Para que servem as tampinhas plásticas coletadas no metrô de São Paulo?
Case de sucesso em economia circular, programa já recolheu mais de 638 milhões de tampas, evitando a emissão de 2.250 toneladas de CO2
EXAME Solutions
Publicado em 15 de junho de 2023 às 08h00.
Quem circula pelo metrô de São Paulo provavelmente já se deparou com um tambor amarelo, em forma de garrafa, próximo às catracas. Espalhados por 64 estações da capital paulista, os recipientes fazem parte do Tampinha Legal, uma iniciativa que, por meio da coleta de tampas plásticas, ajuda o planeta e também causas sociais.
Coordenado pelo Instituto SustenPlást, do Rio Grande do Sul, com o apoio do Movimento Plástico Transforma, este um dos maiores programas socioambientais de caráter educativo em economia circular vindo da indústria de transformação do plástico da América Latina.
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Em pouco mais de seis anos, foram recolhidas, em nove estados brasileiros, mais de 638 milhões de tampinhas. Isso representa 1.148 toneladas de plástico que retornaram para a indústria pela reciclagem – em vez de ir para aterros e lixões – e 2.250 toneladas de dióxido de carbono (CO2) que deixaram de ser emitidas na atmosfera.
Só no metrô de São Paulo, 48,4 toneladas foram coletadas no ano passado e, neste ano, até o fim de maio 15,6 toneladas de tampinhas já tinham sido doadas.
O que é feito com as tampinhas coletadas
O Tampinha Legal conta hoje com 3.220 postos de coleta pelo país. Após recolhidas, as tampas plásticas são encaminhadas para entidades assistenciais que participam da iniciativa. Elas então separam por cor e armazenam os pacotes.
A equipe do programa vende esse material no mercado pelo melhor preço e repassa às instituições o dinheiro recebido, sem qualquer comissão. Fechando o ciclo, a indústria reutiliza o plástico para fabricar novos objetos como cadeiras, baldes e caixas.
Segundo Simara Souza, gerente do Instituto SustenPlást, as organizações participantes --326 atualmente-- usam o dinheiro como acharem melhor, desde que prestem contas, anualmente, dos recursos obtidos por meio do Tampinha Legal.
“Os valores podem ser destinados, por exemplo, a aquisição de mantimentos, ração animal, castração animal, alimentos para pessoas em situação de rua, medicação, tratamento de saúde, equipamentos (como cadeiras de rodas, ar-condicionado, fogão) e até para manutenção das sedes”, diz.
Só em 2022, mais de R$ 2,5 milhões foram arrecadados com o programa. Nos seis anos de funcionamento, muitas instituições inclusive puderam ser beneficiadas com quantias expressivas, que fizeram toda a diferença no trabalho dessas organizações.
“Uma instituição, que recebeu mais de R$ 120 mil, por exemplo, usou o dinheiro em uma grande reforma na área de hidroterapia para prestar assistência a pessoas com múltiplas deficiências”, cita Simara. “Também já houve entidade que estava fechando as portas e os recursos vindos do Tampinha Legal trouxeram sustentabilidade econômica”, acrescenta.
Para participar, as organizações do terceiro setor podem se cadastrar voluntariamente no site do programa.
Como contribuir com o Tampinha Legal
Para doar as tampas plásticas, e assim colaborar com a reciclagem e a manter os projetos de diversas entidades, é simples: basta separar o material em casa e entregar em um ponto de coleta (procure aqui o mais próximo).
“Qualquer tampa de plástico faz parte do programa, independentemente da cor e tamanho. Se é tampa e é de plástico, é Tampinha Legal”, explica a gerente do Instituto SustenPlást.
Como esse é um item comum e que todos podem juntar facilmente em casa, cada vez mais pessoas têm aderido à iniciativa. A comparação dos números de 2022 e 2023 é promissora: até o fim de maio, já havia mais coleta no Rio Grande do Sul (62 toneladas), por exemplo, do que o ano passado inteiro (50 toneladas).
Em São Paulo, os índices também sugerem uma alta relevante: cerca de 30 toneladas já foram recolhidas até maio, enquanto que em todo o ano de 2022 o volume foi de 36,8 toneladas.
“Tudo isso foi feito por mãos voluntárias, que compreendem que uma pequena atitude se transforma em aumento da qualidade de vida de muitas famílias. Quando mudamos o comportamento e começamos a realizar o destino adequado das tampas plásticas, atendemos ao tripé da sustentabilidade: econômica, social e ambiental”, finaliza Simara Souza.