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Avanço do Pix e dos criptoativos no Brasil ajuda a estimular inovação no país, diz especialista

País avançou três posições no Índice Global de Inovação entre 2021 e 2022, com mais projetos de pesquisa e desenvolvimento

Especialista aponta alta demanda na população por novas tecnologias para o setor financeiro (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

Especialista aponta alta demanda na população por novas tecnologias para o setor financeiro (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)

O Brasil avançou três posições no Índice Global de Inovação (IGI) em 2022, em relação ao ano anterior, segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) no início do mês. Agora, o país ocupa a 54ª colocação na lista.

O resultado mostra que ainda é necessário um grande avanço, mas indica também um ambiente mais favorável para a inovação, ligada a projetos de pesquisa e desenvolvimento, e uma parte deste movimento se relaciona também ao avanço das finanças digitais no país, segundo o professor Jéfferson Colombo, da FGV.

Ele afirmou que o Brasil possui mais celulares do que habitantes, o que mostra como uma parcela considerável da população é conectada. Na área de finanças em específico, destacou o Pix como uma grande novidade, que tem impacto relevante no desempenho do país no ranking:

“Tinha uma carência de meios de pagamento que foi escancarada pelo Pix, por isso que deu muito certo. Havia uma demanda da população e uma ineficiência do setor bancário tradicional com limites de horários, taxa. O Pix resolve problemas, dores reais”, observou.

(Mynt)

Na visão do professor, a disseminação do Pix facilitou o surgimento de outros negócios que dependem da facilidade de pagamentos, em meio a uma demanda por ativos digitais. Ao mesmo tempo, essa demanda se manifesta pelo avanço dos criptoativos. “Está ocorrendo uma adoção grande. O Brasil sempre aparece no top 20 em rankings, estamos em 7º em adoção no ranking mais recente”, ressalta Colombo.

O contexto, opinou, é de desenvolvimento das chamadas finanças descentralizadas, o que abre margem para uma série de inovações, novas tecnologias e serviços.

Jéfferson também afirmou que o Pix representa uma solução centralizada, e que dá pistas também sobre planos futuros do Banco Central, em especial o desenvolvimento do chamado Real Digital, cuja aceitação pode ser grande por estar ligado ao Estado.

“Já os criptoativos trazem a solução descentralizada, mas ainda têm resistência na adoção, até como meio de pagamentos, além de algumas dificuldades de escalabilidade, tempo de transação, volatilidade no preço. São desafios para a expansão”, considera.

Ele considera que, no presente, já um grande desenvolvimento dessa indústria, apoiado ainda pela disseminação das fintechs, startups ligadas a serviços financeiros.

No caso das criptomoedas, ele avalia que “o mercado brasileiro evoluiu muito na oferta para investidores de varejo, tem grandes instituições financeiras, empresas oferecendo fundos estruturados, e teve uma adesão muito grande”.

“De futuro, tem toda uma discussão sobre usos da tecnologia da blockchain, e muitos apontam um futuro descentralizado, com as finanças descentralizadas, e o Brasil tem muitas oportunidades para o desenvolvimento dessa indústria, uma forma de conectar negócios, pessoas, eliminando intermediários”, diz Colombo.

Para Henrique Teixeira, Head Global de Novos Negócios da Ripio, o Brasil " visto internacionalmente como um terreno fértil e em processo de transformação acelerada para se tornar um dos maiores hubs de inovações tecnológicas e financeiras do mundo".

Em um artigo, ele avalia que "os brasileiros demonstram estar dispostos a ir cada vez mais fundo no mundo dos criptoativos", o que faz as empresas do país a buscar "adotar tecnologias que permitam novas possibilidades de negócios no segmento".

Pesquisa e iniciativa privada

Para o presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), José Luis Gordon, o resultado “é muito importante, demonstra que o setor empresarial brasileiro tem apostado cada vez mais na inovação como atividade chave, que vai ajudar a ser mais produtivo, e demonstra que podemos crescer e ter uma indústria mais inovadora”.

A própria Embrapii, uma organização social vinculada a quatro ministérios do governo federal, tem buscado atender a essa demanda por meio de apoios a projetos de pesquisa e desenvolvimento. Em 2021, foram mais de R$ 400 milhões em projetos contratados, e 2022 deve superar a marca.

“A inovação dá ganho de mercado, competitividade, e permite inovar em produtos, processos. A Embrapii fomenta esses processos, alavancando o investimento privado a partir de recursos recebidos no âmbito federal”, destaca Gordon.

Atualmente, a Embrapii possui mais de 900 projetos ligados à transformação digital, e a expectativa é que essas iniciativas aumentem ainda mais. “Hoje, o mundo está ligado à transformação digital, as tecnologias têm dominado a competividade das empresas, e a Embrapii quer participar para ser cada vez mais competitiva nessa agenda”.

“O Brasil avançou no índice global, mas pode fazer muito mais, e uma agenda importante é a da bioeconomia, ligados aos objetivos de desenvolvimento sustentável, onde o Brasil pode ser um dos líderes globais em inovação”, defende Gordon.

Mesmo com o avanço recente, o Brasil ainda segue distante dos principais mercados de inovação do mundo. Para Jéfferson, "uma barreira para o desenvolvimento de um ecossistema de inovação mais forte no Brasil ainda são as dificuldades que as empresas têm, em especial as pequenas e médias, para obtenção de capital externo para financiar atividades de inovação".

"Uma segunda barreira, em algum grau associada à primeira, é a falta de investimentos públicos em ciência e inovação, algo que deveria ser tratado com prioridade pois afeta diretamente a capacidade de aumento da produtividade da economia brasileira", diz o professor.

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