Carlo Ancelotti, um caçador de títulos na Europa
Treinador italiano é o primeiro a conquistar cinco títulos da Liga dos Campeões da UEFA
Redator na Exame
Publicado em 3 de junho de 2024 às 09h52.
Carlo Ancelotti, o técnico de cabelos grisalhos que já conquistou os maiores prêmios do futebol mundial, fez algo que poucos poderiam imaginar: deixou o glamour dos maiores clubes europeus para assumir o comando do modesto Everton. Porém, três anos depois, ele voltou ao topo do futebol, provando que é, de fato, um mestre na arte de vencer. O Wall Street Journal fez um levantamento dos últimos três anos da carreira do italiano.
Carlo Ancelotti vivia uma fase incomum em sua brilhante carreira como técnico. Um dos comandantes mais vitoriosos do futebol, que havia conquistado grandes títulos no futebol com AC Milan, Chelsea, Bayern de Munique e Real Madrid, estava no modesto Everton. Aos 64 anos, Ancelotti havia sido convencido a tentar algo diferente. Em vez de perseguir mais títulos da Liga dos Campeões, ele estava lá para desacelerar e construir um projeto a longo prazo.
Ele passou seu tempo planejando a reviravolta do Everton, caminhando na praia com sua esposa. Logo, Ancelotti ficou entediado. Projetos de recuperação não eram o que ele buscava.Ancelotti é um caçador de troféus.
Em 2021, o italiano de cabelos grisalhos voltou ao Real Madrid para uma segunda passagem como treinador. E agora, três anos depois, não há dúvida de que foi a decisão certa. Na noite de sábado (1º),a combinação perfeita entre clube e técnico entregou ao Real Madrid seu segundo título da Liga dos Campeões em três anos e o 15º no total.
‘Fome de títulos’
"No clube, há uma fome contínua", disse Ancelotti. A vitória por 2-0 sobre o Borussia Dortmund no Estádio de Wembley, em Londres, também o colocou em uma atmosfera rara no futebol, sozinho. Ele é o único técnico na história de sete décadas da competição a levantar o troféu cinco vezes, além de suas duas conquistas como jogador pelo AC Milan.
O mais impressionante em seu sucesso é que Ancelotti conseguiu isso sem uma filosofia de futebol discernível. Não há uma linha contínua de temporada para temporada na forma como um time de Ancelotti joga. Em vez disso, ele acumulou sucessos inimagináveis ao se adaptar, reinventar e confiar que o talento excepcional dos jogadores do Real Madrid encontraria uma maneira de vencer.
Gestão de pessoas
No segundo jogo das quartas de final contra o Manchester City, por exemplo, o Real Madrid mal se preocupou em manter a posse de bola. Madrid teve apenas 36% de posse, dobrando sem quebrar antes de finalmente derrubar o campeão europeu em uma disputa de pênaltis. Não houve conversa sobre brilho ofensivo ou compromisso com ideais de futebol daquela vez.
"Não vendem filosofia," disse o ex-técnico do Real, José Mourinho, na televisão britânica. "Eles colocam troféus no escritório."
Em 13 jogos da Liga dos Campeões nesta temporada, Ancelotti utilizou pelo menos cinco formações diferentes. Sua última e talvez mais importante mudança da temporada veio no intervalo no vestiário de Wembley, quando ele mudou o Real para uma formação 4-3-3 para o segundo tempo. Mesmo isso, Ancelotti diz, "não foi uma decisão só minha."
Essa abordagem não funciona com qualquer equipe. Ancelotti pode contar com a responsabilidade de seus jogadores principais por causa de quem eles são. As cabeças velhas e confiáveis em seu vestiário, como Toni Kroos, Luka Modric e Dani Carvajal, estão profundamente investidas na mitologia do Real Madrid. Cada um deles já tinha cinco títulos da Liga dos Campeões com o clube antes de sábado à noite. Eles tinham experimentado viradas épicas o suficiente para se convencerem de que sempre haveria mais. Eles viviam e respiravam a alma de um clube que se importava apenas em vencer, sem se preocupar com o modo como chegavam lá.