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Olimpíadas de Paris 2024 podem ser as mais quentes da história; veja como isso afeta os atletas

De acordo com relatório divulgado por pesquisadores britânicos, há uma série de riscos ao competir em altas temperaturas

PARIS, FRANCE - JUNE 30: Tourists at Trocadero Plaza admire the Eiffel Tower adorned with Olympic rings, celebrating the upcoming Paris 2024 Olympic and Paralympic Games, on June 30, 2024 in Paris, France. Paris anticipates over 11 million visitors for the XXXIII Olympic Summer Games, primarily from France, as the city prepares for the event from July 26 to August 11 (Photo by Artur Widak/NurPhoto via Getty Images) (Artur Widak/NurPhoto/Getty Images)
Da Redação

Redação Exame

Publicado em 15 de julho de 2024 às 06h11.

O relatório climático “Rings of Fire” (Anéis de Fogo), divulgado pela Associação Britânica para Esporte Sustentável e pela organização de direitos humanos FrontRunners, constatou que existe a possibilidade das Olimpíadas 2024 , que acontecerão em Paris entre os dias 26 de julho e 11 de agosto, serem as mais quentes da história, superando a edição de Tóquio, que até então detém o recorde, com temperaturas que ultrapassaram os 34 graus na época.

O verão francês teve início no dia 20 de junho e permanecerá até o dia 22 de setembro, ou seja, durante todo o período dos jogos. Na mesma época do ano anterior, a capital francesa registrou picos de temperatura de mais de 40 graus. Para 2024, a expectativa é que a onda de calor se mantenha. Isso gera um alerta para os atletas, afinal, competir nessas condições pode gerar riscos como desidratação, insolação, tontura, desmaios e até a morte.

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De acordo com a Dra. Flávia Magalhães, médica e nutricionista que trabalha com esporte há 20 anos, o maior perigo do calor exacerbado para os atletas é a hipertermia, que ocorre com um aumento elevado da temperatura corporal, podendo levar a quadros graves como confusão mental e até mesmo problemas cardiovasculares.

“É necessário muito cuidado com a hidratação diária e com a supervisão. Por meio da urina conseguimos verificar se o atleta encontra-se hidratado, desidratado ou hiper-hidratado. Assim, são realizados ajustes antes dos jogos e treinos. Quanto maior a temperatura, maior o desgaste. Caso seja identificado um quadro de hipertermia, é necessária a intervenção imediata para o resfriamento do corpo, colocando gelo em axilas, virilhas e, se possível, submergir o indivíduo na piscina gelada para proporcionar um resfriamento mais rápido”, explica a médica.

O relatório “Rings of Fire” ainda compartilhou cinco recomendações para que os organizadores do evento possam combater a onda de calor sem prejudicar os atletas: estabelecer um calendário inteligente, adequando cada modalidade ao melhor horário para a sua prática; manter os jogadores em segurança, hidratados e com limites para a exposição ao calor; conscientizar a todos sobre as questões ambientais e mudanças climáticas; impulsionar a colaboração entre entidades esportivas e competidores em campanhas climáticas; reavaliar o patrocínio de empresas que não atuam 100% em conformidade com o meio ambiente.

Marina Stefani, fisioterapeuta esportiva associada à Sonafe - Sociedade Nacional de Fisioterapia Esportiva e Atividade Física, acredita que, apesar do alerta que traz a onda de calor, ainda é viável a realização dos jogos, desde que haja uma adaptação climática prévia entre os atletas e uma reposição de sais, eletrólitos e água durante as competições, para manterem sempre a hidratação adequada.

“As condições climáticas são muito variáveis. Não temos como definir se cada vez mais a temperatura se elevará, apesar de isso ser uma tendência, por conta do aquecimento global. Caso o local do evento tenha o histórico de grandes temperaturas, é preciso que haja medidas para preservar os atletas, seja mudar a data, alterar algumas atividades para locais fechados, realizar as provas em horários alternativos ou tendo algum esquema de climatização e hidratação adequado para todos”, aponta a profissional.

Tendo em vista essas variações climáticas e a iminente onda de calor que afetará o evento, o Comitê Olímpico do Brasil ( COB ) tem atuado ativamente para que os atletas brasileiros possam estar em perfeitas condições durante os Jogos.

“Pequenos detalhes fazem a diferença. Por isso, o COB não pensou duas vezes e decidiu alugar aparelhos de ar-condicionado para a instalação nos quartos da delegação brasileira, que ficará na Vila Olímpica. Não podemos correr o risco de os atletas, no momento mais importante de suas carreiras, não conseguirem descansar e estarem sujeitos a temperaturas elevadas nos quartos. É um custo elevado, mas entendemos como extremamente importante e iremos priorizá-lo para garantir condições adequadas para o descanso do Time Brasil”, ressalta Joyce Ardies, subchefe de missão do Comitê Olímpico do Brasil.

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