Os quatro modelos de negócio que podem recuperar a Amazônia e desenvolver a economia, segundo estudo
Pesquisa da The Nature Conservancy e a Aliança pela Restauração da Amazônia avaliou mais de 60 empreendimentos para encontrar as áreas com maior impacto da bioeconomia
Repórter de ESG
Publicado em 28 de novembro de 2024 às 15h48.
A Amazônia enfrenta um momento crítico, com mais de 120 mil focos de incêndio registrados em 2024 e mais de 70 milhões de hectares desmatados nas últimas cinco décadas. Diante desse cenário, integrar preservação ambiental, restauração da biodiversidade e desenvolvimento econômico é essencial para mitigar os danos ao bioma.
Por isso, a The Nature Conservancy e a Aliança pela Restauração da Amazônia se uniram parainvestigar os modelos de negócios sustentáveis, explorando casos de sucesso que alinham economia e conservação. O estudo "Bioeconomia da Restauração na Amazônia" analisou 61 empreendimentos e identificou quatro modelos de negócios que geram restauração efetiva de áreas degradadas, além de destacar os pontos positivos e negativos observados no trabalho de 13 organizações-destaque envolvidas na bioeconomia.
Sistemas agroflorestais
O estudo avaliou que os empreendimentos agrícolas são ferramentas capazes de possibilitar tanto o desenvolvimento econômico do bioma quanto a melhoria da biodiversidade e a restauração produtiva da área plantada. Trata-se de áreas decultivo de espécies nativas da região, como cacau, café e açaí.
De acordo com a pesquisa, esses empreendimentos também possibilitam desenvolver sistemas econômicos inovadores para o bioma, como o blended finance e avenda de créditos de carbono, que podem financiar ainda mais sistemas produtivos alimentares.
Entre os benefícios está o impacto dos empregos a partir da mão de obra utilizada no plantio, a colheita e comercialização dos produtos.
Algumas das organizações que se destacam são Belterra Agroflorestas, Café Apuí Agroflorestal, Courageous Land, Coopercau e Rioterra.
Coleta de sementes nativas
São negócios e organizações voltadas para a recuperação deecossistemas degradados, como unidades de conservação, Terras Indígenas e áreas rurais. Esses grupos também contam com a colaboração e parceria com comunidades locais e povos indígenas para a bioeconomia e podem influenciar na criação de práticas sustentáveis de manejo da floresta.
Como ponto positivo, esses negócios propõem uma alternativa de renda para os povos que vivem no bioma, gerando também insumos para a recuperação das florestas. Os empreendimentos também enfrentam desafios técnicos e logísticos, como para criar e catalogar seus inventários de biodiversidade.
Segundo o levantamento,mais de mil pessoas são beneficiadas diretamente, enquanto até5 mil estão envolvidas indiretamentea partir da coleta das sementes. No entanto, o setor tem dificuldade para garantir empregos formais.
Os negócios de destaque nesta categoria são: Associação Rede de Sementes do Xingu (ARSX) e Rede de Sementes da Bioeconomia Amazônica (RESEBA).
Produtos da sociobiodiversidade
A partir do trabalho de cooperativas e comunidades tradicionais, o agroextrativismo na Amazônia rompe com o modelo de exploração de outras partes de bioma. A pesquisa informa que os grupos estão em diferentes graus de maturidade econômica e escala, mas que possibilitam a diversificação e verticalização da produção agrícola sustentável.
Entre os benefícios estão o aumento da biodiversidade e a relação positiva com as comunidades locais.
As organizações que se destacaram nesta iniciativa são: Amazonbai, Cooperacre, Cofruta e Caepim.
Restauração ecológica para geração de créditos de carbono
São empresas novas, com menos de cinco anos, que se especializam na restauração ecológica de larga escala em diversos biomas. Entre as áreas avaliadas é a categoria com maior resultado financeiro, apontado em milhões de dólares captados a partir do trabalho em áreas restauradas ou em restauração. Além da venda doscréditos de carbono, o setor também busca outros potenciais econômicos, comocréditos de biodiversidadee manejo de espécies nativa.
Ao longo dos últimos anos, mais de 10 mil hectares de pastagem antes degradada passaram por restauração a partir dessa indústria, o que representacaptura de mais de 5,5 milhões de toneladas de CO2nos próximos 30 anos.
O estudo avalia que são mais de 350 pessoas envolvidas no trabalho direto na Amazônia, além de outros 2 mil empregos indiretos previstos para os próximos quatro anos com a regulação do mercado regulado e o crescimento do mercado voluntário de carbono.
Os rendimentos das empresas avaliadas pela pesquisa são em cerca de R$ 800 milhões. São destaque na categoria: Mombak e re.green.