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Há oito anos, Justiça dos EUA fazia 1º leilão de bitcoin; lucro do comprador supera US$ 600 milhões

Os cerca de 30 mil bitcoins vendidos por US$ 632 cada um, ou US$ 19 milhões no total, no primeiro leilão do tipo feito pelo Departamento de Justiça dos EUA, hoje valem US$ 630 milhões

Primeiro leilão de bitcoin confiscados por autoridades americanas completa oito anos com lucro milionário (KTSDESIGN/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

Primeiro leilão de bitcoin confiscados por autoridades americanas completa oito anos com lucro milionário (KTSDESIGN/SCIENCE PHOTO LIBRARY/Getty Images)

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Gabriel Rubinsteinn

Publicado em 27 de junho de 2022 às 18h00.

Última atualização em 27 de junho de 2022 às 18h48.

Há exatamente oito anos, em 27 de junho de 2014, Tim Draper desembolsou cerca de US$ 19 milhões para comprar 30 mil bitcoins em um leilão conduzido pelo Departamento de Justiça dos Estados Unidos. Foi a primeira ação do gênero no país e, apesar de ter sido motivo de piada no início, o investimento se mostrou altamente rentável: hoje, os mesmos 30 mil bitcoins valeriam cerca de US$ 630 milhões, apesar da forte queda recente no preço do bitcoin.

Draper é parte de uma família bastante conhecida no mercado de capital de risco nos EUA, cujos fundos de venture capital investiram em várias grandes empresas de tecnologia do Vale do Silício. Mas nem essa trajetória foi suficiente para evitar que o lance vencedor no leilão fosse ridicularizado, especialmente quando as criptomoedas, compradas a US$ 632 cada uma, despencaram 40%, para cerca de US$ 380, poucos meses depois.

No entanto, nos anos seguintes, o bitcoin começou a valorizar rapidamente e, mesmo com algumas quedas no meio do caminho, hoje acumula mais de 3.233% de alta desde o leilão. O valor seria ainda maior se o bitcoin não tivesse caído mais de 56% desde o início do ano, ou quase 70% desde o preço recorde registrado em novembro do ano passado, de US$ 68 mil.

As criptomoedas leiloadas tinham sido apreendidas por U.S. Marshals, os policiais federais dos Estados Unidos, em operação contra a Silk Road, mercado da deep web que tinha a criptomoeda como meio de pagamento e atraía uma série de criminosos, que usavam a plataforma para negociar drogas, documentos falsos e outros produtos ilícitos. Foram dois anos de investigação até que o fundador do marketplace, Ross Ulbricht, que seria a pessoa por trás do pseudônimo “Dread Pirate Roberts”, fosse preso e um total de 170 mil bitcoins fossem apreendidos, em 2013.

A prisão de Ulbricht, condenado à prisão perpétua, é motivo de polêmica nos EUA, já que muitos consideram a pena exagerada para alguém condenado por crimes não violentos. Há, inclusive, um forte movimento pela revisão da pena, e o próprio Tim Draper já se manifestou a respeito, apoiando uma petição com mais de 275 mil assinaturas que pedia sua liberdade.

Draper, no entanto, acabou se beneficiando da prisão de Ulbricht, mesmo que indiretamente. E ganhou bastante dinheiro com isso, pelo menos virtualmente, já que ele afirmou diversas vezes que boa parte das criptomoedas adquiridas no leilão ainda está guardada.

Além da fortuna em bitcoin, Tim Draper também foi um dos fundadores da Draper Fisher Jurvetson, que investiu em centenas de empresas em estágio inicial, de diversos setores, incluindo marcas como a Tesla.

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