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ETFs são "primeira camada de acesso às criptomoedas", diz executivo da CVM

Enquanto o mercado de criptomoedas ainda enfrenta dificuldades para lançar ETFs nos Estados Unidos, o Brasil tem avançado na área

ETFs de criptomoedas são a opção preferida de investidores profissionais (Reprodução/Reprodução)

ETFs de criptomoedas são a opção preferida de investidores profissionais (Reprodução/Reprodução)

João Pedro Malar
João Pedro Malar

Repórter do Future of Money

Publicado em 26 de outubro de 2023 às 12h27.

Última atualização em 26 de outubro de 2023 às 13h56.

Enquanto investidores esperam ansiosamente o lançamento de fundos negociados em bolsa (ETFs, na sigla em inglês) de preço à vista de bitcoin nos Estados Unidos, esses produtos já foram lançados no Brasil. É o que explicou Daniel Walter Maeda Bernardo, superintendente de supervisão de investidores institucionais da CVM, nesta quinta-feira, 26.

Bernardo falou sobre o tema durante sua participação no evento Blockchain Finance Brazil, organizado pela Cantarino Brasileiro e pelo Blocknews. O executivo destacou que, desde o lançamento dos primeiros fundos de criptomoedas no Brasil, os investidores brasileiros têm tido uma recepção positiva a esse novo tipo de ativo no mercado.

"O que nos interessa é saber como o investidor está reagindo, se surgem problemas, reclamações, e a experiência com cripto foi que, apesar de ser uma classe de ativos complexa, muito volátil, com uma propensão para reclamações, isso não aconteceu. O investidor brasileiro abraçou os fundos de cripto, mesmo em momentos de queda no mercado", destacou.

Segundo o superintendente, a experiência positiva que o mercado tem tido com esses fundos deu a "confiança" necessária para a CVM regular propriamente esses investimentos a partir da Norma 175, uma resolução publicada em 2022 e que definiu uma série de regras para as aplicações em fundos de investimento. No caso dos fundos de varejo, a aplicação em criptomoedas não pode superar 10% de sua exposição total.

Bernardo explica que, originalmente, esse limite era maior, de 20%, mas que havia sido apontado apenas como um esclarecimento em forma de parecer a um questionamento de agentes do mercado. Com a resolução, agora há um limite oficial aplicável para todos os fundos. Ao mesmo tempo, fundos de profissionais seguem sem limite de exposição.

"Nós temos vários degraus de categorias, limites de investimento a qualquer tipo de ativo, inclusive criptomoedas. E a gente precisava encaixar cripto em um desses degraus, e se entendeu que, pela volatilidade, complexidade, mereceria ficar na primeira categoria, junto com ativos de crowdfunding, créditos de carbono, ativos mais exóticos”, comenta o superintendente da CVM.

Mesmo assim, ele pondera que o impacto dessa limitação é menor do que se supõe, já que o mercado conta com outras formas de exposição a ativos digitais. É o caso dos próprios ETFs: "É um produto diferente, existe uma série de dores e complexidade para comprar cripto à vista que o ETF não tem. As dores de aquisição, negociação de cripto, deixam de existir quando fala de um ETF, então virou uma primeira camada de acesso".

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ETFs de criptomoedas no Brasil

Bernardo destacou ainda que, pelas regras definidas pela CVM, já é possível lançar ETFs com exposição ao preço à vista do bitcoin, apesar do parecer de 2018 ter criado alguma confusão sobre essa possibilidade. "Boa parte do mercado entendeu que só pode comprar bitcoin comprando cotas de fundo lá fora, mas não, o indireto significa que seria pelo exterior, já que aqui ainda não é regulado", explica.

"Você pode montar essa estratégia dentro dos limites, comprando seja cotas de fundos internacionais ou também comprando derivativos e até o ativo diretamente. Mas para um gestor de fundos acostumado com os regimes tradicionais, lidar com a negociação à vista de cripto é um desafio, um mundo novo que precisa se adaptar", destaca. Por isso, a oferta de ETFs à vista no Brasil ainda é baixa.

Um elemento que poderá aliviar essas fricções, segundo Bernardo, é o Drex. Na visão dele, o Banco Central "foi bem inteligente a ponto de ir até onde é conveniente e necessário. Ter uma CBDC é sensacional, porque reduz todas as fricções. É o que a stablecoin sempre buscou fazer. É uma ponte que permite ficar no blockchain comprando e vendendo os ativos. Mais intuitivo, simples, seguro e barato. É algo que vai alavancar o uso das inovações para fazer o ativo funcionar melhor durante a vida dele", avalia.

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