Sede do BTG em São Paulo: banco se comprometeu a divulgar as emissões de gases de efeito estufa das empresas de seu portfólio em até três anos (Leandro Fonseca/Exame)
Rodrigo Caetano
Publicado em 19 de julho de 2021 às 12h57.
Última atualização em 19 de julho de 2021 às 12h58.
O banco BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME) anunciou nesta segunda-feira, 19, sua adesão à Parceria para Finanças Contábeis de Carbono (PCAF, na sigla em inglês), que busca relacionar as divulgações de emissões de gases de efeito estufa financiadas por empréstimos e investimentos. A instituição financeira brasileira se junta a outros 130 bancos e investidores que fazem parte da iniciativa.
“A adesão à PCAF vai nos permitir fazer um inventário das emissões não somente das nossas atividades, mas também dos negócios e investimentos em que atuamos”, afirma Rafaella Dortas, diretora responsável por ESG do BTG. “Também será possível ajudar nossos clientes a fazer a transição para uma economia sustentável, incentivando modelos de negócio de baixo carbono.”
Veja exemplos práticos de como as empresas geram valor aos seus negócios com as normas do ESG
A assinatura do pacto implica que o BTG se compromete a divulgar as emissões de gases de efeito estufa das empresas de seu portfólio em até três anos. Adicionalmente, o banco irá compartilhar com os signatários métodos e experiências de contabilidade de carbono.
O anúncio se dá em um momento em que as emissões de carbono ganham evidência em função de algumas movimentações. Na semana passada, a União Europeia anunciou um amplo pacote de projetos de legislação ambiental com o objetivo de acelerar a transição para a economia de baixo carbono.
Serão cerca de 10 projetos de lei para garantir que, até 2030, as emissões de carbono sejam reduzidas em 55% em relação aos níveis de 1990 – daí vem o nome da iniciativa, batizada de “Fit for 55”.
Entre as novas regras está a implementação de um imposto sobre o carbono nas fronteiras externas do bloco, cujo objetivo é dissuadir as empresas que planejam realocar usinas poluentes para jurisdições menos rígidas. Os exportadores que não cumprirem as metas de emissões serão obrigados a comprar licenças com base no preço do carbono vigente na União Europeia.
Mercado de carbono chinês
A China, maior fonte de carbono global, também está se movimentando. A potência asiática abriu um mercado nacional de comércio de emissões de carbono, um passo esperado há tempos para lutar contra as mudanças climáticas. O novo mercado já nasce como o maior em volume de emissões do mundo e á uma das medidas instituídas pelo presidente chinês Xi Jinping, que tem buscado lançar seu país como uma potência mundial ambientalmente responsável e prometeu atacar as mudanças climáticas.
No mercado financeiro, concorrentes do BTG também se lançam em iniciativas voltadas para a redução das emissões. O Itaú, por exemplo, anunciou no início de julho a criação de uma plataforma própria de compensação de carbono em parceria com os bancos internacionais Canadian Imperial Bank of Commerce (CIBC), National Australia Bank (NAB) e o Grupo NatWest.
O projeto piloto, que leva o nome de Project Carbon (Projeto Carbono), será lançado em agosto. O racional por trás do lançamento está em facilitar o acesso ao mercado de carbono voluntário com maior liquidez e adoção de protocolos internacionais para projetos de compensação.
A plataforma também vem para eliminar algumas barreiras como a falta de transparência em relação aos preços praticados pelos créditos de carbono e a liquidez desse ativo.
“Empresas de todo o mundo têm usado a compensação de carbono para colocar em prática suas estratégias de ação climática. O Projeto Carbono tem como objetivo apoiar um mercado global crescente de compensações de carbono de alta qualidade, com precificação e padrões claros e consistentes e proporcionará um caminho valioso em seus esforços para atingir o objetivo de Net Zero”, disse o Itaú, em nota.
Fique por dentro das principais tendências das empresas ESG. Assine a EXAME