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Com meta global de triplicar energias renováveis, países em desenvolvimento avançam mais rápido

Estudo do RMI divulgado em primeira mão pela EXAME revela que as economias emergentes têm 87% dos investimentos voltados para tecnologias limpas em 2024, mas ainda há um gargalo de financiamento

O Brasil se destaca como potência do G20 em renováveis, batendo o segundo maior aumento anual de geração de solar e ólica em 2023 e atrás apenas da China.
Sofia Schuck

Repórter de ESG

Publicado em 15 de outubro de 2024 às 07h00.

"Um dos dilemas datransição energética é que existem desafios em todos os lugares, mas as soluções superam as barreiras.É por isso que há uma curva de crescimento ", disseVikram Singh, Diretor Sênior do Sul Global do Rocky Mountain Institute (RMI), em entrevista à EXAME.

O especialista está à frente de um estudo exclusivo da RMI sobre a expansão das energias renováveis no mundo divulgado nesta terça-feira (15) e que revela que a implementação de fontes limpas está avançando mais rápido em países em desenvolvimento do que em economias desenvolvidas.

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Segundo Vikram, o cenário acontece por várias razões: estas economias estão em uma posição estratégica para crescer rapidamente no uso de renováveis e possuem recursos abundantes, tem menos obstáculos iniciais para superar, um forte incentivo econômico e uma demanda energética que está apenas começando a crescer. "Estão aproveitando a oportunidade em um momento em que as economias mais avançadas já reduziram os preços e resolveram muitos dos gargalos", explicou.

A exemplo, estariam questões regulatórias e de escala da tecnologia. Além disso, a maioria destes países dependem da importação de petróleo, gás e carvão, o que torna a transição para fontes limpas economicamente mais vantajosa, enquanto países como EUA ou a Rússia -- grandes exportadores de combustíveis fósseis -- não têm o mesmo incentivo.

"Os maiores desafios enfrentados pelas economias mais avançadas incluem a construção de redes, as políticas desatualizadas que precisam ser adaptadas para a era das renováveis, a resistência à mudança por parte de poderosos de combustíveis fósseis e a inércia. E asforças que estão os superando incluem fatores econômicos (preços mais baixos), segurança energética e a corrida por empregos e crescimento sustentável ", destacou Vikram.

Por outro lado, a falta de financiamento climático dificulta a meta de triplicar as renováveis globalmente, firmada na COP28 de Dubai. O tema é peça-chave nas negociações da COP29 em Baku, no Azerbaijão, momento em que os líderes mundiais devem negociar um novo objetivo coletivo de recursos para apoiar os países mais pobres -- inclusive em soluções de energia limpa.

Segundo a Agência Internacional de Energia (IEA), para atingir a meta até 2030, seria preciso quadruplicar os investimentos nestes mercados emergentes.

Nigar Arpadarai, Campeã de Alto Nível da ONU para a Mudança Climática na COP29, disse em nota que a COP traz uma oportunidade real de aproveitar coletivamente o crescente impulso da transição, garantindo que economias emergentes sejam totalmente apoiadas em seus esforços para desenvolver capacidade renovável -- junto com atualizações de redes e armazenamento de baterias. "À medida que o mundo busca alcançar as metas e dobrar a eficiência energética, devemos garantir que a transição seja justa e equitativa, para que nenhum país fique para trás", escreveu.

Com investimentos, estas economias emergentes na América Latina, África, sul da Ásia e sudeste da Ásia podem alcançar as nações mais ricas dentro de cinco anos, apontou o estudo. Além disso, três quartos da demanda de energia delas já se encontram em "ponto ideal" de mudança, com base no nível de importação de combustíveis fósseis, renda e recursos naturais disponíveis.

A análise também considera que existem diferenças regionais importantes: a América Latina atingiu mais de 13% de participação de solar e eólica e o Brasil se destaca como potência do G20 -- batendo o segundo maior aumento anual provindo destas fontes em 2023, atrás apenas da China.

O país teria cerca de 400 vezes mais recursos naturais do que produção de combustíveis fósseis. "A oportunidade para o Brasil e para o sul global em geral é aproveitar formas de explorar esses enormes recursos solares e eólicos. E usá-los para gerar mais eletricidade barata, aumentar o consumo e consequentemente, a riqueza da população. Preços mais baixos também irão atrair mais indústrias e gerar empregos", acrescentouVikram.

Tendências-chave das economias emergentes

Os pesquisadores também concluíram que os países em desenvolvimento apresentaram algumas tendências em comum: 87% dos investimentos em energia estão direcionados para tecnologias limpas em 2024. Ao mesmo tempo, a geração de energia solar e eólica aumentou a uma taxa média de 23% ao ano nos últimos cinco anos, e até 2030, esses países poderão adicionar tanta capacidade renovável quanto as economias desenvolvidas.

Outro destaque é que a paridade de custos abre caminho para uma mudança mais rápida, com a redução pela metade dos custos de energia solar em 2023. Ao mesmo tempo, 70% dos recursos naturais do mundo estão nas economias em desenvolvimento, enquanto a segurança energética é uma preocupação para 80% dos países em desenvolvimento.

Confira imagens de energia solar

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