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Como a Fundação Estudar quer resolver os principais problemas do mundo

Rede voltada ao fomento da liderança e capacitação de jovens estudantes quer agora formar líderes que olhem para o impacto

Anamaíra Spaggiari, diretora executiva da Fundação Estudar: rede quer formar jovens que resolvam principais problemas da atualidade (Fundação Estudar/Divulgação)
MC

Maria Clara Dias

Publicado em 26 de março de 2021 às 14h39.

Última atualização em 13 de abril de 2021 às 17h23.

Com a pandemia de covid-19 , a Fundação Estudar se viu diante de um desafio inesperado: manter o legado positivo das últimas décadas com um toque de inovação e visão de futuro. O período de isolamento social levou os encontros, eventos e discussões da organização fundada há 30 anos pelo empresário Jorge Paulo Lemann, Beto Sicupira e Marcel Telles ao ambiente online. A digitalização, porém, não foi a única mudança na organização, que também passou a abraçar a agenda ESG (sigla em inglês para environmental, social and governance).

Esteja preparado para discutir sobre ESG e aprenda com empresas que já vivem essa realidade

A fundação, que é uma das principais redes de apoio a estudantes do país, tem hoje braços voltados ao ensino e profissionalização de jovens, dentro e fora do país. Já são mais de 77 mil pessoas alcançadas pelos cursos, 16 milhões de pessoas que tiveram acesso aos conteúdos digitais e 726 bolsistas beneficiados pelos programas de estímulo à liderança, que recebe inscrições para a nova edição neste link. “A pandemia permitiu que a gente inovasse em frentes que não prevíamos”, diz Anamaíra Spaggiari, diretora executiva da Fundação Estudar.

Os jovens bolsistas passaram a entender que causas ambientais, sociais e políticas eram parte essencial da formação profissional do futuro, segundo Spaggiari. Para lidar com a nova demanda, a Fundação Estudar quer prepará-los para estarem aptos a desenvolverem soluções de impacto e que considerem bons preceitos tecnológicos, políticos e ambientais no caminho rumo às cadeiras da alta liderança.

Com os elevados níveis de desmatamento em biomas essenciais para a economia, a instituição quer despertar o interesse pelo ensino voltado à criação de novos modelos de negócio que considerem impacto em todas as pontas. “Queremos incluir nas discussões a criação de um modelo de desenvolvimento econômico sustentável”, diz.

Um outro ponto será fomentar o empreendedorismo como resposta para solução de problemas similares e estimular o crescimento de empresas novatas. “Um dos grandes problemas que enfrentamos é  a morte súbita de empresas”, afirma. Dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostram que seis em cada dez empresas brasileiras fecham as portas em até cinco anos de existência.

Com a ascensão de diversos unicórnios, o ecossistema brasileiro se mostrou capaz de escalar suas soluções de tecnologia e pequenas empresas em velocidade recorde. Por essa razão, diz Sppagiari, com o estímulo de uma agenda ESG, os novos líderes estarão mais perto de reverter esse cenário e criar empresas resilientes e de longa data.

O ESG influencia até mesmo no perfil dos bolsistas, segundoFlorian Bartunek, presidente do conselho da Fundação Estudar. Para o executivo, hoje há um interesse maior por áreas como políticas públicas, terceiro setor e ciência. “Se há 30 anos atrás, os jovens queriam apenas a área de negócios, hoje eles estão com a cabeça mais holística e aberta, sobretudo pela preocupação com o seu entorno'', diz

Formação tecnológica

Solucionar todos esses problemas estruturais, segundo Sppagiari, depende de um fator elementar: a tecnologia. Para 2021, um dos principais esforços da Fundação será formar talentos na área. Para isso, decidiu criar um braço de apoio à formação de talentos com um programa de bolsas de estudo para alunos brasileiros nas melhores universidades de tecnologia do mundo.

Em uma outra frente, a rede criou um programa de mentoria e capacitação para que alunos da área desenvolvam habilidades técnicas e comportamentais essenciais. Foram 110 mil inscritos de 12 a 60 anos de idade em apenas oito meses. A Fundação vai também selecionar 400 jovens estudantes de tecnologia para um programa de mentoria e desenvolvimento voltado ao mercado de trabalho.

A preocupação é pertinente: estudos indicam que a escassez profissional em tecnologia é crescente. Segundo um relatório da Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação, o déficit de profissionais pode chegar a 260 mil até 2024.

A última aposta é a criação de uma “wikipédia audiovisual”, que será lançada em agosto e se chamará WikiTrampo. O projeto servirá como uma espécie de plataforma digital com respostas para as principais dúvidas de alunos sobre a carreira em tecnologia. Para colocar o projeto de pé, a Fundação receberá 4 milhões de reais pelos próximos dois anos. Os investidores não foram anunciados. “Queremos inspirar e informar mais jovens sobre o que de fato é a área de tecnologia para que ele possa ser um profissional mais completo”, diz.

Em três anos, esperam que ao menos 3 milhões de pessoas tenham se informado sobre carreira em tecnologia através da WikiTrampo. Destas, a Fundação espera que pelo menos 600 mil optem por trabalhar no setor depois de terem acesso a mais informações.

“Para os nossos próximos 30 anos, queremos que o impacto seja ainda mais escalável e acessível para que qualquer brasileiro que queira uma oportunidade, possa se preparar através da nossa plataforma”, diz Spaggiari.

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