Pelé será enterrado no maior cemitério vertical do mundo; saiba detalhes
O rei comprou lóculos para a família no nono andar do prédio; ele, no entanto, será sepultado no primeiro andar para fácil acesso para visitação
Agência O Globo
Publicado em 2 de janeiro de 2023 às 17h04.
Última atualização em 3 de janeiro de 2023 às 17h13.
Pelé , que faleceu aos 82 anos e está sendo velado nesta segunda-feira na Vila Belmiro, em Santos, será enterrado em um cemitério vertical na mesma cidade. Trata-se do maior cemitério vertical do mundo, o Memorial Necrópole Ecumênica. Em julho de 2003, aos 62 anos, Pelé comprou lóculos (espaços onde o caixão é colocado) para a família no nono andar, em referência ao número da camisa que o pai usava quando era jogador. Pelé, no entanto, será sepultado em uma área especial, no primeiro andar do prédio, de cerca de 200 metros quadrados e que contará com algumas homenagens ao rei do futebol. Assim, segundo a administração do cemitério, o acesso para visitação será facilitado.
O local, que tem vista para a Vila Belmiro, o estádio onde o ex-jogador iniciou sua carreira esportiva, já recebeu os corpos do irmão, de uma tia e do pai de Pelé. Já o corpo de Sandra Arantes do Nascimento, a filha rejeitada por Pelé e que faleceu em 2006, está no mesmo cemitério mas fora do espaço para a família do rei.
Sandra, que nasceu em 1964 e foi fruto de relacionamento de Pelé com a empregada doméstica Anisia Machado, faleceu aos 42 anos.
Ela travou disputa na Justiça pelo reconhecimento de sua paternidade. Morreu sem nunca ter tido, de fato, o reconhecimento como filha, e só conseguiu incluir o sobrenome do pai em 1996. Seus filhos, Octávio Neto e Gabriel Arantes, se despediram do avô no Hospital Albert Einstein, a pedido de Pelé, e nesta segunda-feira, no velório.
"Foi um momento difícil no hospital. Acredito que a gente conseguiu finalizar perdoando mesmo, esse é o legado que tem que ser deixado. O perdão e o amor vencem todas as coisas", disse Octávio, nesta segunda-feira.
Gabriel completou:
"Os últimos momentos foram muito bons, apesar de tristes. Estávamos nos Estados Unidos e uma das minhas tias me ligou, a pedido do meu avô. Voltamos de prontidão direto para o [ Hospital Albert ] Einstein", contou Gabriel. "Conversamos, falei para ele tudo, o quanto o admirava como jogador e como pessoa. Ficamos com as mãos entrelaçadas orando, conversando… foi um momento muito triste, mas muito importante para mim e para o meu irmão."
Paz espiritual
Em 2003, Pelé chegou a declarar à TV Tribuna que havia escolhido o Memorial por causa da “organização, limpeza e estrutura". Ele escolheu o local para seu sepultamento pessoalmente, com o criador do Memorial, Pepe Altstut, falecido em 2021.
"É um local que transmite paz espiritual e tranquilidade, onde a pessoa não se sente deprimida, sequer parece com um cemitério", disse o jogador na época.
Instalado em Santos, o Memorial foi o primeiro cemitério vertical da América Latina e tem uma área de cerca de 40 mil metros quadrados. Além de grandes construções para abrigar centenas de sepulturas, o local é rodeado por reserva nativa e preservada da Mata Atlântica e abriga lagoas com carpas e tartarugas, um aviário e o Museu de Veículos.
Também foi o primeiro crematório de iniciativa privada do Brasil e levou pouco mais de dez anos para ter sua construção concluída.
Em 1991, no ano da inauguração, o espaço entrou no Guinness Book, o livro dos recordes, como o maior cemitério vertical do mundo, honraria que mantém há 31 anos. O prédio tem 14 andares e não há mais lóculos disponíveis. Para manter um lóculo, é preciso pagar entre R$ 40 a R$ 50 mil anuais.
O local foi concebido para solucionar um problema que perdurava há anos na cidade de Santos, a frequente realização de sepultamentos em meio a lama, decorrente dos lençóis freáticos existentes na região.
O espaço possui mais de 18 mil lóculos, salas de velório com suítes para repouso, cinerário, ossário, mausoléus e uma capela.
Segundo informações do Memorial, o local será ampliado, com a construção de um novo prédio de 108 metros de altura, o equivalente a uma edificação convencional de 40 andares. Com o novo espaço, que deverá ser concluído em até quatro anos, o Memorial aumentará sua capacidade para 25 mil lóculos.
O espaço conta com lóculos de dois nomes marcantes da música brasileira: Chorão, vocalista da banda Charlie Brown Jr., morto em março de 2013, e do baixista Champingon, da mesma banda, que perdeu a vida seis meses depois. O pugilista Éder Jofre, que morreu em outubro deste ano, foi cremado no Memorial.
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