Bitcoin tem fim de semana de alta volatilidade, após nova ameaça da China | Foto Marc Bruxelle (Marc Bruxelle/Getty Images)
Gabriel Rubinsteinn
Publicado em 19 de abril de 2021 às 12h33.
Apontada como uma das causas para a queda de quase 15% no preço do bitcoin registrada no último domingo, a China pode ser também a responsável pela recuperação no valor da criptomoeda depois que um diretor do banco central chinês citou o bitcoin e as stablecoins como uma "alternativa de investimento".
No domingo, em consequência de um blecaute na região de Xinjiang, que possui grandes operações de mineração de bitcoin, o preço da criptomoeda despencou. O apagão elétrico teria sido o responsável pela queda brusca no hashrate do bitcoin - o poder computacional da rede, fundamental para processar transações e manter a blockchain segura -, o que, por sua vez, seria a principal causa por trás da queda nos preços.
No mesmo dia, entretanto, o diretor do Banco Popular da China, Li Bo, falou de forma positiva sobre o bitcoin e os criptoativos em um painel da CNBC na Ásia. Ao chamar o bitcoin e as stablecoins de "alternativas de investimento", Li Bo mostra uma mudança no tom de Pequim sobre o mercado cripto, depois que o governo local proibiu corretoras e ofertas iniciais de criptomoedas (ICOs) no país há quase quatro anos.
"Nós consideramos o bitcoin e as stablecoins como criptoativos... e isso são alternativas de investimento", disse o dirigente chinês. "Eles não são moedas per se. Então, o principal papel que enxergamos para os criptoativos no futuro é como uma alternativa de investimento".
Li Bo também afirmou que a China pode criar novos mecanismos de regulação para os criptoativos, mas que a interferência do governo pode ser mínima: "Muitos países, inclusive a China, ainda estão olhando para isso e pensando quais são os requisitos regulatórios. Talvez mínimos, mas nós precisamos de algum tipo de regulação para prevenir que a especulação desses ativos possa criar sérios riscos contra a estabilidade financeira".
Apesar de falar do mercado de criptoativos de forma positiva, marcando uma mudança de postura do governo chinês sobre o setor, Li Bo afirma que as regras atuais, que proíbem exchanges de criptoativos e ICOs no país, serão mantidas. Mesmo assim, a China continua sendo um dos principais mercados de bitcoin no mundo, já que os chineses encontraram maneiras de burlar as restrições sem cometer ilegalidades, negociando o ativo fora do país ou com transações ponto a ponto (P2P).
Nesta segunda-feira, 19, a principal criptomoeda do mundo tem mostrado bastante volatilidade. Depois de recuperar parte do prejuízo do domingo, subindo de 52 mil para quase 57 mil dólares, o bitcoin voltou a cair e, no momento, é negociado próximo de 55 mil dólares no mercado internacional, pouco mais de 5% acima da mínima dos últimos dias.