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Brasileirão 2023: a quatro rodadas do fim, público supera em quase 1 milhão marca alcançada em 2022

Em bilheteria, os R$ 435 milhões arrecadados até o momento representam crescimento de 40% em relação ao ano anterior

Brasileirão: dentre as principais médias, destacam-se Flamengo (57,2 mil), São Paulo (44,8 mil) e Corinthians (38,4 mil) (Ricardo Moreira/Getty Images)
Antonio Souza

Repórter da Home e Esportes

Publicado em 22 de novembro de 2023 às 12h27.

Última atualização em 22 de novembro de 2023 às 13h12.

Após parada para a data Fifa o Brasileirão segue com a realização dos jogos atrasados e chega à 35ª rodada a partir da próxima sexta-feira, 24. A quatro rodadas para o fim, a atual edição registra público total de pouco mais de 9 milhões de torcedores presentes nos estádios.

O número já supera em quase 1 milhão a quantidade que marcou presença ao longo de todo o torneio em 2022. Já em bilheteria, os R$ 435 milhões arrecadados até o momento representam crescimento de 40% em relação ao ano anterior.

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No momento, a média de público do campeonato ultrapassa os 27 mil, com 11 equipes apresentando mais de 30 mil torcedores levados ao estádio por partida. Dentre as principais médias, destacam-se Flamengo (57,2 mil), São Paulo (44,8 mil) e Corinthians (38,4 mil). As proporções registradas ao longo deste ano seguem sendo as maiores da história, superando os 22.953 torcedores presentes por jogo em 1983. Já em comparação com a última edição, que teve 21.646 torcedores por partida, a diferença é de quase 6 mil por confronto.

Na visão de Henrique Borges, CEO da Somos Young, empresa que trabalha com clubes como Cruzeiro, Vasco e Bahia, esses números são impulsionados pela recente alta dos programas de sócios-torcedores. Exemplos são os casos do Palmeiras, que quase dobrou a quantidade de associações durante o início do ano, e do São Paulo, que ganhou mais de 25 mil sócios em cerca de dois meses.

“Os programas de sócios-torcedores têm evoluído a cada ano, contribuindo diretamente para um aumento na média de público nos jogos, mesmo naquelas partidas com menor apelo. Isso porque muitos dos times adotam sistemas de pontuação em que os fãs com maior frequência em jogos têm prioridade na compra de ingressos para os principais confrontos. É uma estratégia que funciona bem, principalmente por garantir uma receita recorrente e por manter o estádio com um bom público durante todo o ano”, afirma Henrique.

No caso do Internacional, que é o quarto time com maior proporção de ocupação de sócios durantes os jogos, a categoria representa 63% do público total, quantia que só é inferior às de Corinthians (86%), Athletico-PR (77,5%) e Coritiba (83,4% ). O Colorado bateu recorde histórico, em outubro, de 129 mil associações e de R$ 8 milhões de arrecadação mensal com o quadro social. A antiga melhor marca era de 2019.

Já o Flamengo, clube de maior torcida do país, uma das apostas de atrativos para sócios é o oferecimento de soluções digitais. O rubro-negro utiliza desde 2017, por exemplo, a Plataforma ElevenTickets Imply para gerenciar seus canais de vendas de ingressos de forma integrada e conta com ambiente personalizado com experiências inovadoras e projetadas para os volumes de público que o clube costuma receber no Maracanã. Os associados ainda possuem formas exclusivas de acesso a setores específicos.

Para atrair maior interesse do público, outras vertentes que os clubes têm investido são os novos espaços para atrair diferentes faixas etárias de torcedores. Em São Paulo, por exemplo, Corinthians e Palmeiras apostam em espaços para toda a família nos dias de jogos, a partir de camarotes com festas infantis. “As crianças também são importantes consumidoras do grande produto que é o futebol. Essas ações voltadas para elas contribuem para que o local das partidas também seja percebido como um ambiente divertido para este público, que deve ser incluído nas ativações realizadas dentro das arenas esportivas”, afirma Alessandro Tomazelli, CEO da Companhia do Tomate, que opera no Allianz Parque, Neo Química Arena e Canindé.

Já dentro de campo, Sandro Orlandelli, membro da Uefa Academy, entende que o aumento do público nos estádios também passa por uma evolução recente do futebol brasileiro, traduzida em elementos como a média de gols da atual edição, que, na casa dos 2,48 por partida, é melhor desde 2011 — com proporção de 2,68. Nesse sentido, o especialista também avalia a influência de elementos como a chegada de estrelas internacionais como Suárez, Hulk e Lucas Moura.

“Sem dúvidas, a alta dos gols tem contribuído com a crescente do público. Neste processo, aumentou-se também a competitividade e a emoção dos jogos. Nos dias de hoje, o futebol apresenta muito mais transições, o que culmina em um jogo mais ofensivo e direto. É uma tendência do futebol e que naturalmente vem acontecendo em solo brasileiro. Vejo com muita clareza o quanto evoluiu a qualidade do nosso futebol nos últimos 5 anos. Também há detalhes como a vinda de atletas como Hulk, Suárez e Lucas Moura, que têm uma qualidade no refino técnico e são parte de um todo que compõem esta evolução”, explica Sandro.

Bilheteria elevada

Com mais torcedores presentes no estádio, o Campeonato Brasileiro de 2023 também tem se destacado pela arrecadação bruta total de cerca de R$ 435 milhões até o momento. O número supera em quase R$ 130 milhões a marca registrada na última edição, que terminou com arrecadação total dos clubes de R$ 307 milhões. No momento, as equipes que lideram no quesito são Flamengo (57,8 milhões), São Paulo (43,8 milhões) e Corinthians (37,9 milhões).

Os valores têm sido importantes para as metas orçamentárias de ambas as equipes ao longo da temporada. No caso do São Paulo, a arrecadação no Brasileirão é parte significativa dos R$ 106 milhões que o time soma com bilheteria ao longo de 2023. O número é quase o dobro do planejado para o ano (R$ 54 milhões) e, segundo a diretoria do clube, a arrecadação recorde ajudou para que o clube não tivesse a necessidade de vender jogadores no meio da temporada.

“Os torcedores são patrimônio dos clubes e podem ser fundamentais para elevar o faturamento das equipes. Um dos exemplos mais claros é a contribuição com a bilheteria a partir da compra de ingressos, podendo até mesmo cobrir prejuízos de outros setores do orçamento anual. Outras das opções são por meio das adesões a planos de sócios-torcedores ou através de vaquinha virtual, em que os fãs podem estimular resultados positivos dentro de campo ou arrecadar fundos para melhorias nas estruturas dos clubes”, ressalta Rogério Neves, CEO da Motbot, primeira plataforma de crowdfunding esportivo do Brasil.

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