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Com biometano e H2 verde: novo plano de transição climática da Natura antecipa metas para 2030

A partir da modernização de maquinário e capacitação dos parceiros, fabricante de cosméticos vai zerar emissões de escopo 1 e 2 e reduzir no escopo 3 em 42% até final da década

Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da Natura América Latina, conta que a iniciativa inclui a modernização de equipamentos para gerar menor impacto ambiental (Natura/Divulgação)
Letícia Ozório

Repórter de ESG

Publicado em 12 de setembro de 2024 às 07h00.

A fabricante de cosméticos Natura acaba de lançar um plano de transição climática que busca zerar as emissões próprias de carbono até 2030 na América Latina. A meta visa incentivar a indústria na jornada contra eventos climáticos extremos, como secas e queimadas no interior do Brasil e enchentes no Rio Grande do Sul.

Buscandoreduzir em 90% as emissões no escopo 1 e 2, referentes à própria operação da companhia e ao uso de energia elétrica, a Natura investirá R$ 35 milhões em melhorias nas fábricas e operações diretas em todo o continente.

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Angela Pinhati, diretora de sustentabilidade da Natura América Latina, conta que a iniciativa inclui a modernização de equipamentos para gerar menor impacto ambiental. Maquinários, como caldeiras, sistemas de refrigeração e ar-condicionado, além da frota de veículos, serão modernizados para que possam operar com combustíveis limpos, como biometano e hidrogênio verde.

“A prioridade são as caldeiras, onde ainda temos muito impacto ambiental. As que são movidas por gás GLP, derivado do petróleo, serão substituídas por etanol ou insumos da biodiversidade”, explica. Entre os insumos, estão biomassa de madeira e casca de açaí.

Na fábrica de Cajamar (SP), foi aprovado umprojeto de instalação de caldeiras e frota movida a biometano, que pode ter um impacto ambiental até 96% menor em comparação ao uso de diesel, segundo estudo da Iveco. Fora do Brasil, onde a disponibilidade de fontes renováveis é escassa, outras opções são avaliadas de acordo com a infraestrutura local, como caldeiras elétricas.

No escopo 2, que trata das emissões provenientes da energia elétrica, a empresa avalia negociações de compra de fontes limpas, uma vez que outros países da América Latina enfrentam dificuldades na instalação de uma matriz energética de baixo carbono.

Impacto na cadeia de valor

A refrigeração de insumos e produtos também entra nessa área. De acordo com Pinhati, o aquecimento global exige mais esforços para manter a refrigeração sem aumentar o consumo energético e as emissões.

Além de uma indústria descarbonizada,o principal esforço da Natura para zerar as emissões está no escopo 3, que abrange a cadeia de valor, responsável por 98% das emissões da empresa. Até 2030, a Natura busca reduzir essas emissões em 42%, com o desafio de zerar até 2050. Pinhati destaca que descarbonizar os parceiros – que fornecem matéria-prima, embalagens, logística e material de apoio – envolve ações de engajamento.

“Queremos mobilizar toda nossa rede de trabalho, garantindo uma aliança regenerativa com os fornecedores”, afirma. Com base em um inventário de carbono, a Natura convidou os parceiros com maiores emissões a desenvolverem, junto à empresa, um plano de descarbonização.

A prioridade é implementar ações rápidas que possam reduzir as emissões na cadeia de valor. “Um de nossos fornecedores substituiu um forno movido a gás por biometano, o que já gerou uma redução de 16% nas emissões dele”, destaca Pinhati.

Estratégia de negócios

O desafio de expandir os negócios sem aumentar o impacto ambiental inclui até mesmo a base de matérias-primas utilizadas. A Natura avalia como utilizar fontes e processos produtivos com baixo nível de carbono. “É um desafio que requer milhões em investimentos em pesquisa e desenvolvimento, mas conectar os cosméticos com a biodiversidade gera benefícios em todas as frentes”, explica Pinhati.

A ação também será estendida às quase 2 milhões de consultoras da Natura, com a empresa esperando engajá-las na educação ambiental e incentivando a reciclagem das embalagens por meio de coleta seletiva.

Pinhati conclui que a iniciativa está alinhada com uma demanda crescente entre áreas financeiras e investidores, que buscam garantir que a agenda de sustentabilidade esteja integrada à estratégia de negócios. Segundo a diretora, o impacto da ação não será apenas interno: “Com o tamanho da Natura, podemos influenciar toda a cadeia de valor, puxando outras empresas a fazer o mesmo. Queremos contribuir para a construção de um futuro sustentável no Brasil ”, finaliza.

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