta:

“Por quê investir em um ETF de bitcoin ao invés de investir diretamente em bitcoin por meio de uma exchange, tendo em vista que o principal apelo de moedas digitais é que sejam descentralizadas e isentas de intervenções?”

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A resposta é complexa e envolve diversos fatores, mas, sobretudo, o principal aspecto dessa comparação é que ETFs de bitcoin à vista e bitcoin atendem a diferentes investidores e necessidades de mercado, e que sua coexistência é importante no aumento da adoção de criptomoedas, no desenvolvimento da indústria e na valorização dos ativos digitais.

Descentralização e autonomia

O primeiro aspecto a ser analisado diz respeito à descentralização e à autonomia que investidores possuem sobre seus ativos ao optar por negociar bitcoins diretamente por meio de uma exchange ou por meio de um fundo de índice, um ETF. Ao investir por meio de um ETF de bitcoin à vista, o usuário não possui acesso direto à criptomoeda, mas sim à cota adquirida daquele fundo, que por sua vez faz a compra da moeda digital.

Já a negociação por meio de uma exchange, dá ao usuário a possibilidade não só de estocar suas criptomoedas, mas também de negociá-las e utilizá-las para diferentes finalidades.

Enquanto algumas pessoas optam por ter total controle sobre seus investimentos e mantê-los fora do sistema financeiro tradicional, outras, seja por desconhecimento e familiaridade com a tecnologia, falta de experiência com a classe de ativos digitais, preferem que a custódia de seus investimentos seja feita por uma instituição ou um fundo.

Diferentes classes de ativos para diferentes perfis de investidores

Ativos digitais são complexos, voláteis, e demandam ainda certa familiaridade tecnológica para que possam ser adquiridos, custodiados e transacionados. É, portanto, mais adequado para investidores que já possuem um certo nível de conhecimento sobre criptomoedas e o mercado.

A negociação de ETFs de bitcoin à vista por meio de uma corretora é um processo relativamente simples, e que isenta o investidor de responsabilidades diretas, como a custódia dos ativos e a performance de seus investimentos, uma vez que os resultados estão atrelados a um índice, e a gestão do fundo é feita pela instituição responsável. É mais indicado, portanto, para investidores que estão iniciando sua trajetória na indústria cripto e desejam ter uma exposição cautelosa a esse tipo de ativo.

Há ainda um outro perfil de investidor que vê nos ETFs uma oportunidade de fazer parte do mercado de criptomoedas. Os ETFs facilitam a entrada de investidores institucionais no universo cripto e atendem a uma demanda reprimida deles por uma forma de investir em criptomoedas por meio de um produto regulado.

De acordo com pesquisa recente feita pela Coinbase em parceria com o Custom Research Lab, investidores institucionais americanos esperam que ETFs de bitcoin à vista impulsionem uma forte demanda institucional por bitcoin e ether, e admitem entusiasmo com relação às perspectivas do mercado de ativos digitais em 2024.

Os números revelam que 59% dos entrevistados preveem aumentar as suas alocações nesse tipo de investimento nos próximos três anos, acima dos 32% dos entrevistados que tinham essa expectativa há um ano. Além disso, a maioria dos investidores (57%) prevê uma valorização dos preços dos ativos digitais nos próximos 12 meses, enquanto apenas 8% esperavam que os preços das criptomoedas apresentassem tendência de alta há um ano.

Coexistência e benefício mútuo

Apesar das diferenças entre os dois tipos de investimento, engana-se quem pensa que bitcoins e ETFs são concorrentes. Sua coexistência é fundamental e mutuamente benéfica por diversos fatores.

Os ETFs reforçam a legitimidade do bitcoin como uma classe de investimentos àqueles que não estão familiarizados com criptoativos, incentivando a adoção de criptomoedas e permitindo que esses usuários iniciem sua jornada no universo cripto, que poderá posteriormente migrar para outras formas de investir, incluindo a negociação de criptomoedas diretamente por meio de uma exchange, por exemplo.

No âmbito institucional, os benefícios desse tipo de investimento, que vão desde diversificação de portfólio até a proteção contra turbulências em mercados financeiros tradicionais e o combate aos efeitos de políticas fiscais adversas, estão agora disponíveis a milhões de investidores.

Outro aspecto fundamental diz respeito à relação entre aumento da demanda e liquidez. Os mercados de ETF não operam isoladamente. Cada vez que um ETF à vista é comprado ou vendido, há a necessidade de negociar o ativo subjacente. Isso significa que os ETFs de bitcoin à vista aumentarão o volume de negociações e a liquidez do bitcoin, aumentando sua atratividade para investidores.

A maior prevalência de ETF nas carteiras dos clientes deverá inspirar a criação de novos produtos financeiros, como empréstimos e derivados, que utilizarão ETFs regulamentados como blocos de construção.

Quanto ao desenvolvimento da indústria cripto como um todo, ETFs de bitcoin à vista representam o culminar de anos de esforço de um amplo grupo de participantes da indústria para alavancar novas tecnologias, produtos e serviços.

Sua consolidação será um fator catalisador no surgimento de novos casos de uso que impulsionarão a adoção de criptoativos por uma nova geração de pessoas, “growing the pie” para todos os players envolvidos.

Vê-se, portanto, que a resposta para aquela pergunta é bastante complexa, e que eu não teria o tempo necessário para respondê-la em sua totalidade. Daí a ideia de escrever este artigo, esclarecendo aquela que pode ser a dúvida de muitos investidores que desejam iniciar ou expandir sua jornada em cripto - motivados pelos seguidos recordes recentes de volume de ETFs negociados - mas que ainda não sabem como tomar a melhor decisão.

A Coinbase está orgulhosa do seu papel nessa jornada até aqui e de ter sido escolhida por algumas das maiores instituições financeiras do mundo para custodiar oito dos 11 ETFs aprovados e de ser a exchange mais confiável do mundo para a negociação de criptomoedas.

Mais do que isso, estamos entusiasmados sobre os próximos passos da indústria cripto global em direção à atualização do sistema financeiro mundial.

*Fábio Plein é diretor regional para Américas na Coinbase, corretora norte-americana de criptomoedas listada na Nasdaq.

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